No Pentateuco
registra-se com freqüência como os hebreus, durante
a sua peregrinação pelo deserto, dirigidos por
Moisés, acharam falta das romãs e das uvas do
Egito. No templo de Salomão foi usada a romã
como motivo decorativo. Também é antigo o uso
dietético e terapêutico da romã. Já
Hipócrates
(460-377 A.C) empregava o suco das romãs como estomacal nos enfermos
e febricitantes.
0 cultivo da romã deve ter sido introduzido na Península ibérica pelos
árabes, em 711. A cidade de Granada, fundada pelos mouros no século X, tirou o
nome precisamente da romã (em espanhol «granada»), que também faz parte do seu
brasão de armas.
Esta espécie é um arbusto ou árvore que chega até a oito metros de
altura, com os troncos mais velhos fortemente retorcidos e requebrados.
Composição e Propriedades -- A romã fresca tem a seguinte
composição, em percentagem: proteínas 0,9; sódio 70 mg; gorduras 4,5; potássio
50 mg; hidratos de carbono 16 g; cálcio 10 mg; vitamina B2, 100 g; água 75 g;
magnésio 5 mg; vitamina C, 50 mg; calorias 110; manganês 1,3 mg; vitamina D, 0
U.I. e ferro 0,3 mg.
Ao passo que (como acontece em todos os frutos frescos) o conteúdo em
princípios imediatos e em calorias é insignificante, é, pelo contrário,
interessante o conteúdo em manganês (1,3% entre os minerais e em vitamina B2,
(cem gamas por cento). A romã é um dos alimentos mais ricos em manganês.
0 manganês é um elemento fundamental para a vida e é necessário no
organismo humano para a formação de diversos fermentos, pelo que o homem dele
necessita de dois a três miligramas por dia.
A romã está indicada para todas as alterações do metabolismo dos fermentos, cujos sintomas ainda não foram descobertos
nem compreendidos nos últimos anos. Esta fruta pode situar-se
nas dietas juntamente com os alimentos mais ricos em manganês, como
são a aveia, a cevada, o centeio, o arroz
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integral, o milho, o soja, as sementes verdes, o feijão, as ervilhas e as
lentilhas.
0 seu conteúdo em vitamina B2 (lactoflavina ou riboflavina) é dos mais
altos.
Quando a contribuição da vitamina B2, nas pessoas que estão a crescer
desce abaixo de 0,6 mg diários, aparecem rapidamente os sintomas carenciais
clínicos. É necessário então usar dieta rica nesta vitamina, na qual
a romã pode desempenhar um papel importante.
No Sul da Europa, prepara-se com romãs um suco de cor avermelhada,
agradavelmente ácido, assim como um xarope refrescante, chamado «granadina».
Emprego Como Adstringente e Tenífugo -- As flores da romãzeira
podem ser usadas como infusões contra a diarréia e a leucorréia. A casca do
fruto emprega-se como adstringente e antihelmíntico. A indústria obtém da casca
uma substância corante, de amarelo-limão e vermelho-pardo, que se emprega para
tingir tapetes orientais e outros curtumes (com um conteúdo até 28%) para
trabalhar o couro.
0 invólucro da raiz e do tronco ainda hoje é
utilizado nas farmacopéias alemã, austríaca e suíça como enérgico tenífugo de
ação não só contra os vermes vulgares como também contra o temível Dibothriocephalus latus. Também se usa como adstringente e emenagogo em
diversas formas, como pó, cocção e extrato de casca de romã. O extrato de romã
entra nas chamadas pílulas índicas contra a disenteria.
A casca da romã contém como substâncias ativas, quatro alcalóides
diferentes (derivado da piperidina), especialmente 0,4-1,0 % de peletierina,
veneno espasmódico, que depois de se comportar como agente espasmódico, dá lugar
a uma paralisia central generalizada. Os primeiros sintomas de uma intoxicação
são dados por alterações visuais, vertigens e vômitos. A casca da romã contém
considerável quantidade (20 a 28%) de glucósidos adstringentes, que com
facilidade produzem prisão de ventre; também contém resinas, amido, ácido
málico, oxalatos, um corante amarelo e de 3 a 20 por cento de minerais.
A casca da raiz, do tronco e dos ramos é muito ativa contra as tênias
intestinais. Uma velha receita recomenda a preparação deste remédio, da seguinte
maneira: 100 g de casca de romã cozida em 500 g de água, até reduzir para 150 g,
adicionando-lhe, depois, 15 g de álcool. Este cozimento será administrado, por
três vezes, com intervalos de meia hora. Como este remédio não é totalmente
inócuo, não deve ser empregado senão por prescrição do médico.