Cap. 01 - Excesso de Condimentos e Produtos
Químicos |
Razões Para o Uso Moderado de Condimentos
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Com o considerável intercâmbio de mercadorias de toda espécie
entre os vários países, também
se conseguiu um lugar proeminente para as especiarias
exóticas, que só têm aplicação
real nos tópicos, deslocando quase completamente
e sem razão as ervas e os condimentos de
cada país.
Quem só sabe dar sabor a um prato com especiarias exóticas
(curry, gengibre, cravo, pimenta, canela) mostra,
pelo menos, o seu desconhecimento da arte e da «cultura»
culinárias.
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Quem só sabe dar sabor a um prato com especiarias exóticas
(curry, gengibre, cravo, pimenta, canela) mostra, pelo
menos, o seu desconhecimento da arte e da «cultura»
culinárias.
Como a cocção destrói ou altera muitos dos elementos do sabor, não é de
estranhar que os alimentos cozidos sejam insípidos por si mesmos e que não
excitem o olfato nem o sabor, não despertando assim o apetite. Deve-se, pois,
adicionar os condimentos aos alimentos cozidos, depois da cocção, porque perdem
o sabor quando são cozidos, obrigando assim os comensais a recorrer ao saleiro
ou às mostardas, depois do primeiro bocado. No nosso clima é
muitíssimo mais conveniente servirmo-nos dos nossos condimentos, visto
adaptarem-se como matérias aromáticas e sápidas de forma mais perfeita às
necessidades do nosso organismo.
Os nossos condimentos excitam os órgãos do olfato e do paladar, o que é
necessário para despertar o apetite, incrementam a secreção dos sucos gástricos
do estômago, intestinos, pâncreas e fígado; favorecem a absorção das substâncias
nutritivas do bolo alimentar, aceleram os movimentos peristálticos do intestino,
assim como também facilitam as deposições e ainda atuam como sedativos do
sistema nervoso. Deste modo, a Natureza une o processo necessário para a
provisão de energia com o prazer proporcionado pelo consumo de alimentos bem
condimentados.
Tão reprovável é o emprego exagerado de especiarias exóticas, como o
ponto de vista de muitos renovadores fanáticos que condenam radicalmente todos
oscondimentos como excitantes, contrários à saúde, e permitem, quando muito
, algumas inofensivas ervas culinárias. Não é assim. A Natureza oferece-nos
copiosamente a abundância em ervas e condimentos da região para nos servirmos
delas prudentemente, como matérias fomentadoras do apetite e da saúde.
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Os Condimentos não Devem Anular o Sabor Natural
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Queremos que,
graças aos nossos condimentos, os pratos se tornem apetitosos, sãos e saborosos.
Por isso, nunca se devem empregar tantos condimentos que façam desaparecer o
sabor próprio do prato, quer seja sopa, legumes ou verduras, cedendo o primeiro
plano no paladar ao condimento. O sabor próprio do prato apenas deve ser
reforçado, suavizado ou completado.
A dona de casa tem de conhecer, por conseqüência, o sabor de cada
condimento para empregá-lo razoavelmente. Não basta deitar na panela «qualquer
condimento», ou «um par de ervas» para obter uma «harmonia de sabores».
Geralmente, empregam-se excessivos temperos, porque a maioria dos homens estão
habituados, de há anos, a comidas demasiado doces ou salgadas. Se se suprime a
pimenta, o sal ou a mostarda, considera-se o prato, a maior parte das vezes,
insípido, até se achar de novo, ao fim de certo tempo, o autêntico sabor do
alimento em questão, tendo concorrido para isso o regresso da
sensibilidade aos nervos gustativos do paladar. Um paladar habituado à
diferenciação de finas qualidades de sabor, dificilmente volta a qualificar de
saborosos os pratos muito salgados ou apimentados.
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0 Problema da Conservação dos Alimentos
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O emprego de produtos
químicos na conservação e preparação dos alimentos é devido ao desejo de se
conseguir uma duração e uma capacidade de armazenagem e de transporte que
permitam a formação de reservas e o fornecimento para pontos afastados ou para
as grandes cidades. Estas propriedades só as possuem os produtos naturais em
pequeno grau, pois todos eles estão sujeitos à decomposição natural. Os melhores
métodos de conservação são hoje a dessecação (frutas, legumes), a acidificação
(couve, couve-lombarda, ervilhas), as conservas em soluções açucaradas
concentradas, o recobrimento com azeite ou a defumação. Os processos modernos
empregam o calor, o frio ou os desinfetantes orgânicos e inorgânicos, às vezes
estranhos ao corpo e nem sempre inócuos, mas com freqüência até perigosos
(sulfito sódico).
Sempre que a conserva permita à família dispor de uma reserva no inverno,
nada há de mal quando se empreguem de preferência métodos naturais. Quanto às
conservas comerciais e à armazenagem em grande escala, é necessário que se
empreguem métodos seguramente inócuos. Só se deve recorrer a conservas para casos de
emergência e de exceção, uma vez que todos os métodos de conservação afetam, em
maior ou menor grau, o valor biológico dos alimentos, fazendo-os descer para uma
categoria secundária. Não me parece que haja alguém que se atreva a defender que
as conservas valem mais do que produtos frescos.
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Os Conservadores Químicos
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O emprego do «amarelo de manteiga»,
corante derivado do alcatrão, foi muito corrente durante algum tempo para se
poder conseguir em todas as épocas um tom agradável na margarina, por causa da
preferência dos consumidores pela manteiga amarela. Este engano foi depois
proibido, quando se demonstrou que se tratava de uma substância que provocava a
formação do câncer. Cumpre ter, sempre, o maior cuidado com os corantes químicos. O
emprego de clorofila é, indubitavelmente, um progresso e, por se tratar do
pigmento vegetal verde (lãs plantas, (leve ser aceito. O melhor método para
evitar riscos é o de preferirmos produtos vegetais frescos.
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