Não
faz muito tempo, estava assistindo ao noticiário da
noite na televisão e vi dois homens libertados da
penitenciária, os quais tinham passado 17 anos atrás
das grades por um assassínio que não haviam
cometido. Que decisão injusta de um tribunal! Depois
de ter sido declarado inocente, um deles exclamou: "Dezessete
anos de minha vida desperdiçados!" Não precisariam
ter sido.
Na antiga União Soviética, milhões de
pessoas inocentes foram enviadas para os campos de trabalho
forçado na Sibéria e incontáveis milhares
internados em manicômios por "crimes" contra o Estado
- como, por exemplo, queixar-se de condições
intoleráveis de vida. Alguns foram até mesmo
drogados, para que se lhes debilitasse a força de vontade.
Não esperamos que injustiças desse tipo existam
numa sociedade livre - mas existem. Vários anos atrás,
uma senhora foi injustamente internada num hospital para doentes
mentais, pelos próprios familiares mesquinhos. Algumas
pessoas ter-se-iam entregue ao desespero - mas não aquela
senhora! Atente para as corajosas palavras que ela escreveu
em sua "cela de prisão":
"Uma 'voz mansa e delicada' me assegura que as orações em meu
favor serão atendidas. Há uma linguagem mais forte que as palavras
e, quanto mais me apóio no divino amor, mais condições
tenho de entendê-la. Apego-me
à certeza de que aquilo que é da vontade de Deus,
não pode estar fora de lugar. O poder do homem poderia
ter-me dado liberdade física há bastante tempo,
mas todo o bem que há em mim deve ser inteiramente provado,
e testada a sua profundidade e genuinidade. ... Talvez aqueles
que se encontrem fisicamente livres não estejam experimentando
a alegria que sinto neste aparente confinamento. Aqui dentro,
tenho aprendido quão responsáveis somos pela
medida de alegria ou pela falta dela que temos em nossa vida."
Paredes
de pedra não fazem uma prisão,
nem barras de ferro uma cela;
mentes calmas e inocentes
fazem delas um local de retiro.
Richard Lovelace.