1.ª - O sábado foi instituído e oferecido ao homem como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: "O sábado foi feito em contemplação ao homem." O sentido
evidente é que o sábado foi instituído para o bem-estar físico,
moral e espiritual das criaturas humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu benefício, uma benção
grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia levar à conclusão
de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem. Portanto, a dedução dos que são contra o sábado é infeliz,
errônea e contrária ao sentido bíblico.
2.ª - A segunda proposição contida no texto diz: "e não o homem por
causa do sábado". Simples demais para ser entendida. Deus não
criou o homem porque Ele tivesse um sábado a ser guardado por alguém.
Ao contrário, criara primeiro o homem, e depois o sábado para atender-lhe
às necessidades de repouso e recreação espiritual. Assim o sábado
lhe seria uma benção e não uma carga. O farisaísmo dos dia de Cristo
obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os rabinos o acumularam
de exigências extravagantes que o tornaram um fardo quase insuportável.
A atitude de Cristo para com o sábado foi a de purificá-lo, limpá-lo
desses acréscimos, devolvendo-o à real pureza. A atitude de Cristo
para com o Seu santo dia foi de reverência e não de desprezo.
E de passagem cabe aqui uma observação:
o sábado foi feito por causa do homem, e isto não pode ser verdade
em relação ao domingo, porque no primeiro dia da semana o homem
ainda não fora criado!
Citam
em seguida Mateus 12:8: "O Filho do homem até do sábado é Senhor".
E concluem desastradamente que Cristo é Senhor do sábado para mudá-lo,
alterá-lo, suprimi-lo, enfim. Incrível! Diríamos de início que,
sendo o sábado um mandamento da Lei de Deus, se Cristo o transgredisse
de qualquer maneira Se tornaria um pecador, e nessa condição não
poderia ser o nosso Salvador! No entanto, Cristo permaneceu em completa
adoração e obediência ao Deus Pai. Teve uma vida humana impecável,
um caráter irrepreensível. (Filipenses 2:5 a 11). E Ele mesmo declara:
- "Porque
eu não falei por Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Esse Me
deu mandamento quanto ao que dizer e como falar. E sei que o Seu
mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que Eu falo, falo-o
exatamente como o Pai Me ordenou." (João 12:49 e 50)
- "Como
o Pai Me amou, assim também Eu vos amei; permanecei no Meu amor. Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu
amor; do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de
Meu Pai, e permaneço no Seu amor." (João 15: 9 e 10)
- "Tenho-vos
dito estas coisas, para que em Mim tenhais paz. No mundo tereis
tribulações; mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo."
(João 16:33)
 |
Jesus
declarou-Se Senhor do sábado! Solene e importantíssima
declaração! Frise-se bem que Ele é Senhor do sábado e
não do domingo, embora a cristandade semi-apostatada averbe
este dia como "dia do Senhor". Cristo porém reafirmou
Sua soberania sobre o sábado. É o Autor do sétimo dia,
consagrado ao repouso e, nessa qualidade, sabe o que lícito
ou não fazer nele. Os fariseus que censuraram os discípulos
por apanharem espigas, foram além dos reclamos divinos,
"além do que está escrito". |
Punham
restrições descabidas à guarda do sábado. E Jesus para
mostrar-lhes Sua autoridade, apresenta-Se como Autor do
sábado. Nada há de derrogatório na declaração do Mestre.
Ao contrário, reafirma o valor e a vigência do sábado,
livre, no entanto das aderências talmúdicas. |
Broadus, renomado comentarista,
tratando deste texto, assim conclui: "Mas o sábado permanece ainda,
pois que existia antes de Israel, e era desde a criação um dia designado
por Deus para ser santificado (Gênesis 2:3)..." 1
- Cristo
não foi contra o dia, mas contra a maneira
errônea e extremista de guardá-lo.
A. H. Strong, grande teólogo,
diz: "Nem nosso Senhor ou os apóstolos ab-rogaram o sábado do decálogo.
A nossa dispensação abole as prescrições mosaicas quanto
à forma de guarda o sábado mas ao mesmo tempo declara sua
observância de origem divina e como sendo uma necessidade da natureza
humana... Cristo não cravou na cruz qualquer mandamento do decálogo...
