Muito pouca gente, porém, pensa na produção de pancreatina,
outra função sumamente importante desta glândula
que, ao contrário da insulina, não passa diretamente
para o sangue mas que, acumulada em diminutos vasos, se vai
introduzindo pelo canal pancreático até o duodeno,
em união com a
bílis. Ao passo que a saliva só ataca os hidrocarbonatos
e o suco gástrico só consegue atomizar as matérias
albuminosas, a pancreatina não só tem essas
propriedades, mas também, além disso, pode decompor
o terceiro elemento portador de energia, isto é, as
matérias gordas. De acordo com tão variadas
funções, contém vários fermentos,
especialmente os de desintegração das féculas
(ou açúcares), albuminas e gorduras. Mas estes
últimos só são eficazes quando a bílis
intervém como excitante. Isto mostra a dificuldade
da dissociação da gordura. Considerando, além
disso, que diariamente e em média uma glândula
que pesa apenas 75 a 100 g segrega até um litro de
sucos, ficamos assombrados perante tal capacidade de rendimento.
Mas precisamente a enorme e polimórfica atividade do
pâncreas faz-nos compreender que todo o transtorno dessas
funções se repercute consideravelmente no metabolismo.
Doenças Mais
Freqüentes -- Infelizmente, os nossos conhecimentos sobre as alterações da secreção
nas diversas enfermidades são muito incompletas.
Contudo, conhecemos muito bem os quadros clínicos de algumas
enfermidades. Quando se fecha a passagem da pancreatina para o intestino
impede-se em alto grau a digestão das gorduras. Verifica-se então ao microscópio
a presença de grandes quantidades de gorduras sem decompor nas deposições, assim
como fibras musculares e féculas sem digerir.
A maior parte das vezes é uma deformação (câncer) desta glândula o
obstáculo para a circulação de sucos. Outras vezes, com menos freqüência, pode
tratar-se de cálculos de cálcio, de fosfatos ou de carbonatos. Quase sempre
provoca-se assim uma inflamação que dá origem a cólicas, transtornos
gastrintestinais e até acumulações de bilis. Em ambos os casos, só se pode
recorrer imediatamente ao tratamento médico e muitas vezes à
intervenção cirúrgica.
Menos preciso é o quadro quando a secreção só diminui, mas continua a
produzir-se. Nestes casos, efetua-se uma prova de funcionamento fazendo consumir
uma grande quantidade de gordura ( 150 g de manteiga). Uma secreção reduzida não
permite a digestão desse bloco de gordura. A capacidade insuficiente de
rendimento fica, portanto, demonstrada por uma deposição de - «manteiga» líquida
e amarelada que depressa endurece, tornando-se pastosa. As inflamações crônicas,
a esclerose, as infecções sifilíticas, o alcoolismo, a hiperalimentação e outras
causas podem ser motivo destas desordens orgânicas. Não sabemos muito mais
coisas a este respeito. Mas, se queremos salvar a anomalia funcional, o melhor
remédio é, naturalmente, uma alimentação totalmente simples, frugal e pobre em
gorduras, na base preferentemente de frutas e de vegetais (especialmente
verduras finas, cruas).
Temos também de citar a rara «necrose pancreática aguda» de
desenvolvimento muito impressionante. Deve-se à autodigestão do órgão por
excesso de secreção da própria glândula e produz-se geralmente nas pessoas
obesas, de idade, que sofrem de doenças biliares depois de um excesso de comida.
Uma dor rapidíssima, cada vez maior, que chega à sensação de esgotamento,
coincidindo com flatulências, pulso lento, vômitos, angústias e torpor --
tudo isto
é o primeiro sintoma deste mal. É absolutamente necessário recorrer
imediatamente ao médico.