No que diz respeito aos objetivos deste livro, achamos que devemos
incluir neste capítulo todas as «amoras», cujos frutos pretos, comestíveis, têm
propriedades semelhantes às do Rubus fructicosus. Esta espécie
dificilmente se diferencia de outras muito afins, como Rubus discolor,
R. thyrsoideus, R. amoenus que, com o Rubus caesius, são muito
freqüentes na Península Ibérica, apresentando vários nomes, conforme as regiões.
Aparece sobretudo nas orlas dos bosques, dos prados, nas sendas das
montanhas e colinas.
Cortam-se as folhas com o talo, à tesoura, e deitam-se numa cesta.
Retiram-se as folhas descoradas. Colocam-se o mais depressa possível numa camada
fina no solo para secar, guardando-as depois em sacos. O produto elaborado tem a
cor das folhas frescas já maduras.
Depois recolhem-se uma a uma as amoras e colocam-se em cestos de modo que
não fiquem apertadas. Os frutos têm um agradável sabor ácido.
Para cultivo são menos apropriadas as amoras silvestres do que as formas
mistas obtidas por cruzamentos. Os arbustos não exigem grandes condições, quanto
ao solo, mas preferem o calor. Plantam-se em filas à distância de 1,50 m e
apóiam-se em estacas atando os ramos tenros e podando no outono os ramos velhos.
Consegue-se a multiplicação mediante rebentos debaixo de vidro ou enterrando as
pontas verdes dos renovos em terra mole.
Composição -- As folhas contêm tanino, ácidos orgânicos,
especialmente láctico, resinas, pigmentos e pectina. O óleo de amoras contém como
componente essencial um óleo de cor verde-amarelada escura, que
em plena luz dá uma fluorescência vermelha, com glicéridos dos ácidos em pequenas
quantidades, assim como ácidos gordurosos saturados, sobretudo ácido palmítico.
A cor do óleo é devida ao conteúdo de clorofila.
Valor Como Planta Medicinal -- Como portadoras de
tanino, as folhas das amoreiras têm qualidades antidiarréicas e
antiinflamatórias. Recomenda-se o emprego de infusões nos casos de irritações
catarrais e inflamações das vias gastrintestinais, diarréias, inflamações do
intestino grosso e hemorróidas. Nos catarros das vias respiratórias, assim como
nos fleimões e inflamações das gengivas, empregar um cozimento de folhas de
amoreira para gargarejos.
Usos Como Alimento -- A amora emprega-se para infusões que
substituem o chá na vida familiar. Mediante a fermentação obtém-se das folhas um
bom substituto do chá: 2 partes de folhas de amoreira e 1 parte de folhas de
framboeseiro; depois de secas e um pouco prensadas, regam-se com água e envolvem-se num
pano, deixando-as durante dois ou três dias num lugar quente. A fermentação produz um aroma
semelhante ao das rosas. Perdem-no quando secam; mas podem conservá-lo, se forem guardadas num
recipiente de lata, estando ao ar. Esta infusão constitui uma bebida aromática
para o desjejum.