Apocalipse:
para muitos um livro que guarda
mistérios impenetráveis. Para outros,
um livro cheio de histórias mitológicas
baseadas na imaginação ou crença
popular. Para Jesus Cristo, seu
Autor, um livro maravilhoso de abundantes
revelações sobre o futuro:
"Revelação de Jesus Cristo,
a qual Deus lhe deu para mostrar
aos seus servos as coisas que brevemente
devem acontecer... Bem aventurado
aquele que lê, e os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam
as coisas que nela estão escritas;
porque o tempo está próximo" (Apocalipse
1:1,3).
A
revelação de Jesus, formada
no Apocalipse,[a] não foi dada em linguagem direta, mas em
linguagem simbólica. Da mesma
maneira que o general do exército
envia instruções através do rádio
por meio de palavras em código,
a fim de que somente seus soldados
(que conhecem o significado) recebam
a mensagem. Jesus envia sua revelação
em código para garantir que a mensagem
chegue somente até os sinceros
seguidores de sua Palavra no
tempo do fim.O Senhor disse
ao profeta Daniel:
"...
Vai, Daniel, porque estas palavras
estão fechadas e seladas até o tempo
do fim. Muitos serão purificados,
e embranquecidos, e provados; mas
os ímpios procederão ímpiamente,
e nenhum dos ímpios entenderá,
mas os sábios entenderão"(Daniel
12:9-10).
Como
os sábios compreenderão? O Espírito
Santo concentrou na Bíblia
todo o conhecimento necessário para
o discernimento total de suas
profecias. Ninguém está autorizado
de se desviar da interpretação dada
pela Palavra de Deus. Ninguém está
autorizado a explicá-la segundo
seu critério ou ponto de vista pessoal:
"Sabendo
primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular
interpretação; porque a profecia
nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os santos de
Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo" (2 Pedro 1:20,21).
Ainda
que a Bíblia contenha em si mesma
a interpretação de seus símbolos,
é necessário que quem a leia discirna
espiritualmente.[b]
O que significa que todo aquele
que deseje compreender as profecias
deve procurar, em primeiro lugar,
achegar-se a Deus e fazer dele o
seu melhor amigo. Na realidade este
é o primeiro e mais importante passo,
assim afirma um dos mais grandes
reformadores de todos os tempos,
Martinho Lutero:
"Não
se pode chegar a compreender as
Escrituras, nem com o estudo, nem
com a inteligência; vosso primeiro
dever é pois começar pela oração.
Pedi ao Senhor que seja digno, por
sua grande misericórdia, conceder-vos
o verdadeiro conhecimento de sua
Palavra. Não há outro intérprete
da Palavra de Deus, que o mesmo
Autor desta Palavra, segundo
o que foi dito: `Todos serão ensinados
por Deus'. Nada espereis de vossos
estudos nem de vossa inteligência;
confia unicamente em Deus e na influência
de seu Espírito. Crê no homem que
experimentou isto".[c]
Podemos
concluir então, que o único meio
seguro para entender qualquer profecia
é pedir a Deus em oração com um
coração humilde e suscetível de
ser ensinado. Se deixarmos nosso
próprio critério de lado e permitirmos
que Deus nos fale através de
sua Palavra, nos assombraremos
da clareza daquilo que antes parecia
tão confuso e sem sentido.
O método que utilizaremos para identificar a besta será o mesmo
que Jesus Cristo utilizou ao explicar
suas profecias.[d] Este método consiste
em tomar a passagem que se quer
entender e compará-la com outras
que falem acerca do mesmo tema,
a fim de encontrar pistas e semelhanças
que nos permitam chegar a uma identificação
segura e clara.
No capítulo anterior vimos que todos aqueles que se unam à besta
em seu propósito de perseguir ao
povo de Deus, receberão a justa
retribuição divina.[e] De
onde surgiu esta besta? Deixemos
que a Bíblia por si mesma nos dê
a resposta:
1E eu pus-me sobre a areia do mar e vi subir do mar uma
besta que tinha sete cabeças e dez
chifres, dez diademas, e, sobre
as cabeças um nome de blasfêmia.
2E a besta que vi era semelhante
ao leopardo, e os seus pés, como
os de urso, e a sua boca, como a
de leão; e o dragão deu-lhe seu
poder, e o seu trono, e grande poderio.
3E vi uma de suas cabeças
como ferida de morte, e a sua chaga
mortal foi curada; e toda a terra
se maravilhou após a besta. 4E
adoraram o dragão que deu à besta
seu poder; e adoraram a besta, dizendo:
Quem é semelhante à besta? Quem
poderá batalhar contra ela? 5E
foi-lhe dada uma boca para proferir
grandes coisas e blasfêmias; e se
lhe deu poder para continuar por
quarenta e dois meses. 6E
abriu a boca em blasfêmias contra
Deus, para blasfemar do seu nome,
e do seu tabernáculo, e dos que
habitam no céu. 7E foi-lhe
permitido fazer guerra aos santos
e vencê-los; e se lhe deu poder
sobre toda tribo, e língua, e nação.
