O juízo universal |
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No
livro do Apocalipse encontramos o anúncio de um juízo. Um
juízo universal e de conseqüências eternas. Um dia Lúcifer
disse que estava certo e Deus, errado. O Criador deu-lhe
o tempo necessário para provar a validade de suas acusações
e para esclarecer qualquer dúvida na mente das criaturas.
Mas, finalmente, chega o dia em que todas as acusações e
seus resultados devem ser julgados.
No
capítulo 14 de Apocalipse, o apóstolo João nos leva a contemplar
essa cena crucial do grande conflito entre o bem e o mal.
"Vi outro anjo" - diz o profeta - "voando pelo meio do céu,
tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam
sobre a terra, e a cada nação, tribo, língua, e povo." (Apocalipse
14:6). |
- Quem
é esse anjo e a quem simboliza?
Ao
longo de todo o livro do Apocalipse são mencionados muitos anjos.
Dessa vez João vê outro anjo. Este "anjo" ou "mensageiro" representa,
segundo os comentaristas bíblicos, "os servos de Deus empenhados
na tarefa de proclamar o evangelho".1 Afinal de contas, a missão de pregar o evangelho foi dada por Jesus
aos discípulos antes de o Mestre partir." (Marcos 16:15 e 16). Quer
dizer que, hoje, existe neste mundo um povo especial, com uma mensagem
especial para ser dada aos moradores da Terra.
A mensagem que essas pessoas proclamam
é a seguinte: "Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora
de Seu juízo." (Apocalipse 14:7). Essa mensagem é de suma importância
porque é o anúncio do dia do acerto de contas: finalmente chegou
a hora do julgamento. Quando o juízo findar, todo o Universo saberá
sem sombras de dúvidas quem estava com a razão: Satanás ou Cristo.
Lá nos céus, muito tempo atrás, Lúcifer acusou a Deus de ser tirano,
arbitrário e cruel. Acusou-O de estabelecer princípios de vida que
nenhuma criatura poderia cumprir e, portanto, de não merecer mais
adoração nem obediência. Mas agora chegou o momento do veredicto
final. A História encarregou-se de acumular as provas. Os livros
serão abertos, e o juízo começará.
A Bíblia
está cheia de afirmações que confirmam a existência de um juízo
para a raça humana. Observe algumas delas:
- "Porque
Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas,
quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes 12:14)
- "Porquanto
[Deus] estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça..."
(Atos 17:31)
- "Porque
importa que todos nós compareçamos ante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito por
meio do corpo." (II Coríntios 5:10)
Mas
a grande pergunta é: Quando acontece o juízo? Como saber o tempo
exato em que esse julgamento terá início? Se nosso destino eterno
está em jogo, não deveríamos preocupar-nos por estudar a profecia
a fim de estar preparados para aquele dia?
Dia do juízo
Para
compreender as profecias do Apocalipse é preciso conhecer bem o
Velho Testamento. Isso porque, no Apocalipse, muitos detalhes proféticos
do Velho Testamento cobram sentido. No Apocalipse está o maravilhoso
final da história que começa no Gênesis. Portanto, para saber quando
começa o juízo que o Apocalipse menciona, é preciso rever, na história
bíblica, quando se realizava o juízo em Israel, o povo de Deus no
Velho Testamento.
Segundo
o Mishná, que é a coleção dos escritos judeus, o juízo de Israel
começava no primeiro dia do sétimo mês, com a Festa das Trombetas,
e terminava no décimo dia, com a Cerimônia da Expiação. Até hoje
esse dia é denominado "Yom Kippur", que significa
literalmente "dia do juízo".2 Nesse dia, cada verdadeiro israelita renovava sua consagração a
Deus e confirmava seu arrependimento, ficando, assim, perdoado e
limpo. (Levítico 16:30)
Nesse
dia, também, o sumo sacerdote de Israel efetuava a limpeza ou purificação
do santuário, com sacrifícios de animais. Note agora o que a Bíblia
diz a esse respeito: "Era necessário, portanto, que as figuras
das coisas que se acham nos Céus se purificassem com tais
sacrifícios; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios
a eles superiores. Porque Cristo não entrou em santuário feito por
mãos, figura do verdadeiro, porém, no mesmo Céu,
para compadecer, agora, por nós, diante de Deus." (Hebreus 9:23
e 24).
Um santuário no Céu e o juízo
Se
você analisar com cuidado essa declaração bíblica, chegará
à conclusão natural de que existe um Santuário lá nos
Céus e que o santuário terreno do povo de Israel era
apenas uma figura do verdadeiro que está nos Céus.
Bom, se o dia da purificação do santuário de Israel era
o dia do juízo para aquele povo, está claro que o dia
da purificação do Santuário Celestial será também o dia
do juízo da humanidade. Mas quando acontecerá isso? Se
descobrirmos essa data, teremos descoberto a data do início
do julgamento do planeta em que vivemos. Não é fascinante? |
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Agora
vem algo que surpreende: a Bíblia contém uma profecia
quase desconhecida pela humanidade (se você tiver uma
Bíblia em casa, é só conferir). Essa profecia esta registrada
em Daniel 8:14, e diz assim: "Até duas
mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado."
