Estimado leitor, o livro : "O Selo de Deus na Lei" foi escrito para ser compreendido mediante uma leitura seqüencial e ordenada. Não é recomendável ler um capítulo sem haver entendido plenamente todos os anteriores, pois isto poderá ocasionar confusão e preconceitos desnecessários. |
Capítulo
36 - A Vitória da Igreja e as Duas Grandes Ceias |
Apocalipse 19 Costumes Matrimoniais no Oriente. Este explodir de júbilo é uma das mais sublimes passagens de toda a Escritura. Para entendermos melhor isto, devemos analisá-lo na situação de um casamento de acordo com os antigos costumes do Oriente. Em primeiro lugar, havia os esposais, considerados mais um ato do que o "compromisso" de nosso costume ocidental. A seguir, dava-se o pagamento do dote de casamento, uma parte importante do contrato. Após isto, vinha o período de preparação pessoal da parte da noiva, enquanto o noivo preparava a casa. O casamento não era realizado na igreja, como estamos acostumados, mas era uma cerimônia singela em que o noivo dava um reconhecimento público de seu direito à noiva. Isto era realizado ao lançar ele sua capa ao redor do ombro da noiva, enquanto o acompanhamento se deslocava ao longo da estrada em que a festa nupcial devia ser realizada. A festa nupcial, ou ceia das bodas, era um acontecimento espetacular, durando, às vezes, dias e mesmo semanas. O pai do noivo providenciava essa festa, e esta era costumeiramente realizada na casa do pai. Era uma ocasião de honrar a seu filho e, no caso de um casamento real, o rei às vezes dava um banquete a uma cidade ou a toda província, em homenagem ao jovem casal, como um sinal de afeição e honra. Este regalo, costumeiramente se realizava antes do casamento. Quem é a Esposa? Em Apocalipse 21:9 e 10 a esposa é claramente definida como sendo a Santa Cidade, a Nova Jerusalém. Em outros textos, porém, é a igreja chamada "esposa". No Apocalipse, a esposa é mencionada como ataviada em "linho fino, puro e resplandecente, sendo isto chamado "a justiça dos santos" - uma figura dificilmente aplicável a uma simples cidade material. (Apocalipse 19:8).
Paulo chama a Jerusalém celestial "a mãe de todos nós". (Gálatas 4:26). Assim ele compara a igreja aos filhos da esposa. Nosso Senhor faz o mesmo quando fala de Seu povo como "os filhos das bodas". (Marcos 2:19). Em Suas parábolas, Ele assemelha a igreja a convidados a um banquete (Mateus 22:11), noutra ocasião, comparou-a a "dez virgens", ou damas de honra (Mateus 25:1). Essas diferentes ilustrações são usadas para ensinar lições importantes. Não se trata de contradição. É antes um novo modo de revelação divina. Precisamos delas para ter uma idéia completa do quadro. Desde o início da história humana, Deus tem procurado súditos para Seu reino. Quando Adão pecou, Satanás, o sedutor do homem, reivindicou os reinos deste mundo. Mas, na "plenitude dos tempos", Deus mesmo veio na pessoa de Seu Filho "para buscar e salvar o que se havia perdido", e pelo sacrifício de Sua própria vida, o Filho recuperou a posse perdida. Ele é o Redentor ou o Resgatador celestial. E não devemos esquecer nunca que "Deus estava com Cristo, reconciliando consigo o mundo". (II Coríntios 5:19). Antecipando o tempo em que o reino será de novo restaurado em favor da raça perdida, Deus, através de todos os séculos, tem estado a chamar os homens para que deixem os seus pecados e entrem em associação com Ele. Nas Escrituras, o relacionamento entre Deus e Seu povo tem sido muitas vezes ilustrado pela relação entre marido e mulher.
A mais bela ilustração desta revelação do amor de Deus por Seu povo, no entanto, encontra-se na história de Abraão enviando seu servo para procurar uma esposa para Isaque, seu filho. (Gênesis 24). Quando Deus chamou a nação de Israel, falou disto como de um noivado. "Desposar-te-ei em justiça", Ele disse. (Oséias 2:19). Alguns separam esses textos, procurando aplicá-los tanto a Israel como nação, como à igreja à parte de Israel, dependendo do ponto de vista particular do interpretador. Deus sempre teve uma só igreja - formada de todas as nações e reunida como um todo de cada geração de homens. Em Atos 7:38, lemos sobre a igreja no deserto". Esta igreja era definitivamente composta daqueles a quem Moisés tirou do Egito. Eram parte da verdadeira igreja de Deus, igreja esta que existe desde os dias de Adão. Por esta esposa, ou igreja, o Esposo celestial pagou um dote muito mais valioso do que ouro ou pedras preciosas. Este dote foi o Seu próprio sangue, por Ele voluntariamente derramado. Após Seu sacrifício, veio o intervalo de separação, quando Ele voltou para a casa de Seu Pai, tempo durante o qual a esposa devia preparar-se. Ela devia ser vestida de "linho fino, puro e resplandecente", que é "justiça dos santos". (Apocalipse 19:8; Apocalipse 7:13). Enquanto a noiva se prepara, o Noivo está-lhe preparando um lugar. "Vou preparar-vos lugar", Ele disse: "E se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e voz levarei para Mim mesmo." (João 14:2 e 3). Oh, bendita recepção, quando formos chamados para o Seu lado! Em Cristo fomos escolhidos desde a eternidade. (Efésios 1:4; II Timóteo 1:9). Ao longo de todas a dispersão do Velho Testamento, as bodas têm sido anunciadas. Quando o Filho de Deus assumiu nossa carne, ela teve sua efetivação. Quando Ele Se sacrificou no calvário, o dote foi pago. Desde que Ele ascendeu ao Céu, a esposa tem estado a preparar-se, e o Esposo a preparar-lhe um lar - a Nova Jerusalém. Logo Ele virá e a chamará para que ocupe o lugar para ela preparado. Antes que Ele deixe as cortes de glória, depois de haver concluído Sua intercessão, virá perante o Pai, o Ancião de Dias, sendo-Lhe aí dado o "domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem." (Daniel 7:13 e 14). Então é feito o anúncio: "Alegremo-nos, e regozijemo-nos, e demos-Lhe glória, porque são vindas as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou." (Apocalipse 19:7).