8E adoraram-na todos os que
habitam sobre a terra, esses cujos
nomes não estão escritos no livro
da vida do Cordeiro que foi morto
desde a fundação do mundo. 9Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
10Se alguém leva em cativeiro,
em cativeiro irá; se alguém matar
à espada, necessário é que à espada
seja morto... 14...à besta
que recebera a ferida de espada
e vivia. 18Aqui há sabedoria.
Aquele que tem entendimento calcule
o número da besta, porque é número
de homem; e o seu número é seiscentos
e sessenta e seis" (Apocalipse 13:1-10,14,18).[f]
Tendo
esta passagem como base, lhe convido
agora a tomar um papel e escrever
uma lista própria com todas as características
da besta que possa encontrar, coloque-as
uma abaixo da outra e deixe um espaço
suficiente na frente de cada uma
para escrever ali o que posteriormente
lhe mostrarei.
Pronto?
Depois deste primeiro passo você
deve ter obtido uma lista similar
a esta:
A besta sobe do mar (v.1).
Tem sete cabeças (v.1).
Tem dez chifres (v.1)
Tem características de outros três animais: um leopardo, um urso e
um leão (v.2).
Recebe o poder de outro animal: um dragão (v.2).
Tem boca que fala arrogâncias (v.5).
Blasfema contra Deus (v.6).
Blasfema contra o Tabernáculo (v.6).
Blasfema contra os que habitam no céu (v.6).
Receba autoridade para governar durante 42 meses (v.5).
Sua autoridade é sobre toda tribo, povo, língua e nação (v.7).
Faz guerra contra os santos e os vence (v.7).
Recebe finalmente uma ferida de morte (v.10).
Sua ferida é sarada (vs. 3,14).
Por
favor, leia estas características
quantas vezes for necessário para
familiarizar-se com elas, se possível,
repita-as até memorizá-las. Uma
vez feito isto, leia atentamente
o seguinte extrato dos capítulos
7 e 8 do livro do profeta Daniel,
tratando de encontrar o maior número
de semelhanças e escrevê-las no
espaço em branco que você deixou
na frente de cada enunciado de sua
lista. As marcações em itálico
acrescentadas ao texto lhe permitirá
encontrá-las com maior facilidade:
"3E quatro animais grandes,
diferentes uns dos outros, subiam
do mar. 4O primeiro era
como leão... 6Depois
disso, eu continuei olhando, e eis
aqui outro, semelhante a um leopardo...
tinha também este animal quatro
cabeças... 7Depois
disso.. e eis aqui o quarto animal[o
dragão], terrível e espantoso e
muito forte, o qual tinha dentes
grandes de ferro; ele devorava,
e fazia em pedaços, e pisava aos
pés o que sobejava; era diferente
de todos os animais que apareceram
antes dele e tinha dez pontas[chifres].
8Estando eu considerando
as pontas, eis que entre elas subiu
outra ponta pequena... 20...daquela
ponta, digo, que tinha olhos, e
uma boca que falava grandiosamente,
e cuja aparência era mais firme
do que a das suas companheiras.
21Eu olhava, e eis que essa
ponta fazia guerra contra os
santos e os vencia. 25E
proferirá palavras contra o Altíssimo,
e destruirá os santos do Altíssimo,
e cuidará em mudar os tempos e a
lei; e eles serão entregues nas
suas mãos por um tempo, e tempos,
e metade de um tempo" (Daniel
7:1-28).
"...9E
de uma delas saiu uma ponta mui
pequena, a qual cresceu muito
para o meio-dia, e para o oriente,
e para a terra formosa. 10E
se engrandeceu até o exército
dos céus... 11E se engrandeceu
até o príncipe do exército; e por
ele foi tirado o contínuo sacrifício,
e o lugar do seu santuário
foi lançado por terra. 12E
o exército lhe foi entregue, com
o sacrifício contínuo, por causa
das transgressões; e lançou a verdade
por terra; fez isso e prosperou.
24E se fortalecerá a sua força,
mas não pelo seu próprio poder;
e destruirá maravilhosamente, e
prosperará, e fará o que lhe aprouver;
e destruirá os fortes e o povo
santo. 25E, pelo seu
entendimento, também fará prosperar
o engano na sua mão; e, no seu coração,
se engrandecerá, e, por causa da
tranqüilidade, destruirá muitos,
e se levantará contra o príncipe
dos príncipes, mas, sem mão, será
quebrado" (Daniel 8: 1-27).
Impressionante,
verdade? A semelhança existente
entre os capítulos 7 e 8 de Daniel
com o capítulo 13 do Apocalipse
é evidente. Sem dúvida alguma, em
Daniel se encontram as chaves para
fazer a identificação da besta.
