É lamentável ver que
o que falta, muitas vezes, nas jovens mamães dos nossos dias é o espírito
de sacrifício e a paciência suficiente para não recorrer, no primeiro
contratempo, ao frasco, «salvador». Mas não se deve esquecer que
o ato de mamar faz com que a criança aprecie o foco de vitalidade
que é o regaço materno e se habitue a ele, ao mesmo tempo que a
mãe encontra naquele ato uma magnífica fonte de gozo espiritual.
O maior obstáculo para uma alimentação normal costuma ser a falta
imaginária de leite. Os ginecólogos e puericultores conhecem perfeitamente este
fenômeno. Numerosas mães sofrem a angústia de supor que não têm leite
suficiente, quando na realidade podiam amamentar outra criança ao mesmo tempo.
No caso de mulheres que têm pouco leite, deve ter-se em conta o tempo que
consagram a cada mamada, porque é de interesse primordial devido ao influxo que
exerce a excitação do pequeno na sucção do peito sobre a formação do leite. É
freqüente apresentar como motivo para retirar o peito, que o leite produzido é
de «má qualidade»; ora a verdade é que o pior leite de mulher está sempre muito
acima do melhor leite de vaca, se a mãe estiver sendo alimentada racionalmente.
E também tem a vantagem sobre qualquer alimentação artificial de estar em
melhores condições sanitárias.
Os Primeiros Dias do Lactente -- A primeira mamada costuma ser
efetuada passadas vinte e quatro horas depois do nascimento. Em primeiro lugar,
o recém-nascido toma o colostro em que se encontram os elementos nutritivos numa
concentração muito elevada, contendo grandes quantidades de proteínas, gorduras,
glícidos, sais e substâncias defensivas para o organismo. Quase sempre é
suficiente esta quantidade para as necessidades alimentares da criança que, por
assim dizer, regula automaticamente o leite. Estão, portanto, completamente
enganadas as mães que, com medo de estarem a alimentar deficientemente os
filhos, lhes começam a administrar, logo desde os primeiros dias, uma alimentação estranha. Quando muito, pode dar-se
um pouco de água de chá adoçada com sacarina, numa colherinha, nunca num copo.
Quando houver dificuldades na lactância, tanto por parte da mãe como da criança,
que podem mesmo ser produzidas por uma causa natural, devem ser corrigidas o
mais depressa possível pelo médico. Geralmente, o lactente costuma tomar
alimento umas cinco vezes por dia, separadas por intervalos de quatro horas cada
uma, sendo as mais oportunas às 6, 10, 14, 18 e 22 horas. A pausa noturna é tão
necessária para a mãe como para o filho.
Como Alimentar o Lactente -- Toda a técnica de amamentar a criança
consiste em fazê-lo de modo que não se torne um ato molesto nem para a mãe nem
para o filho. Nos primeiros dias, nos quais a criança permanece continuamente
deitada, deve também a mãe dar-lhe de mamar deitando-se precisamente para o lado
do seio que vai utilizar. Depois, há de sustentar o pequeno com um braço, de tal
maneira que nele descansem a cabeça e o ombro do lactente, e com a outra mão
levantará o seio até a posição exata para lhe introduzir o mamilo na boca,
devendo o nariz estar completamente livre. Quando a mãe já não estiver de cama,
realizará sempre esta operação sentada comodamente, numa cadeira baixa e com
encosto. A criança deve ficar atravessada no regaço, ao passo que a lactante
deve apoiar o pé sobre um banquinho, do mesmo lado que está dando
o seio, para não estar curvada, a fim de não sentir as dores de costas e o
cansaço produzidos por uma posição inadequada.
O tempo de cada mamada não deve exceder, em regra geral, a quinze
minutos. Períodos maiores, além de cansarem a mãe, também facilitam a formação
de úlceras nos mamilos. O receio de que o pequeno não tenha tomado o suficiente
é totalmente infundado, porque a maior parte da sua ração toma-a nos primeiros
cinco minutos. No caso de crianças que mamam com preguiça ou que o não, fazem
com força suficiente, pode prolongar-se ou extrair o leite depois dos quinze
minutos, com o objetivo de manter a formação láctea. Para o caso de tais
crianças deve ser pedida conselho médico.
A Alimentação Proporcional ao Peso -- As necessidades alimentares
dos lactentes variam com a idade segundo a seguinte proporção: durante o
primeiro mês e depois do sexto dia, deve dar-se-lhe 1/5 do peso do seu corpo; do segundo ao sexto mês, de 1/6 a
1/7; na segunda metade do primeiro ano, 1/8 do peso, por dia.
0 peso normal da criança, ao nascer, oscila entre 3.250 - 3.450 g, peso
este que deve duplicar no fim do quinto mês ou no princípio do sexto, isto é,
deve ter passado para 6-7 kg e triplicado no fim do primeiro ano, sem contudo
exceder os 10 quilos. A diminuição fisiológica que sofre o peso do recém-nascido
não deve ultrapassar dez por cento do seu peso no momento do parto e deve ser
recuperada em oito ou dez dias.
O aumento de peso em média, no primeiro trimestre, deve atingir uns 150 a
200 g por semana; no segundo trimestre, 150 g; no terceiro, 100 g e no quarto 90
g semanais. Uma criança de seis anos deve pesar vinte quilos e aumentar dois por
ano.