Guia completo sobre saúde com descrição e importância dos principais alimentos naturais(frutas, verduras, etc.).

Prevenção e tratamento natural das principais doenças.

Também você terá centenas de receitas vegetarianas.


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Cap. 09 - Doenças do Aparelho Digestivo
Afecções do Estômago
Difusão da Úlcera Gástrica -- O número de gastrites ou de úlceras de estômago entre os enfermos gástricos é enorme, assim como o de operados por essas enfermidades. No princípio deste século a úlcera gástrica era uma doença pouco freqüente. Mas desde o princípio da última grande guerra aumentou para mais do dobro o número de ulcerosos rios países desenvolvidos. Tendo pois em conta a grande extensão desta doença, que não deixa de ser perigosa, merece a pena estudar-lhe as causas e a possibilidade de as suprimir e, portanto, de lhe conseguir a cura.

As inumeráveis publicações da literatura da especialidade mostram a dificuldade de todos os problemas relacionados com a úlcera do estômago. Tem-se-lhe atribuído as mais variadas origens como, por exemplo, o comer muito depressa, ou demasiadamente quente, ou a congestão de pequenas ramificações arteriais por um coágulo de sangue ou uma colônia de bacilos deslocados do foco de uma enfermidade, ou a má irrigação sangüínea devida ao estreitamento dos vasos ou por arteriosclerose, sífilis ou tuberculose. Poderia continuar a lista dessas supostas causas. Depois de prolongada busca e de numerosas observações, chegou-se às conclusões que a seguir se apontam, embora ainda não se conheçam todos os fatores.

Aparecimento das úlceras do Estômago -- A úlcera do estômago (e também a do duodeno) aparecem em determinados pontos e precisamente um pouco adiante ou atrás da curvatura menor do estômago, da curvatura maior ou pouco antes do músculo que separa o estômago do duodeno (piloro). São precisamente os pontos em que se produz suco gástrico em abundância e que sob o ponto de vista mecânico se encontram mais sobrecarregados. Mas estes pontos são os mais sobrecarregados em todos os homens e contudo nem todos eles sofrem de úlcera gástrica. É evidente que algo tem que sobrevir à fadiga mecânica para que apareça uma úlcera gástrica. Mas se é apenas uma parte da humanidade que sofre de úlcera gástrica deve ter ocorrido algo que provoque em tais doentes uma «predisposição» para a enfermidade. Com isto entramos no confusamente enunciado conceito da «predisposição». Sabemos que esta pode ser congênita ou adquirida. A congênita limitase às pessoas de um determinado tipo físico, corno no-lo prova um fato continuamente verificado. Os homens que sofrem de úlcera de estômago não são quase nunca os de «alimentação ao natural», os pícnicos, de abdômen e pescoço grossos, que gostam de tudo, que comem coisas muito quentes ou muito frias, e que seriam os primeiros suspeitos. São os leptossômicos (magros, de extremidade finas), leptossomoatléticos ou de constituição física atlética, homens de um sistema nervoso lábil (flutuante, débil): são os nervosos, sempre inquietos, de temperamento mercurial.

Fatores Anímicos -- As pessoas destas características sofrem muitas vezes por motivos insignificantes (excitação, má digestão, excesso de trabalho, vida agitada) minúsculos espasmos das pequenas artérias, que às vezes persistem por bastante tempo. Por isso, entre outras coisas, a mucosa do estômago fica mal alimentada, incapacitada para a resistência e facilmente vulnerável na parte mecanicamente mais fatigada. Logo que nesse ponto se forme uma pequena ferida, fica a descoberto ao ser atacada pelo suco gástrico que começa imediatamente a atuar sobre a parede do estômago propriamente dita, começando a formação da típica úlcera gástrica.

À grande fadiga mecânica de determinados pontos gastrintestinais e à predisposição congênita, unem-se outros fatores, os fatores impulsores». Entre estes figuram, naturalmente, a história do paciente (duras provas na sua vida), o modo de vida (irregularidade, pressa, subalimentação), a profissão (esforço físico ou graves responsabilidades) e as condições familiares e econômicas.