Compare agora seus achados com o
que aparece na continuação e tire
suas próprias conclusões:
Apocalipse 13:1 apresenta um animal que sobe do mar, Daniel 7:3
nos apresenta, não um, mas quatro
animais que sobem do mar.
Apocalipse 13:1 mostra um animal com sete cabeças; Daniel 7:6
nos mostra outro animal com a mesma
característica, ainda que com três
cabeças a menos que a primeira.
Apocalipse 13:1 e Daniel 7:7 falam sobre dez chifres.
Apocalipse 13:2 apresenta uma besta que têm traços tomados de um leopardo,
um urso e um leão;
Daniel 7:4-6 nos apresenta estes
mesmos três animais selvagens, não
como simples características, mas
como animais livres e independentes.
Apocalipse 13:2 mostra um dragão que entrega seu poder
à besta, Daniel 7:7,8 nos mostra
que o mesmo dragão(o quarto animal
terrível) dá seu poder ao chifre
pequeno, fazendo deste último tão
terrível quanto a besta que surgiu.
Apocalipse 13:5 nos diz que a besta tem boca que profere grandes
coisas; Daniel 7:20 nos apresenta
um chifre pequeno com uma boca
que falava grandiosamente.
Apocalipse 13:6 diz que a besta blasfema contra Deus; Daniel 7:25
e Daniel 8:11,25 dizem que o chifre
pequeno profere palavras contra
o Altíssimo e se levanta contra
o Príncipe dos príncipes.
Apocalipse 13:6 diz que a besta blasfemaria contra o tabernáculo;
Daniel 8:11 diz que o chifre pequeno
lança por terra o lugar do santuário.
Apocalipse 13:6 mostra a besta blasfemando contra os que habitam no
céu. Da mesma forma, Daniel
8:10 mostra o chifre pequeno crescendo
até chegar ao exército do céu.
Apocalipse 13:5 diz que a besta governará durante 42 meses; Daniel
7:25 diz que o chifre pequeno governará
durante o mesmo período: três
anos e meio.[g]
Apocalipse 13:7 mostra a besta tendo autoridade sobre toda a tribo,
povo, língua e nação; Daniel
8:9 mostra este mesmo poder territorial
ao dizer que o chifre pequeno cresceu
muito para o meio-dia, e para o
oriente, e para a terra formosa.
Apocalipse 13:7 diz que a besta faria guerra contra os santos [h] e os venceria; Daniel 7:21 e Daniel
8:24 mostram o chifre pequeno fazendo
guerra contra os santos, vencendo-os.
Levando
em conta o texto anterior podemos
concluir com certeza, que a besta
do Apocalipse 13 e o chifre pequeno
de Daniel, são representações equivalentes
a uma mesma entidade.
Não
se preocupe pela aparente
complexidade destes símbolos pois
nos próximos capítulos analisaremos
cada um deles de forma simples e
compreensível. À medida que avançarmos
em nosso estudo você se convencerá
que a profecia é fácil de entender
e que foi dada para ser compreendida
especialmente pelos mais humildes
e sinceros.
Conclusões:
O
seguinte resumo ajudará a clarear
na mente do leitor os principais
pontos deste capítulo:
O Apocalipse é uma mensagem em códigos que revela os eventos que
hão de acontecer no futuro. Esta
mensagem está expressada mediante
o uso de diferentes símbolos.
O Apocalipse é a revelação de Jesus Cristo. Portanto, de uma ou
outra maneira deve-se entender,
senão, não seria revelação.
A interpretação do Apocalipse não pode basear-se na suposição ou especulação,
num estudo cuidadoso das chaves
que Deus nos deixou em sua Palavra.
Não bastam inteligência nem estudos, o homem necessita de Deus e da influência
de seu Espírito para entender a
profecia sem se confundir.
As Escrituras mencionam a existência de mais de uma besta: leão, urso,
leopardo, dragão, etc.
As características da besta de Apocalipse 13 enviam nossa visão ao livro
de Daniel.
A besta de Apocalipse 13 e o chifre pequeno de Daniel 7 e 8 são representações
de uma mesma entidade.
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ao parágrafo que o enviou aqui.
[a] Apocalipse (Apokavluyi"). Palavra grega que literalmente significa
revelação. Léxicon Mejorado de Strong
(602).
[c]
D'Aubigné, livro 3, cap.
7. Citado em El Conflicto de
los Siglos, pág. 142.
[f]Os
números pequenos em negrito correspondem
aos versículos do capítulo em questão,
conforme estão registrados na Bíblia.
[g]
Versão Dios Habla Hoy.
A versão RVR95 traduz "tempo, tempos
e meio tempo" onde "tempo"=1, "tempos"=2.
Por tanto 1+2+½ =3 ½ tempos ou anos.
3
½ anos x 12 (meses por ano)= 42
meses
[h] O povo de Deus, sua igreja (Salmos 148:14; Atos 26:10, cf.
Atos 8:3).
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