Não admira que os ímpios se assombrem, que os não preparados habitantes da Terra fujam para as rochas e as montanhas, pedindo para serem escondidos "da face dAquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro!" (Apocalipse 6:16). Em contraste com isto está a expectante esposa - a igreja. A promessa é: "Bem-aventurado os que são chamados para as bodas do Cordeiro." (Apocalipse 19:9). Quando o Esposo vier, Ele tomará o Seu povo e conduzirá de volta ao reino de Seu Pai, onde participarão da ceia das bodas. Olhando para esse tempo, Jesus disse: "Não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai." (Mateus 26:29). Quando Ocorrem as Bodas? Terminado Seu ministério intercessório, Jesus vem perante o "Ancião de Dias" para receber o reino e o domínio pelos quais morreu. (Daniel 7:13). Isto representa, na realidade, as bodas do Cordeiro, e ocorre antes que Ele volte à Terra para buscar os Seus santos, os quais arrebatados para encontrá-Lo, são então levados para "as bodas do Cordeiro" na casa do Pai. (Apocalipse 19:7 a 9). Jesus disse: "Estejam cingidos os vossos lombos e acessas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor quando houver de voltar das bodas." (Lucas 12:35 e 36) - Ver Primeiros Escritos, págs. 55, 251 e 280; O Grande Conflito, págs. 426 a 428. Os expectantes santos são a esposa para quem Ele volta. O reino e os súditos do reino são uma coisa só. Como convidados, eles vão para a festa de bodas; como a esposa, partilham os presentes nupciais outorgados pelo Pai como sinal de Sua afeição quando "o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu, serão dados aos santos do Altíssimo." "Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino." Maravilhosa possessão! Vem depressa, grande dia de Deus! Uma Segunda Ceia. Os versos finais do capítulo 19 trazem à cena outra ceia. Não é uma festa nupcial de alegria e vitória como a que se celebra quando os justos entram à presença do Pai, mas é a trágica ceia das aves de rapina que vêm alimentar-se da carne dos ímpios, esses que, havendo rejeitado o convite para a ceia das bodas do Cordeiro, são destruídos pelo resplendor da presença de nosso Senhor. Os dias em que vivemos são dias de preparo. Enquanto o povo de Deus está se preparando para encontrar o seu Senhor em paz, as nações da Terra preparam-se para a guerra e o derramamento de sangue. Aqui está o chamado que sai para as nações: "Santificai uma guerra; suscitai os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra." (Joel 3:9). O slogan de nossos dias parece ser: Fale de paz, mas prepare-se para a guerra. Certamente a seara está pronta para a ceifa. Um Abrigo Seguro. Logo, a besta e o falso profeta - os dois grandes sistemas de engano - serão finalmente lançados no fogo consumidor de Deus (Apocalipse 19:20), e os ímpios, por tanto tempo ousados e desafiadores, serão então destruídos "pelo resplendor de Sua vinda". Trazidos de medo, os ímpios vêem o Senhor vindo em majestade e poder, e correm para os abrigos das rochas e para o topo das escarpadas montanhas, por temor do Senhor e da glória de Sua majestade, "quando Ele Se levantar para sacudir terrivelmente a Terra". Palácios altivos e edifícios considerados à prova de fogo, derreterão como piche. A única coisa que resistirá nesse dia será o caráter piedoso. Foi o caráter e a experiência cristã o que faltou as virgens loucas da parábola do Mestre. (Mateus 25:1 a 8). Deus diz:
Do trono de Deus, ouve-se uma voz, dizendo: "Louvai o nosso Deus, vós, todos os Seus servos." (Apocalipse 19:5). A palavra "trono" ou "assento" [lugar para sentar-se], ocorre 50 vezes neste livro, 37 vezes referindo-se ao trono de Deus, e 13 vezes ao trono de Satanás. Assim, temos uma guerra entre tronos e os reis que eles representam. Em face ao trono de Deus, o Seu caráter é vindicado e os propósitos do pecado são expostos. Quando o grande juízo se encerra, dois anúncios ecoam do trono, o primeiro: "Está Feito!" E então: "Eis que venho sem demora!"
Roy A. Anderson, Revelações do Apocalipse, 2.ª ed., 1988, pág. 203 |
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