Este tipo de teoria funcional certamente fomenta na atualidade muitos descobrimentos
sensacionais. Temos de procurar entrar nos efeitos e reações
de ordem espiritual e anímica. Talvez então
possamos ter uma visão completada alimentação.
Conhecemos hoje cada vez melhor que toda a nossa vida corporal,
espiritual e intelectual está totalmente influenciada
pela composição e preparação dos
nossos alimentos.
Nos que consumimos ocultam-se energias insuspeitadas. A vida sã tem, como
tudo aquilo que é bom, belo, verdadeiro e culto, uma forma e uma norma. O seu
respeito é obrigatório na nossa alimentação.
Toda a nossa vida, com todas as suas manifestações fisiológicas,
psicológicas e intelectuais, desenvolve-se sobre a matéria e as substâncias que
introduzimos no nosso organismo e que literalmente assimilamos. A transformação
desenvolvida com rapidez inconcebível dos materiais e das energias do nosso
corpo é um dos sintomas de vida. Sabemos que a mudança de matérias se efetua com
tal velocidade que fica absolutamente renovada em dois ou três anos.
Encontramo-nos aqui perante um mistério da criação. O material, ao fim de poucos
anos, já não é o mesmo, embora o corpo, com as suas características e traços
próprios, seja o mesmo, de modo que ao cabo de muitos anos reconhecemos, sem
mais nada, a mesma pessoa, apesar dos materiais de que é composta terem sido
mudados na sua totalidade. Não é, portanto, o material o essencial no ser
humano, mas sim aquilo que não é matéria, a forma em que cada mudança representa
o permanente.
Contudo, não nos podemos recusar a reconhecer no material o lugar que lhe
corresponde, e também sabemos que o nosso organismo é algo mais do que um
simples laboratório químico que transforma noutras formas de energia os
materiais nele introduzidos, para continuar a dar impulso à «máquina humana».
Finalmente, não podemos deixar de citar algo que faz parte de toda a
alimentação civilizada: a ação de graças dada ao Criador de todas as graças, na
forma de oração, que ao mesmo tempo significa um momento de íntimo recolhimento.
Ninguém pode pôr em dúvida o que certo palaciano declarava aos seus comensais,
que o alimento se torna mais suportável ao nosso corpo quando se come com a consciência limpa.
A nossa alimentação não serve apenas para a conservação da saúde, o
estado original e desejado por Deus para o homem, mas também nos dias da doença,
cuja natureza e termo nos são desconhecidos, pressupõe uma força paliativa
auxiliar e curadora. É intimamente satisfatório perceber essa força e saber onde
tem a sua origem.
Fim do Capítulo 17