Cap. 01 - Excesso no Emprego do Sal |
Necessidade de Sal em Proporção Ínfima
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Em princípio está certo o que Paracelso já formulava:
«É só a dose que faz com que
a coisa não seja venenosa». Basicamente,
o sal não é, por si mesmo, um veneno,
utilizando-se por isso na homeopatia; mas, na quantidade
que se toma na alimentação habitual,
uns vinte ou trinta gramas diários, aparecem
os efeitos tóxicos de uma coisa evidentemente
excessiva.
Também é válido para o sal o que já se disse
sobre as substâncias puras. O sal comum é
cloreto de sódio puro, livre de todos os
aditamentos naturais, antigamente chamados «impurezas».
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Temos, assim, de voltar ao produto natural, isto é, ao sal mineral,
como se emprega normalmente na Rússia, ou da água
do mar, que contém em equilíbrio fisiológico
os sais minerais de que necessitamos.
Ao passo que Brauchle aconselha a não empregar, em casa, por dia e
por pessoa mais de dois gramas de sal comum, Kollath, por sua vez, diz
que só com um consumo de pão de trezentos a quatrocentos gramas fica totalmente
coberto o consumo necessário de sal, mesmo calculando-o em sete ou oito gramas
diários, visto o pão conter dois por cento de sal comum. Outros autores só
aconselham um a dois gramas por dia. Embora estes algarismos no sentido de uma
nutrição sã devam ser considerados insuficientes, podem, contudo, completar-se
com sal integral, sal do mar, ou água do mar, para satisfazer a «necessidade
natural de sal». O sal do mar, além do cloreto de sódio, também contém potássio,
cloreto de cálcio e cloreto de magnésio, que se mantêm em equilíbrio biológico,
assim como os «oligoelementos», substâncias estas cujo verdadeiro significado
ainda não é totalmente conhecido, mas que se consideram absolutamente essenciais
para a vida.
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Depois de o sal ter sido absorvido na
corrente circulatória, dissocia-se, em grande parte, a combinação de cloro e
sódio, exercendo, separadamente, os seus próprios efeitos.
Ao passo que o átomo de cloro é rapidamente combinado por outras
substâncias e resulta inócuo, entrando a formar parte do ácido clorídrico do
estômago, pelo contrário o átomo livre de sódio, ao combinar-se com o
hidrogênio, exerce notáveis efeitos tóxicos. Se dermos a uma criança de peito,
de um a três gramas de sal, reagirá com uma subida de temperatura. Mas também os
adultos, depois de vários meses de consumo excessivo de sal, sofrem fortes
efeitos em todas as funções orgânicas e dos tecidos, produzindo-se gengivite,
catarro estomacal ou intestinal, hemorragia hemorroidal, enxaqueca e inflamações
nas mucosas. Os «males do sal» são devidos, ao que parece, de modo geral a uma
perturbação dos tecidos conjuntivos. Como o vital significado do tecido
conjuntivo se tem salientado novamente através das modernas investigações sobre
o câncer, pode calcular-se o grave dano que nele pode causar o sal.
Numa série de enfermidades correntes e graves do coração, fígado e rins,
assim como no edema da gravidez, conhece-se e aproveita-se diariamente o efeito
curativo da supressão total do consumo de sal. Há meio século, dois médicos
franceses observaram que rios doentes de hipertensão, esta baixava para o
normal, quando se lhes suprimia o sal. Há trinta anos, ocuparam-se os médicos
norte-americanos desta observação e puderam comprová-la depois de algumas
investigações, embora com resultados desiguais. .Hoje o regime alimentar sem sal
faz parte principal do tratamento dos doentes do coração, e principalmente dos
doentes do sistema circulatório, assim como dos rins, fígado, pele e pulmões. Os
alimentos sem sal (arroz e frutas) podem fazer milagres na hipertensão e nas
doenças cardíacas. Mas ainda não sabemos se é só neste problema do sal que está
a chave para a solução das numerosas incógnitas que a hipertensão nos levanta.
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Uma coisa está bem clara: muito sal puro não
favorece o nosso organismo. Devemos, pois, reduzir o seu consumo ao mínimo ou,
melhor ainda, substituí-lo pelo sal integral ou do mar. O sal, como tal, não é
necessário para viver, embora o sejam os seus componentes: o cloro e o sódio;
mas o sal não é a única fonte destes elementos.
Nesta questão do sal de mesa não nos queremos mostrar partidários nem
esquecer que o sal em numerosas circunstâncias costuma ser incluído na medicina,
sobretudo quando o corpo, no decorrer de uma enfermidade, tiver perdido grande
quantidade de água, produzindo-se então quase sempre maior perda, de sódio e de
cloro. É o que acontece nos vômitos fortes e persistentes, como conseqüência de
uma contração dos músculos do estômago (estenose pilórica da criança de peito) ou estreitamento por doença da saída do estômago (úlcera de duodeno e
estômago), em casos de diarréias intensas, como conseqüência de
catarro gástrico ou intestinal e em casos de grande sudoração, como ocorre em
muitas doenças infecciosas. Para o tratamento dos doentes addisonianos são necessárias elevadas tomadas de sal de cozinha, de dez a vinte ou mais
gramas. Tampouco deve um diabético alimentar-se com pouco sal, porque isso afeta
a ação da insulina.
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