Mais profundo e rigoroso é o regime da Dra. dinamarquesa Kirstini
Nolfi, que o aplicou a si mesma e a outras pacientes para
o câncer da glândula mamária, com resultados
curativos. Dispõe de uma alimentação
absolutamente crua, assim realizada: de manhã e à
noite refeição de frutas, e ao meio-dia, verduras,
mas nunca fruta e verduras ao mesmo tempo, para conseguir
do modo mais perfeito possível a unidade natural e
evitar o risco de que pela equívoca secreção
de sucos se coma mais do que o estômago pode digerir.
Caso contrário, alimenta-se mais a doença do
que a saúde. A alimentação de coisas
cruas deve variar conforme os produtos que a estação
do ano nos oferecer. Os produtos têm de ser sempre bem
lavados, mas sempre consumidos do modo mais próximo
possível da sua forma natural, conforme o permitir a dentadura.
Se a possibilidade de mastigar e pequena, esmiúce-se
a fruta ou a hortaliça imediatamente antes de a consumir,
quer cortando-a, quer esmagando-a ou ralando-a. As folhas
não se devem esmagar, nem à mão nem à
máquina, pois perderiam a sua energia vital. Os produtos
esmiuçados não se devem guardar nem expor ao
ar, porque sofrem então modificações
prejudiciais, perdendo também o seu aspecto e sabor.
Tem muita importância a boa mastigação
e a boa ensalivação. A Dra. Nolfi só permite o leite fresco cru, que como alimento líquido
pode tomar-se às colheradas ou aos goles. Proíbe-se
o leite pasteurizado, o leite ácido, o queijo e a manteiga.
Com a fruta, a Dra. Nolfi autoriza os cereais germinados (centeio, trigo) e legumes secos germinados
ou também grãos e trigo, centeio, cevada e aveia
moídos em seco, como já conhecemos do desjejum
do Dr. Kollath. Além disso, tomam-se também
com a fruta dois dentes de alho de dimensões médias,
finamente picados, e leite. Em lugar de leite, podem tomar-se
também nozes, amêndoas e, sobretudo, coco. A
refeição de legumes, consistindo em folhas verdes,
raízes, tubérculos ou legumes secos, assim como
em tomates e pepinos, completa-se com leite, uma colher pequena
de mel e eventualmente com um ovo cru, fresco.
A brusca mudança alimentar pode suportar-se bem sem provocar sensação de fome
nem de sede, permitindo mesmo um trabalho forte corporal e mental. Dormir num
ambiente fresco, com a janela aberta, durante a noite, é uma parte da
alimentação; a Dra. Nolfi também recomenda banhos de sol como um dos melhores
remédios para reforçar o tratamento.
Fica bem claro até que ponto é necessária a respiração de ar fresco, puro
e oxigenado e o consumo de muito alimento cru e de sucos frescos, pois só assim
é que se fornecem os fermentos portadores de oxigênio, tão necessário para o
metabolismo. O ar dos bosques, Puro e rico de oxigênio, e a alimentação crua
realmente completa são parte obrigatória da profilaxia e da cura do câncer. A Dra. Nolfi propõe com absoluta razão e bom conhecimento de causa o
tratamento do câncer mediante a alimentação vegetariana a vida ao lar livre.
Regime do Dr. Gérson -- Outra perspectiva para conseguir a
cura do câncer mediante a alimentação é-nos oferecida pelo Dr. Gérson. Informa acerca do tratamento de quase duzentos doentes só com o regime por ele
prescrito, com resultados surpreendentes, amplos e rápidos. Para a composição do
seu regime partiu da base de que o rápido desenvolvimento do homem assenta na
carga elétrica negativa das células de crescimento. Depois dos primeiros seis
meses de vida concluiu-se o desenvolvimento rápido, enquanto as células foram
acumulando carga positiva, e então começa o crescimento lento e normal. Como o
câncer é também um problema de desenvolvimento e mostra igualmente um
crescimento rápido análogo ao do homem e alimenta-se analogamente de carga
negativa, devida ao efeito de determinados elementos, antes de mais nada de iodo
e sódio (sal comum), o regime deve transformar a carga negativa em positiva,
para o que são necessários, como elementos, potássio, fósforo, magnésio,
manganês, cobre, ouro e ferro. O homem, por assim dizer, tem de transformar o
sinal da sua carga. O regime dietético com que o Dr. Gérson consegue a
mudança de conduta elétrica das células baseia-se nos seguintes princípios:
1. Durante seis semanas não tomar absolutamente nenhuma proteína animal,
isto é, carne, leite, ovos, nem queijo. Suprimir também os cogumelos.
