Algumas espécies consideram-se tóxicas se forem consumidas
cruas. A toxicidade varia conforme a espécie, a região
e o clima, e é devida à presença de ácido
cianídrico na faseolina, que desaparece completamente
mediante a cocção. Nem o feijão verde
nem as suas sementes se devem comer crus.
Composição e Propriedades -- Se considerarmos a sua análise
química geral, salienta-se a sua riqueza em vitaminas, sobretudo C, e em matérias minerais
(ácido salicílico), oferecendo, em troca, pouca riqueza nutritiva (proteínas) e
poucas calorias.
Este baixo teor calórico de combinação com a abundância em vitaminas e
minerais e com a elevada percentagem de componentes celusósicos, fazem do feijão
um elemento especialmente apropriado para as pessoas obesas com atonia
intestinal, desde que não seja preparado com toucinho, como é costume.
A medicina popular considera favorável o efeito do caldo ou infusão de
vagens secas de feijão em: 1) hidropisia das mais diversas origens (coração,
rins, gravidez); 2) doenças reumáticas (reumatismo crônico, ciática e gota); e
3) diabetes. O Prof. Henpke confirma o efeito semelhante à insulina da
infusão de vagens de feijão, mas depois dos seus próprios ensaios clínicos com
análises contínuas considera insuficiente a curva de açúcar no sangue e a
expulsão de açúcar pela urina. Até agora supõe-se que os fatores ativos a este
respeito são faseolina, faseol e arginina para a redução de açúcar no sangue e
na urina.
Composição do Feijão Seco -- O feijão branco seco contém uma
proporção em proteínas (22%) e em hidratos de carbono (62%) muito semelhante às
ervilhas secas e às lentilhas, com as quais também se parece ria quantidade de
calorias que produz, aproximadamente 350 por 100 g de feijão. Estes legumes
possuem, por isso, um elevado valor nutritivo, especialmente em cálcio (150 mg
%) e magnésio (160 mg %), assim como em ferro (10 mg %), cobre 1,5 %) e manganês
(1 mg%), tão necessários para a produção normal de sangue. As vitaminas não
fazem parte da sua composição em número notável, embora seja de interesse o
conteúdo nas vitaminas fundamentais do sistema nervoso: a Bi (600 ganias em 100
g) e a B2 (240 gamas em 100 g).
É
surpreendente o elevado conteúdo da amida do ácido nicotínico no feijão
(3 - 7, 5 mg em 100g), o que lhe proporciona um valor dietético inestimável. A
amida do ácido nicotínico, ou para melhor dizer, a substância fundamental desta,
o ácido nicotínico forma o núcleo ativo de uma série de fermentos, especialmente
das codesidrogenases 1 (difosfopiridinnucleótido) e 11
(trifosfopiridinnucleótido), assim como de outras diversas desidrogenases que
atuam como transportadores de hidrogênio na síntese e na degradação dos
glícidos, dos ácidos gordurosos e dos álcoois. A amida do ácido nicotínico
exerce, além disso, uma ação reguladora sobre a formação dos glóbulos vermelhos
primários, os reticulócitos, e por esta razão emprega-se com êxito nos casos de
anemia perniciosa. Na prática clínica resulta de grande interesse o emprego
desta substância para manter dentro da normalidade as funções do aparelho digestivo, da
pele e do sistema nervoso.
O feijão também vai fazer parte dos alimentos com alto teor em ácido
pantotênico, ao lado das ervilhas, da cenoura, da couve-flor e das folhas da
urtiga. A razão do seu valor dietético assenta, como no caso anterior, no fato
de o ácido pantotênico fazer parte de unia coenzima (coenzima A), que desempenha
um papel importantíssimo mo na síntese da acetilcolina, na desintoxicação de
corpos estranhos ao organismo, como os medicamentos e venenos, e no metabolismo
das proteínas e das gorduras. Por todas estas razões, é tinia substância não só
importante, mas também vital. Por outro lado, protege a pele e as mucosas contra
as infecções, mediante um incremento da sua resistência, e normaliza o seu
metabolismo. Tem também uma grande influência no crescimento e na pigmentação do
cabelo.
Emprego Terapêutico do Feijão Seco -- O feijão branco, seco,
manifesta-se mediante uma análise mais minuciosa não só como um elemento de alto
valor nutritivo com grande conteúdo energético, mas também como excelente
recurso dietético nos casos de alterações do metabolismo (hepatopatias) na anemia perniciosa, nas doenças dos órgãos do trato digestivo (processos
inflamatórios crônicos, perturbações funcionais, especialmente nos estados de debilidade), assim
como nas afecções da mucosa bucal (estomatite, aftas, úlceras, estomatite
gangrenosa ou noma).
Devido à sua função protetora no caso das mucosas e da pele, é
conveniente empregá-lo como alimento de preferência nas doenças do aparelho
respiratório, como são, por exemplo, os catarros crônicos do nariz (rinites
crônicas e de origem vasomotora, coriza do feno), dos brônquios e dos pulmões.
Também nas doenças cutâneas é o feijão um magnífico remédio pelo seu alto
teor nos ácidos nicotínico e pantotênico. Pode recomendar-se o consumo de
feijões secos nos casos de dermatose de natureza alérgica, eczemas, pruridos,
acne e alterações pelagrosas.
Os dois ácidos tão repetidamente mencionados, o nicotínico e o
pantotênico, desempenham um papel importante no tratamento das doenças dos
órgãos pilosos, pelo que devem ser ti-atadas mediante a alimentação normal nas
maiores quantidades possíveis, e daí é que deriva o interesse dos feijões nos
casos de queda do cabelo em todas as suas formas (alopecia parcial ou total e
nas quedas difusas dos pêlos), nos cabelos de qualidade deficiente, cabelo
frágil, secura capilar, despigmentação e na formação da caspa (seborréia).
Outros alimentos especialmente ricos em ácido pantotênico, além dos
legumes mencionados atrás, são: levedura seca, cereais (especialmente os seus
farelos), nozes, o fígado e os ovos.