Cap. 01 - A ARTE DE FALAR NA TV
Vera
Iris Paternostro
Em
termos gerais, autoridades e políticos não podem deixar de levar
em consideração suas aparições nos Telejornais - o poder desses
programas obriga-os a terem uma preocupação a mais, e constante,
nas suas atitudes do dia-a-dia.
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Em
termos gerais, também, autoridades e políticos estão despreparados
para aproveitar o potencial de credibilidade que uma participação
(entrevista coletiva, fala, presença, etc.) em um Telejornal
pode conferir.
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Uma
presença marcante dentro de uma espaço (matéria) nos Telejornais
pode se traduzir em pontos positivos, índices de aceitação e
(porque não?) em mudança de opinião do telespectador. Por outro
lado, a presença evasiva e inconsistente pode prejudicar mais
do que a ausência no espaço dos Telejornais. É, como se diz:
"faca de dois gumes" e mais até, porque a Televisão trabalha
como som e imagem simultaneamente e, sem dúvida, faz deles o
seu grande trunfo.
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A
câmera e o microfone despertam, quase sempre, uma certa insegurança
no entrevistado, na medida em que ele, entrevistado, terá o
rosto e a voz gravados na fita de vídeo que irá no ar. além
disso, câmera e microfone revelam com uma nitidez incomparável
o desempenho do entrevistado e o desenvolvimento do raciocínio
no momento de explicar um fato ou tomar uma posição. Todos sabemos
que as pessoas, em geral, se preocupam com suas aparições em
público, e isto fica muito mais evidente no caso da Televisão.
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Os
nossos Telejornais têm por regra da espaço limitado às falas
dos entrevistados. Diz-se que, nos telejornais americanos se
um entrevistado não consegue dar seu recado em 15 segundos,
ele vai ser, inevitavelmente, "cortado" da matéria ou terá sua
resposta "editada", para ficar dentro do limite. Nos nossos
Telejornais, esses espaço é um pouco maior - entre 20 a 40 segundos.
em casos excepcionais pode ficar acima desse limite. de qualquer
forma, uma fala para TV requer uma duração ideal, onde o entrevistado
deve esgotar o seu assunto, com começo, meio e fim.
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O
que se nota, constantemente, é que nem sempre isso acontece
e, na maioria das vezes, o próprio entrevistado se esquece disso.
Não é um detalhe: é um fundamento básico para que a sua fala
seja aceita e principalmente, assimilada pelo telespectador.
Com certeza, fazer-se entender deve ser o principal objetivo
de quem falar para a TV!
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Falar
na televisão - e se fazer entender - não é um bicho de sete
cabeças. Mas é, muitas vezes, cruel e fatal. A força, a emoção,
o conteúdo, a hesitação, o nervosismo, a verdade e a mentira
se ampliam e repercutem de forma dinâmica e excepcional.
-
Não
existe uma fórmula mágica para se encontrar a forma de dizer
o que se tem para falar. O que existe - e pode ser relacionado
- são algumas determinações de como dizer, numa tentativa de
readaptar os conceitos preconcebidos de cada um. Assim, vejamos:
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O
que não é bom:
- falar difícil, rebuscado ("moradores sob a égide dos traficantes").
- começar a entrevista com evasivas (hesitar).
- não concluir o raciocínio.
- falar sem definições.
- usar termos técnicos ("meso e microdrenagem").
- usar termos específicos do meio de trabalho ("o crime tem
sempre um móvel").
- ser redundante - repetir a mesma idéia de forma diferente.
- falas longas, com muitos exemplos e "vírgulas".
- cometer erros gramaticais.
- usar gírias e/ou palavras estrangeiras.
- usar frases de efeito (chavões).
- ser demagogo (tentar "enrolar" o telespectador).
- ler algum papel-lembrete enquanto fala.
- falar de forma irreverente.
- falar de forma autoritária ("prendo e arrebento").
- abaixar o olhar enquanto fala.
- deixar o olhar perdido.
- "falar sem parar", emendando frases e assuntos.
- usar palavras de sentido duplo ("havia infiltrações na Polícia").
- inflamar-se, exagerar nos gestos e nas expressões do rosto.
- perder-se em considerações - iniciais e finais - além do
tema principal.
O
que é bom:
- usar palavras simples, readaptar o vocabulário.
- usar a linguagem coloquial, de conversa.
- falar com clareza e objetividade.
- ser conciso e sintético.
- usar a forma direta.
- ser acessível.
- concluir o pensamento.
- aproveitar a entrevista para se tornar próximo do telespectador.
- falar no que acredita para passar credibilidade e confiança.
- ter conhecimento do que está falando.
- falas curtas e abrangentes (esgotar o tema em pouco tempo).
- olhar para a câmera (e não para o microfone) para a qual
está falando - eventualmente olhar para o repórter. Se tiver
mais do que uma câmera, procurar olhar um pouco para cada
uma - pois cada uma representa um telespectador diferente.
- falar todas as palavras com todas as letras (não comer palavras
e principalmente final da frase).
- terminar a fala e permanecer olhando para a câmera por alguns
poucos segundos a mais.
- usar termos preciso (exatos) para definir alguma coisa.
- criar interesse no que está falando.
- ser prudente (não falar além do que deve).
- manter a postura.
- justificar o ponto principal mas não se alongar em argumentações.
- estar atento à pergunta do repórter.
- se posicionar com clareza, quando tiver que fazê-lo.
- usar comparações que possam ajudar a esclarecer (evitar
confundir o telespectador).
- transmitir informações consistentes.
- criar empatia com o público.
- ser contundente, quando necessário.
- demonstrar com o olhar o que está sentindo.
- falar com firmeza.
- usar um tom de voz adequado (não falar para dentro, baixinho,
como se estivesse resmungando).
- procurar se sentir à vontade diante da câmera e do microfone.
Vale
ressaltar que o hábito tornará o entrevistado mais familiarizado
com a Televisão. E, vale lembrar que tudo que vai ao ar na
TV é efêmero, é esquecido muito rapidamente por quem assiste
- até por causa das próprias características de imediatismo
e contemporaneidade do veículo. Mas, a presença no espaço
dos Telejornais pode ter rendimento máximo quanto mais se
assimilar os meios e os métodos. A presença no espaço dos
Telejornais pode ser infinita, enquanto dure...
Compilação
Pr. Irineu E. Kock
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