Essa profecia não pode se referir à purificação do santuário
de Israel, porque essa purificação era realizada a cada
ano. Aqui está falando necessariamente da purificação
do Santuário nos Céus. E isto é confirmado pela própria
Bíblia (Hebreus 9:25 e 26). Isso que dizer que, se descobrimos
quando termina essa profecia, teremos descoberto o dia
da purificação do Santuário Celestial, ou seja, o dia
do juízo dos seres humanos. |
Em
primeiro lugar, é preciso ter em mente que, em profecia,
um dia equivale a um ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6
e 7). Para saber, então, quando termina esse período de
dois mil e trezentos anos é preciso saber quando ele começa.
Essa profecia foi revelada ao profeta Daniel com a seguinte
advertência: "A visão da tarde e da manhã é verdadeira.
Tu porém cerra a visão porque se refere a dias mui distantes."
(Daniel 8:26). E Daniel acrescenta: "Eu, Daniel, desmaiei,
e estive enfermo alguns dias... E espantei-me acerca da
visão, pois não havia quem entendesse." (Daniel 8:27). |
Enquanto
Daniel orava pedindo que Deus lhe revelasse o significado da profecia,
o anjo apresentou-se novamente ao profeta, dizendo: "No princípio
das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim para to declarar, porque
és mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão... Sabe
e entende, que desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém até o Ungido, o Príncipe, haverá sete semanas e sessenta
e duas semanas... E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana;
e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício." (Daniel 9:23
a 27).
Nesse
texto estão contidos dados necessários para entender a profecia.
Com essa declaração bíblica podemos estabelecer o seguinte diagrama:
(primeiro leia os pontos explicativos e depois olhe para o diagrama).
- Perceba
que o período profético de 2300 anos começa quando saiu "a ordem
para restaurar e edificar Jerusalém". (Daniel 9:25; Esdras 7:7
e 11; Esdras 7:21 e 22). E a História registra que essa ordem
foi dada pelo rei Artaxerxes, da Pérsia, no ano 457 a.C. Este
é, então, o ano do início do período profético.
- A
profecia diz que, do ano 457 a.C. "até o Ungido Príncipe" (ou
seja, o batismo de Jesus), haveria "sete semanas e sessenta e
duas semanas". Esse total de 69 semanas, em linguagem profética,
equivale a 483 anos, o que nos leva ao ano 27 d.C., data em que
historicamente realizou-se o batismo de Jesus. Até aqui a profecia
tem-se cumprido com exatidão.
- A
profecia fala de uma semana a mais (sete dias proféticos = sete
anos), que nos leva do ano 27 d.C. até o ano 34 d.C., quando o
apóstolo Estevão foi apedrejado pelo povo judeu e, com isso, o
tempo de Israel estava acabado. "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo" (Daniel 9:24), tinha dito
o anjo ao explicar a profecia para Daniel. Isso também se cumpriu
com exatidão.
- A
profecia afirma que, na metade dessa última semana - que nos leva
ao ano 31 d.C. - "fará cessar o sacrifício". Noutras palavras,
Jesus morreria na cruz e já não seria mais necessário o sacrifício
de animais que Israel realizava. A História registra que, exatamente
no ano 31 d.C., Jesus foi morto, e você pode ver mais uma vez
como a profecia se cumpriu de maneira extraordinária.
- Até
aqui, tudo aconteceu como estava previsto. A profecia foi dada
a Daniel por volta do ano 607 a.C. e, séculos depois, tudo se
cumpriu ao pé da letra.
- Agora
me acompanhe no raciocínio. Se, depois do período de 70 semanas
(490 anos) continuarmos contando o tempo, concluiremos que o período
de 2300 anos termina em 1844. Quer dizer que, naquele ano, segundo
a profecia, o Santuário Celestial seria purificado, ou seja, começaria
o grande julgamento da raça humana.
- 457
a.C. - Emissão da ordem para reconstruir Jerusalém (Esdras
7:11 e 12).
- 408
a.C. - Jerusalém reconstruída e o Estado judeu restaurado.
- 27
d.C. - Batismo de Jesus (Mateus 3:13 a 17).
- 34
d.C. - Morte de Estevão (Atos 7:54 a 60); a Igreja é
perseguida (Atos 8:1 a 3) e o Evangelho é levado aos gentios (Atos
13:44 a 48).
- 1844 - Início do Juízo Investigativo (Daniel 8:14; Apocalipse 3:7 e
8).