A frase popular: «A excitação causou-me dor de estômago», caracteriza acertadamente a grande influência dos fatores anímico-nervosos. A maior parte das vezes são o enfado, a preocupação, a intranqüilidade ou a insegurança econômica que «atacam os nervos», o que em Medicina equivale a dizer que produzem um estado de tensão doentio nos centros nervosos do cérebro que, por Sua vez, leva a falsas regulações e especialmente a espasmos dos vasos, ficando assim perturbada a irrigação sanguínea normal do tecido, provocando variações de inflamação ou degeneração. Esta dependência psicofisiológica não pode ser hoje negada. A grande importância da conduta anímica e do modo de reagir do chamado sistema nervoso vegetativo salienta-se grandemente segundo o critério científico. Sob o ponto de vista cirúrgico exige-se, para conseguir um
êxito duradouro da operação da úlcera de estômago, inclusíve uma mudança consciente
e completa do modo de vida, seguindo um critério totalmente novo.

A úlcera do Estômago, «Angina Gástrica» -- Assim, pois, a úlcera é expressão e sintoma de irrigação sanguínea insuficiente, provocada por uma falsa manobra do sistema nervoso central de regulação dos vasos. Tal como acontece no estômago e no intestino, essa perturbação, nervosa da irrigação sanguínea pode produzir-se noutros órgãos, como o coração, os pulmões ou os órgãos cerebrais.

A diferente localização depende da debilidade congênita dos órgãos ou das imperfeições por eles adquiridas. Muitas vezes se apresentam perturbações da irrigação sangüínea em vários tecidos ou órgãos como sintomas de uma perturbação geral. O Dr. Sigl sublinha que a úlcera do estômago corresponde na sua origem e desenvolvimento às da «angina de peito», doença esta produzida por irrigação insuficiente dos vasos cardíacos. E, logicamente, propõe para a úlcera do estômago a denominação de «angina gástrica».

Conjunto de Causas da úlcera de Estômago e Duodeno -- 1. A especial fadiga mecânica em determinados pontos do estômago e do duodeno.

2. Uma falsa regulação do sistema nervoso central, que pode voltar a produzir-se sob diferentes circunstâncias (entre elas uma alimentação insuficiente).

3. Perturbações da irrigação sanguínea em diversas zonas de tecidos e órgãos.

4. Localização das perturbações por influências hereditárias e constituição física apropriada. A isso conduzem as perturbações circulatórias na área do estômago.

5. Nas perturbações da irrigação sanguínea dentro do estômago, o suco gástrico com maior teor de ácidos digere o próprio estômago no ponto lesionado da mucosa formando-se assim a úlcera.

Efeitos da Hereditariedade e da Constituição -- Estes aspectos aspectos escapam, quase completamente, a toda a influência pela nossa parte. Nisto consiste a grande missão do médico assistente, que já de há anos conhece a família na sua constituição física e nas suas predisposições. Pode, portanto, aconselhar os membros da família quanto à alimentação, modos de viver e quanto à profissão a escolher. É infinitamente mais valioso evitar possíveis enfermidades, vencê-las, extirpá-las antes que se desenvolvam, do que curar quando já se tenham produzido grandes lesões.

Efeito da Acidose -- O excesso de ácidos no suco gástrico (ponto 5), extraordinariamente doloroso para alguns indivíduos, não se pode neutralizar quimicamente, por exemplo com bicarbonato.

A mucosa do estômago produz diariamente a determinada quantidade de ácido clorídrico sumamente importante para a digestão, em especial da albumina. O teor normal do suco gástrico em ácido clorídrico oscila entre 0,2 e 0,5%. O mecanismo de produção do ácido clorídrico nas paredes do estômago é qualquer coisa que ainda não foi possível averiguar diretamente.

Uma abundância de suco gástrico registra-se, quase sempre, nas diversas variedades da gastrite e nas úlceras do estômago e do duodeno. Menor quantidade de ácidos produz em geral o câncer do estômago, e quase nenhum ácido a anemia perniciosa, que hoje nos parece menos perigosa.

Uma defeituosa composição do suco gástrico não só é sintoma de uma lesão local na parede do estômago, como é também indício de uma perturbação geral. O sangue carregado com um consumo excessivo de albumina, gordura e sal ou produtos ácidos do metabolismo, não está equilibrado com os órgãos de eliminação, apesar de estes aumentarem a sua atividade, e por isso procura escapes de urgência e aumenta a eliminação de ácidos do estômago. Quem além disso possuir um sistema nervoso facilmente excitável, que irritando-se ou em tensões nervosas permanentes reage contraindo os vasos, está predisposto para a digestão das paredes do seu próprio estômago, isto é, para a formação de uma úlcera gástrica.

