Mantém-se hoje o critério de que o tuberculoso deve ser perfeitamente
alimentado, isto é, pelo modo mais natural e prudente
possível, deixando que a quantidade consumida esteja
de acordo com o apetite.
A Alimentação Fundamental do Tuberculoso -- Com respeito ao tipo
de alimentação que o tuberculoso deve consumir para se alimentar, muito se tem
escrito e continuará a ser tema para mais escritos. Alguns autores julgam
conveniente o consumo abundante de hidrocarbonatos, ao passo que outros
aconselham a sua redução. Também não falta quem aconselhe muita carne, ao passo
que outros, pelo contrário, indicam um regime rigorosamente vegetariano ou
exclusivo em vegetais crus. Para alguns outros, é favorável o efeito do
metabolismo de minerais, ao passo que para outros, é prejudicial.
Durante muito tempo pareceu que nunca se poderiam estabelecer normas
gerais acertadas para a alimentação dos tuberculosos. Mas, pouco a pouco,
foram-se tornando mais claras algumas características.
Considera-se geralmente necessária e eficaz uma alimentação rica em
vitaminas e, sobretudo, em cálcio, para o que se deve insistir em que,
juntamente com o consumo de vegetais, legumes, fruta, manteiga e óleo de fígado
de bacalhau, não é necessário acrescentar vitaminas na forma de medicamentos,
pois inclusive esse excesso pode tornar-se prejudicial. Se a alimentação
contiver leite e queijo branco em abundância, Já se consegue o cálcio
suficiente. Como é natural, o leite e os seus produtos devem proceder de animais
não tuberculosos, embora esta exigência seja difícil de satisfazer na prática. O
consumo de cálcio puro carece de sentido se não for retido pelo organismo. A
fixação do cálcio nos tecidos consegue-se mediante o óleo de fígado de bacalhau
(rico em vitamina D3), a luz solar e os raios ultravioletas. O regime sem sal
conseguiu os seus maiores êxitos na tuberculose cutânea e óssea.
Para o cumprimento do regime faremos referência ao que se disse sobre o
regime sem sal no capítulo, sobre doenças da circulação.
O Regime Sem Sal Como Tratamento Básico -- Não se deve concluir de tudo isto a idéia de que
um regime rico em vitaminas, cálcio e fermentos, assim como pobre em sal, leve
por si só à cura da tuberculose nas suas diversas modalidades. Mas este regime
deve ser sempre o tratamento básico. Deve criar sempre e em cada caso as
melhores condições prévias para o restante tratamento climatológico, medicinal
e, em determinados casos, cirúrgico, devendo ser sempre decidido pelo médico o
que há a fazer. A tuberculose da pele (lupus vulgar) cura-se muitas vezes só
com a alimentação sem sal. Mas hoje não se deve deixar de adicionar também a
vitamina D2 ou D3, em forma de comprimidos, cujos excelentes resultados já estão
confirmados, ou qualquer outro produto antituberculoso moderno, cuja eficácia
fica reforçada pela vitamina B2 (lactoflavina).
Outros Elementos Necessários Para a Alimentação na Tuberculose --
É também importante o conteúdo em ferro do regime alimentar dos tuberculosos. No
desenvolvimento da infecção tuberculosa, como no de qualquer outra infecção,
produz-se maior necessidade de ferro, pela atividade dos tecidos defensivos (o
denominado sistema retículo-endotelial. A análise do teor em
ferro do sangue permite inclusive obter conclusões a respeito da atividade do
processo. Quando esta é considerável, torna-se menor o teor de ferro do plasma
sanguíneo, e à medida que as melhoras vão aumentando a proporção vai-se tornando normal.
A necessidade de mais ferro, evidente nos tuberculosos, obriga à introdução
constante, prudente e natural de ferro no organismo o que se consegue escolhendo
alimentos convenientes, como maçãs, morangos, uvas, ameixas, urtigas, saladas de
alfaces, espinafres, aspargos, cevada, aveia, centeio, milho, lentilhas,
rabanetes e cenouras.
Os Tratamentos Cirúrgico, Físico e Farmacológico na Tuberculose --
O tratamento cirúrgico da tuberculose tem um campo de ação claramente delimitado
que uma grande experiência tem criado. O tratamento medicinal, mediante
específicos modernos que combatem os bacilos, tem atingido um grande nível nos
últimos anos, demonstrando que aqueles podem ser destruídos pelos remédios
farmacêuticos. Estas possibilidades de cura ficam completas com o tratamento de
raios solares e pelo moderno critério dietético, mediante uma alimentação
integral, natural e prudente. Um método nada significa por si só, pois fica
condicionado e completado por outro. Só quando a alimentação acertada estimula
as forças defensivas do corpo é que os específicos antituberculosos e os raios
solares ou, no seu caso, a intervenção cirúrgica, podem atacar o foco purulento
tuberculoso isolado para que, finalmente, o corpo vença a grave enfermidade.
Fim do Capítulo 13