Vivendo em pleno juízo |
Isso
é algo surpreendente e de solene significado. A humanidade não pode
viver este milênio sem saber que o juízo divino começou. Este não
é um assunto para o futuro. Segundo a profecia, foi a partir de
1844 que o destino dos homens começou a ser definido, e milhões
de pessoas no mundo ignoram essa verdade. Por isso o Apocalipse
declara que era necessário levantar-se um anjo "voando pelo meio
do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam
sobre a terra, e a toda nação, tribo, língua, e povo, dizendo em
grande voz: temei a Deus e dai-Lhe glória, pois "É CHEGADA A HORA
DE SEU JUÍZO".
Perceba
que o anjo voa. Isso é urgente. Voar significa rapidez. Não há mais
tempo a perder. Perceba que a mensagem é dada em alta voz. Isso
não pode ser ignorado por mais tempo. Precisa ser proclamado em
toda a Terra e para todos os seres humanos. E, finalmente, perceba
que este evangelho é eterno. Não é nada novo; algo que foi inventado
por alguém. Trata-se da história do maravilhoso amor de Deus pelos
seres humanos.
Infelizmente, o juízo, por algum motivo,
é mal compreendido pela humanidade. Muitos confundem o juízo divino
com os flagelos e catástrofes que acontecerão antes da volta de
Cristo, e que também estão profetizados no Apocalipse. Só que aqueles
flagelos são parte da sentença. Eles são resultado do juízo. Não é juízo. A prisão ou pena de morte, por exemplo, não
é o juízo da pessoa, mas a condenação. Juízo é o processo pela qual
se considera o caso: existe um juiz, um advogado, um promotor de
acusação, testemunhas e provas.
Veja
como o profeta Daniel descreve o juízo celestial: "Continuei olhando,
até que foram postos uns tronos, e o Ancião de dias Se assentou;
Sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a
lã pura... um rio de fogo manava e saía de diante dEle. Milhares
e milhares O serviam, e miríades e miríades estavam diante dEle;
assentou-se o tribunal, e se abriram os livros." (Daniel 7:9 e 10)
Note, aí estão o Juiz e também os livros.
Agora
confira como o juízo é descrito pelo Apocalipse: "E olhei, e eis
não somente uma porta aberta como também a primeira
voz que ouvi dizendo: sobe para aqui, e te mostrarei o que deve
acontecer depois destas coisas." (Apocalipse 4:1). Depois de que
coisas? Depois que a porta for aberta, claro. E
quando é que a porta foi aberta?
Uma porta aberta em 1844
No
santuário de Israel, a porta que levava do lugar santo ao lugar
santíssimo, era aberta a cada ano, no Dia da Expiação (que era o
dia do juízo). Com relação ao Santuário Celestial é dito que:
- "Pois
Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro,
mas no próprio Céu, para agora comparecer por nós perante a face
de Deus; nem também para Se oferecer muitas vezes, como o sumo
sacerdote de ano em ano entra no santo lugar com sangue alheio.
Ora, neste caso, seria necessário que Ele tivesse sofrido muitas
vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem
os tempos, Se manifestou uma vez por todas, para aniquilar,
pelo sacrifício de Si mesmo, o pecado." (Hebreus 9:24 a 26)
Que
dizer que, em 1844, a porta entre o lugar santo e o lugar santíssimo,
lá nos Céus, abriu-se para que Jesus pudesse iniciar a purificação
do Santuário. E quando essa porta se abriu, veja o que João viu:
- "Imediatamente,
eu me achei no espírito, e eis armado no Céu um trono, e no trono
alguém sentado." (Apocalipse 4:2).
Depois,
João descreve a cena ao longo de todo o capítulo quatro de Apocalipse.
Ali são mencionados: o trono de Deus, rodeado de querubins; um arco-íris
em cima do trono; e, em volta, 24 pequenos tronos onde se assentam
24 anciãos, que declaram: "Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de
receber a glória, a honra e o poder." (Apocalipse 4:11).
Não são semelhantes essa declaração
e a do anjo de Apocalipse 14, que proclama: "Temei a Deus e dai-Lhe
glória, pois é chegada a hora de seu juízo"? Anjos no Céu e homens
na Terra confirmam que a glória pertence a Deus, porque alguém quer
usurpar essa glória. Depois de descrever a cena, João continua:
"Vi na mão direita dAquele que estava sentado no trono, um livro
escrito por dentro, e por fora selado com sete selos."
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Está
montada a cena. O tribunal está instalado. Segundo a profecia
isso aconteceu em 1844 e, no presente momento, a humanidade
está sendo julgada. Qual é o assunto em pauta? Qual é a acusação?
Quais os argumentos? Quem é o acusador? Quem é o Advogado
de defesa? Quem são as testemunhas? E quem é o Juiz? A cortina
vai cair e o conflito dos séculos será desvendado. |
Alejandro
Bullón, O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse,
1.ª ed., 1998, pág. 29.
Para saber mais sobre: O Princípio do Dia
Profético dos 2300 anos.
1. Seventh-Day Adventist Bible Comentary, vol.7, pág.
827.
2. The Jewish Encyclopedia, vol. 2, pág. 281.