A
noz da palmeira-do-vinho, nativa nos trópicos, leva
três anos para desenvolver-se, e às vezes não
chega a brotar. Vários métodos foram tentados
para diminuir o tempo de germinação. Descobriu-se,
por exemplo, que se uma semente
é imergida na água até inchar e depois
secada, nunca germinará. Mas se for submetida ao congelamento
por alguns dias, depois descongelada ao se despejar água
quente sobre ela, e a seguir imersa em água por 10 horas,
ela brotará e se desenvolverá em poucos meses.
O duro tratamento na verdade se demonstra benéfico.
Manassés, filho de Ezequias, deixou de aprender a dependência
de Deus e a obediência a Sua vontade numa época
de prosperidade temporal. Mas sob o cruel tratamento de seus
captores assírios, o conhecimento de Deus, que jazia
dormente por quase uma vida inteira, por fim germinou e produziu
os frutos da justiça.
A experiência de Sansão foi semelhante. Nascido
para livrar seu povo da opressão dos filisteus, ele
deixou de cultivar o tipo de dependência de Deus que
deveria ter-lhe caracterizado a vida. Entretanto, fustigado
pela adversidade, privado de sua grande força, sua liberdade
e sua visão, ele diligentemente procurou e descobriu
que Deus é a fonte de todo poder (ver Juí. 16:21-28;
Heb. 11:32 e 33).
Quando Deus criou o homem, não tencionava que a adversidade
fosse necessária para o desenvolvimento de um caráter
justo. Antes, colocou Ele nossos primeiros pais num belo jardim,
cercado por todas as bênçãos imagináveis.
Mas, quando escolheu ser desobediente, o homem foi banido do Éden
e a maldição foi pronunciada sobre a Terra. Ainda
assim, a própria maldição, se for aceita
com o devido espírito, constitui uma bênção.
Como no caso da noz da palmeira-do-vinho, as probantes experiências
da vida podem levar à germinação da justiça
e, com freqüência, tornam-se a fonte de nossas maiores
bênçãos.
Você Já
Foi Decantado?
Despreocupado esteve Moabe desde a sua mocidade, e tem repousado
nas fezes do seu vinho; não foi mudado de vasilha para
vasilha, nem foi para o cativeiro; por isso conservou o seu
sabor, e o seu aroma não se alterou. Jer. 48:11.
Desde
tempos imemoriais, os vinhateiros têm procurado melhorar
o buquê [aroma agradável] dos vinhos através
da decantação - despejando-os de um recipiente
para outro a fim de descartar a borra ou o sedimento. Diz-se
que, se não são removidos, esses resíduos
dão ao vinho um gosto ruim. Assim acontece na vida
espiritual. Deus permite que sejamos decantados, não
para prejudicar-nos, mas para aperfeiçoar nosso caráter.
Anos atrás, quando nossa família morou nas Ilhas
dos Açores, observei o método que os fabricantes
locais de vinho usavam para melhorar o seu assim-chamado "vinho
de cheiro". Enchiam barris com vinho novo e os suspendiam por
correntes presas ao "chassi" de carroças. Ao andarem
esses veículos aos solavancos pelas ruas de paralelepípedo,
supunha-se que a agitação do álcool dentro
dos barris melhorava o sabor da bebida. Depois disso, o conteúdo
era decantado.
Não tendo jamais experimentado o produto desse processo,
não posso garantir nenhuma melhora no sabor, mas afirmo
que seu aroma podia ser percebido a uma razoável distância...
Nosso verso apresenta o pensamento de que os moabitas, não
tendo nunca aprendido a dependência de Deus por não
terem sido perturbados, não exalavam uma fragrância
que Lhe fosse agradável. As experiências probantes,
em si mesmas, não nos tornam aceitáveis a Deus.
Tudo depende de como nos relacionamos com elas. A Bíblia
Viva, em sua paráfrase de Hebreus 12:11, diz: "Não é nada
agradável ser castigado, na hora em que está
acontecendo - dói mesmo! Mas depois podemos ver o resultado:
um crescimento tranqüilo, em virtude e caráter."
Você já quis saber por que está sendo sacudido
e decantado por provas sobre as quais não tem nenhum
controle? Nada há de incomum ou "estranho"
quanto a isso (ver I S. Ped. 4:12). Mas a questão é:
Como se relaciona você com essas adversidades? Elas podem
ensinar-lhe mais completa dependência de Deus, se você as
encarar sob uma luz positiva.