Numa
noite de inverno eu estava atiçando o fogo em nossa
lareira, quando um anteparo quente caiu sem que eu esperasse
e me queimou a mão, levantando uma bolha. Doeu; tive
certeza de que a dor não me deixaria dormir naquela
noite. Então me lembrei de algo que alguém
me havia sugerido anos antes. Disseram-me que se eu colocasse
a queimadura perto do fogo repetidas vezes, doeria terrivelmente
a princípio, mas se eu continuasse a aproximá-la
do calor vez após vez, a dor iria diminuindo gradualmente.
Experimentei a sugestão. Funcionou - comigo, pelo
menos. (Antes de você tentar algo parecido, fale com
seu médico.) Na manhã seguinte, senti apenas
um leve incômodo na área afetada. A pele estava
grossa e insensível.
Não sei o porquê do que aconteceu com minha queimadura,
mas sei o que acontece quando uma pessoa viola sua consciência
repetidamente. Quando pela primeira vez fazemos algo que sabemos
ser errado, nossa consciência dói terrivelmente,
mas as violações repetidas resultam numa sensação
bem mais enfraquecida de dor psicológica, até que
finalmente pecamos sem que a consciência nos incomode
mais.
No âmbito físico, aquilo que aconteceu comigo
(insensibilizar uma queimadura dolorida, aproximando-a repetidas
vezes do calor) pode funcionar ou não para outra pessoa
(mais uma vez aconselho você a conferir esse procedimento
com seu médico). Mas sob o ponto de vista espiritual,
insensibilizar a consciência é uma questão
muitíssimo séria. Pode resultar no cometimento
do pecado imperdoável (ver S. Mat. 12:31 e 32). Não
que alguns pecados sejam tão graves que Deus não
consiga perdoá-los. Mas porque aqueles que pecam conscientemente
chegam ao ponto de não mais conseguirem ouvir o Espírito
Santo falando.
Podemos evitar cometer essa "grande transgressão" ao
permitir que Deus nos impeça de cometer o pecado da
presunção - pecar premeditadamente na expectativa
de que Deus nos perdoe (ver Sal. 19:13).
O Desejo de Deus
Toma o cinto, ... vai ao Eufrates, e esconde-o ali na fenda
duma rocha. Fui, e escondi-o. ... Passados muitos dias, disse-me
o Senhor: ... Vai ao Eufrates, e toma o cinto que te ordenei
escondesses ali. Fui ao Eufrates, cavei, e tomei o cinto do
lugar onde o escondera; eis que o cinto se tinha apodrecido.
Jer. 13:4-7.
No
outono de 1943, enquanto meu bom amigo Ralph Longway e eu
estávamos presos no campo de concentração
Holmes (hoje Campo Dangwa), decidimos dar uma escapadinha
e esconder algumas de nossas lembranças da guerra
sob um afloramento calcário no topo da montanha atrás
da prisão. Entre nossos
"tesouros", havia uma caneca de alumínio, uma bandoleira,
munição do rifle Springfield e algumas balas
do rifle 3030.
Em dezembro daquele ano, escapamos novamente da prisão
e recuperamos alguns dos objetos. A bandoleira, feita de algodão,
estava muito deteriorada. Enterramos novamente a bandoleira,
junto com algumas das balas de rifle, sob uma laje de calcário
de uns 25 centímetros de largura por 50 de comprimento
e 5 de espessura; levamos os outros objetos de volta para a
cela.
No dia 26 de março de 1991, quase meio século
mais tarde, retornei ao Campo Dangwa. Acompanhado por dois
sargentos filipinos, localizei a formação rochosa.
Apontando para o local, contei aos soldados que o esconderijo
estava sob uma laje e dei as dimensões. Cavamos uns
20 centímetros, e lá estava a laje! Procuramos
a bandoleira, mas ela não existia mais; tampouco fomos
capazes de encontrar vestígio da munição.
Mas quebrei uma ponta da laje e a trouxe comigo, de modo que
agora sou o orgulhoso proprietário de um pedaço
daquela rocha!
O enterro e a exumação do cinto de Jeremias foram
uma lição objetiva para o antigo povo de Deus,
bem como para nós hoje. Na parábola encenada
por Jeremias, o cinto apodrecido representava o orgulho de
Israel e Judá (ver Jer. 13:9). Pensavam eles que, por
serem o povo escolhido, eram invulneráveis. Mas a parábola
de Jeremias mostrou a inutilidade daquela orgulhosa presunção. É a
humilde obediência, e não o orgulho, que tem grande
valor aos olhos de Deus (ver Miq. 6:8).
Os Perigos dos Cargos Elevados
Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração
para a sua própria ruína, e cometeu transgressões
contra o Senhor, seu Deus, porque entrou no templo do Senhor
para queimar incenso no altar do incenso. II Crôn. 26:16.
Quando
nossa família morava no Estado de Maryland, havia
muitos carvalhos nos terrenos vizinhos. Certa manhã,
depois de um temporal muito forte com raios, encontramos
um gigantesco carvalho que havia sido derrubado pelo vento.
Bloqueava nosso caminho para o trabalho e tivemos de fazer
um desvio. Olhando para aquela árvore, pudemos ver
que, apesar de sua majestosa aparência, ela estava
podre por dentro. O que era verdade acerca do carvalho é freqüentemente
verdade acerca de pessoas - mesmo em elevadas posições.
Mas nem todas as árvores que caem durante uma tormenta,
vêm abaixo porque estão podres por dentro. No
campo de concentração Holmes havia um pinheiro
perfeitamente saudável. Certa noite, durante um terrível
tufão, ele foi arrancado pela raiz e jogado por cima
da oficina do presídio. Foi cair do outro lado, sem
ter tocado o teto da oficina. Enquanto inspecionava a área
próxima, descobri que aquela não fora a única árvore
derrubada. Numa região mais alta da montanha, onde os
ventos tinham sido ainda mais fortes, muitas outras árvores
haviam sido arrancadas pela tormenta.
Não é surpreendente descobrir essa verdade no
mundo natural. Mas às vezes nos esquecemos de que o
mesmo acontece igualmente nos domínios espirituais. "No
vale da humilhação, onde os homens dependem de
Deus para serem ensinados e guiados em cada passo, há relativa
segurança. Mas os homens que se plantam, por assim dizer,
num elevado pináculo, e que, por causa de sua posição,
presumem possuir grande sabedoria - esses estão no mais
grave perigo. A não ser que tais homens façam
de Deus sua confiança, seguramente cairão." -
Profetas e Reis, pág. 60.