Indicações Curativas Gerais -- Depois de comprovada esta dependência torna-se evidente que em tais circunstâncias se deve deixar de subministrar matérias que facilitem ao metabolismo produtos principalmente ácidos, e que não basta tragar uma pastilha ou tomar uma colher de qualquer sal que atue como alcalino para absorver os ácidos, o que só incita o estômago a produzir mais ácidos na próxima vez. O estômago não é um órgão isolado, mas que se encontra em íntimo contato com o conjunto do organismo e dele dependendo. Para conseguir um tratamento, cumpre ter em conta estas relações. Os alimentos empregados razoavelmente devem servir de meio de cura.

  As perturbações na irrigação sanguínea (ponto 3) encontram-se estreitamente ligadas com a quebra de direção do sistema nervoso central (ponto 2). Ambos precisam de muito calor, muita tranqüilidade (a princípio tem-se de ficar no leito rigorosamente) e descontração, tanto física como espiritual. O equilíbrio anímico do doente é mesmo de momento a questão principal.

O cismar em questões sem solução deve chegar ao seu ponto final. O doente tem de confiar em homens que o compreendam, que lhe aplanem o seu talvez áspero caminho pela vida. É só quando cessam a inquietação interior e a pressa de todos os dias, que se pode produzir a distensão física e espiritual.

Resumindo, as exigências do tratamento são: calor, descanso físico, distensão espiritual, regime de cura ou dietético que tonifique o estômago e o intestino.

Regime de Cura do Estômago

Fase I -- Dias 1 a 7:

O regime deve efetuar-se do melhor modo possível, começando com um jejum rigoroso (ou pelo menos, só interrompido por infusões ou sucos), Na medida do possível deve observar-se como mínimo um dia, se o estado geral do doente o permitir.

A um dia de jejum, à base de infusões ou de sucos, durante o qual só se consumirá em cinco vezes infusão de hortelã-pimenta' camomila ou chá preto ou suco de cenouras, devem seguir-se seis dias de sucos, papas de semente de linho, arroz, milho, trigo, aveia, cevada ou centeio, temperadas com um pouco de água do mar ou adoçados com mel. Os sucos de fruta tomam-se muito diluídos em água na proporção de 1: 1 ou mesmo mais, para que não produzam a menor irritação. Se os mingaus de cereais forem bem suportados, passa-se imediatamente à papa de bananas e leite, preparada com leite quente e banana frescas, podendo enriquecer-se com germens de trigo. Para a regulação digestiva aplicar irrigações de camomila quente.

Fase II - Dias 8 a 17:

Completam-se e enriquecem-se os alimentos com purê de batata e manteiga fresca sem aquecer, gema de ovo, nata, flocos e germens de trigo. Também ameixas secas umedecidas ou óleo de linho para regular as deposições.

Fase III -- Dias 18 a 27:

Completam-se os alimentos com vegetais refogados, verduras frescas raladas e eventualmente um pouco de carne fresca. Para regular as deposições, figos secos umedecidos ou fruta fresca.

Se o doente suportar sem novidade as três fases, passar paulatinamente para uma alimentação totalmente vegetariana, durante muito tempo.

Alimentos Proibidos -- Enquanto durar a cura dietética deve-se suprimir em absoluto:

1. Toda a espécie de carnes (exceto vitela, galinha e pombo para a fase 111).

2. Toda a espécie de peixes.

3. Toda a espécie de salsichas e carnes defumadas.

4. Todas as gorduras quentes ou duras.

5. Todos os legumes secos, couves e rabanetes.

6. Todos os estimulantes (álcool, tabaco, etc.) e as bebidas que contenham ácido carbônico.

7. Toda a bebida ou comida muito fria ou muito quente.

Importa ter em conta que tudo se deve tomar lentamente e bem mastigado. Neste caso, mais do que em nenhum outro, se cumpre o dito de que «uma boa mastigação equivale a meia digestão». A comida diária deve ser distribuída em cinco refeições: às 7, às 10, às 13, às 16 e às 19 horas. Numerosos medicamentos novos destes últimos anos não têm conseguido desprestigiar o grande valor do velho e comprovado tratamento baseado no repouso, no calor e no regime para os pacientes de úlceras do estômago ou do duodeno, nem sequer relegá-lo para segundo plano.

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