2. Abster-se igualmente de sal e açúcar refinados.
3. Nenhuma gordura.
4. Nenhuma baga (morango, framboesa, groselha).
5. Nenhum álcool, nem nicotina nem nenhum outro excitante. Excluir também
toda a espécie de picante.
Pelo contrário prescreve:
1. Diariamente dez copos de suco de verduras, assim como de laranjas,
cenouras, maçãs (enriquecido com potássio), beterraba, aipo e ervas frescas.
2. Muita fruta, sobretudo maçãs.
3. O regime deve completar-se com flocos de aveia,
pão integral e batatas.
O regime baseado nestes princípios e condicionado a cada
caso pessoal tem de incluir como reforço, se for necessário, extrato de fígado e
o suco cru de fígado de vitela para facilitar a função hepática.
Além disso, o fígado dos mamíferos é o órgão com maior conteúdo de
vitamina K. Esta opõe-se a um fermento (colinesterase) que destrói
constantemente a colina estimulante do desenvolvimento fisiológico do corpo. Sob
o efeito da vitamina K, a colina atua mais vigorosamente. Sabe-se, porém, que
este elemento, de modo totalmente inespecífico, dificulta o desenvolvimento dos
tumores, sobretudo na pele e, secundariamente, nos órgãos urinários e sexuais.
Considerações Gerais Sobre a Cura dos Tumores -- Estes exemplos
não supõem, evidentemente, nenhuma solução do problema. Servem, simplesmente,
para demonstrar que na dura luta contra o câncer podemos também encontrar na
alimentação meios de cura úteis, muito embora ainda não se saiba o suficiente
para o seu devido manejo.
Segundo declarações do Prof. Dr. Bauer, as operações e a
radioterapia só conseguem em 18% dos casos a cura por cinco anos, isto é, que
82% ficam por curar. Com respeito, porém, aos meios químicos, disse recentemente
o Prof. Gänsslen: «Assim, pois, não será necessário sublinhar
que até agora ainda não apareceu nenhum tumor que se possa curar, segura e
definitivamente, mediante a terapêutica químicas».
Não há outro remédio senão pensar na capacidade curativa da alimentação
natural e aprendermos a servir-nos das forças profiláticas e medicinais, em
lugar de as maltratar e desnaturalizá-las até ao ponto de converter os remédios
em tóxicos cancerosos.
A alteração do ritmo e a perturbação resultante dos pontos reguladores do
sistema nervoso central produzem grandes falhas de rendimento nas funções
celulares e no metabolismo. Essas falhas reforçam-se e mantêm-se mediante
insuficiente contribuição de oxigênio que, por sua vez, constitui a conseqüência
inevitável do deficiente trabalho corporal. Se a isto acrescentarmos a pobreza
em matérias ativas da nossa alimentação corrente, cheia de fantasias culinárias,
temos de concluir que é maravilhoso como o nosso sistema celular e os nossos
órgãos conseguem resistir a esta carga, até ao dia em que sofrem uma modificação
tão fundamental na sua «conduta» ou no seu «caráter» que literalmente perdem a
sua «forma» (mutação) e começam o seu trabalho destrutivo mediante um
desenvolvimento irregular e selvagem, sob o aspecto de câncer.
O câncer necessita, como nenhuma outra doença, de uma reforma no modo de
viver de acordo com a Natureza, mediante os grandes remédios que
esta nos oferece: sol, luz, ar, água, alimentação, solo são, plantas medicinais,
movimento e descanso até às suas últimas conseqüências, já que, definitivamente,
não é senão o reflexo de um profundo transtorno dos nossos hábitos.
Todas as considerações bem fundamentadas que temos vindo a expor até
agora, na luta contra o câncer, se as soubermos interpretar devidamente, não
fazem senão reforçar e justificar a nossa opinião. Mas temos de nos esforçar
para não supor que os fatos isolados demonstrados até à data tenham resolvido o
enigma da doença e da saúde para a nossa vida ou que nos descubram o maior
segredo de todos, o da origem e conservação da mesma vida.