Jesus não se defende da acusação de quebrar o sábado, declarando
que este foi abolido, mas estabelece o verdadeiro caráter do sábado
em atender uma necessidade humana fundamental..." 2
Ryle, erutido comentarista
evangélico, tratando do texto diz: "Não devemos deixar-nos arrastar
pela opinião comum de que o sábado é mera instituição
judaica, que foi abolido ao anulado por Cristo. Não há uma só passagem
das Escrituras que isso prove. Todos os casos em que o Senhor Se
refere ao sábado, fala contra as opiniões errôneas que os fariseus
propagaram a respeito de sua observância. Cristo depurou o quarto
mandamento da superfluidade profana dos judeus... O Salvador que
despojou o sábado das tradições judaicas e que tantas vezes esclareceu
o seu sentido, não pode ser inimigo do quarto mandamento. Pelo contrário
Ele engrandeceu e o exaltou." 3
Reuniões
no Sábado Mencionadas no Novo Testamento |
Para
visualizar os versículos bíblicos, referentes aos Sábados,
registrados no Novo Testamento click no farol. |
Surge
sempre a cediça afirmação de que o sábado não é "perpétuo", porque
em Êxodo. 12:14; 30:21 e Levítico 23:21 o adjetivo "perpétuo" também
é aplicado à "páscoa", "lavagem de mãos", e "festas judaicas", e
estas coisas cessaram de existir. Aqueles que declaram tal absurdo,
precisam saber que o adjetivo hebraico olam,
traduzido por "perpétuo" nos textos em tela e por "para sempre"
em outros lugares, tem o seu sentido condicionado à natureza
daquilo que se aplica. Sendo assim, as festas cerimoniais
teriam duração até ao tempo em que seriam necessárias.
- Jonas,
ao descrever as peripécias pelas quais havia passado no interior
do peixe, diz: "... os ferrolhos da Terra correram-se sobre mim para sempre [olam]",
Jonas 2:6. Esse "para sempre" durou apenas três dias e três noites.
Foi uma duração curtíssima, não acham?
No
entanto, quando o mesmo adjetivo está junto de palavras que, pela
natureza, têm duração ilimitada, significa realmente "duração sem
fim". Junto de "Deus", "vida", "amor", etc., indica perpetuidade.
O "argumento" nada prova contra a permanência sabática,
pois, segundo a Bíblia, o sábado será observado
na Nova Terra pelos remidos:
 |
"Pois, como os novos céus e a nova terra, que hei
de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor,
assim durará a vossa posteridade e o vosso nome. E acontecerá
que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado
até o outro, virá toda a carne a adorar perante
mim, diz o Senhor." (Isaías 66:22 e 23) |
Blasfêmia
O cúmulo
do contra-senso é afirmar que o sábado não santifica o homem, e
os que observam decaem na vida espiritual. Mas a Palavra de Deus
desmente frontalmente tal afirmação, declarando que o sábado é um
sinal de santificação. Notemos:
- O
dia foi santificado pelo próprio Deus. (Gênesis
2:3)
- O
quarto mandamento manda lembrar o sábado para o santificar.
(Êxodo 20:8; Isaías 58:13 e 14)
- Sinal
entre Deus e Seu povo, pelo qual Deus os santifica.
(Ezequiel 20:12; Ezequiel 20:20)
- Chamado dia santo. (Êxodo 31:14; Neemias 9:13 e14). Preferimos
crer na Bíblia. Ela fala a verdade.
Estranham alguns que afirmamos que
os "santos do Altíssimo" são os milhares que pereceram na Idade
Média, porquanto guardaram eles o domingo. Respondemos: Sim, eram santos do Altíssimo. Foram sinceros dentro
da luz que tinham. A verdade do sábado foi restaurada séculos
depois que eles viveram... E hoje que esta luz
está sendo irradiada a todo o mundo, quem deliberadamente se insurge
contra ela estará debaixo do juízo de Deus!!!
"A
Igreja mudou a observância do Sábado para o domingo pelo direito
divino e a autoridade infalível concedida a ela pelo seu fundador,
Jesus Cristo. O protestante, propondo a Bíblia como seu único guia
de fé, não tem razão para observar o domingo. Nesta questão, os
Adventistas do Sétimo Dia são os únicos protestantes coerentes."
- Boletim Católico Universal, pág. 4, de 14 de agosto de
1942.
A.
B. Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed., 1981,
pág. 184.
Para saber mais sobre: A lei e o livramento do Povo de Deus.
Para saber mais sobre: Os santos do Altíssimo.
1.
John A. Broadus, Comentário de Mateus, vol. 1,
pág. 345.
2.
A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 409.
3.
J. C. Ryle, Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas,
pág. 79.