Uma
noite dessas telefonei para Steve, nosso segundo filho, que é advogado
no Norte da Califórnia. Durante nossa conversa, perguntei
com que tipo de processos ele andava trabalhando ultimamente.
Contou que alguns dias antes havia servido de defensor para
um réu envolvido na venda de um carro. O querelante
havia decidido ser seu próprio advogado. Steve concluiu
repetindo o velho adágio: "Aquele que age como seu
próprio advogado, tem um insensato como cliente." É melhor
encarregar outra pessoa de defender nosso caso, em lugar
de tentar defendê-lo nós mesmos.
Uma das mais emocionantes defesas de toda a história
foi a que Judá
fez para livrar Benjamim. Você recorda que Judá havia
sido o instigador da conspiração para vender
José como escravo, mas nos anos subseqüentes ele
se convertera. Agora, diante de José, a quem ele não
reconhece, implora para que Benjamim possa retornar a seu idoso
pai (ver Gên. 37-45).
No clímax de seu discurso, Judá diz: "Teu servo
se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo:
Se eu o não tornar a trazer-te, serei culpado para com
meu pai todos os dias. Agora, pois, fique teu servo em lugar
do moço por servo de meu senhor, e o moço que
suba com seus irmãos. Porque como subirei eu a meu pai,
se o moço não for comigo? para que não
veja eu o mal que a meu pai sobrevirá." Gên. 44:32-34.
Que mudança em Judá! Que "mudança" em
José, por causa da defesa de Judá!
"José não podia mais agüentar tudo aquilo." Gên.
45:1, A Bíblia Viva. Enquanto testava seus irmãos,
José parecia severo. Mas tendo eles passado no teste,
José revelou abertamente o amor por seus irmãos
- um amor que ele havia mantido aquele tempo todo.
O Pai, diante de quem nosso Advogado defende nossos casos,
pode parecer severo, assim como José. A justiça
precisa ser executada, mas temos a certeza de que o próprio
Pai nos ama (ver S. João 16:27). Assim, concluído
o último julgamento, tendo satisfeito as exigências
da justiça perante o Universo, Deus revela abertamente
o Seu amor por aqueles que passaram no teste. (Ver Apoc. 20:11
a 21:5.)
Brincar
com Fogo
Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes
se incendeiem? Ou andará alguém sobre brasas,
sem que se queimem os seus pés? Prov. 6:27 e 28.
Você já
ouviu falar de pessoas que andam sobre brasas e não
se queimam? Talvez você já tenha visto, como eu,
filmes de hindus que caminham sobre brasas vivas, aparentemente
negando o adágio de Salomão. Não sei como
o fazem; creio, no entanto, que de certa forma são ajudados
pelo grande enganador.
Fred Hardin, um colega meu na Universidade de Potomac, assistiu
a uma cerimônia dessas no Sri Lanka, a qual confirmou
a observação de Salomão. Ele e um missionário
de outra denominação viram alguns homens desses
caminharem sobre brasas extremamente quentes, sem sofrerem
nenhum dano aparente em seus pés. O companheiro de Hardin
decidiu fazer uma tentativa semelhante.
Talvez tenha reclamado presunçosamente a promessa: "Quando
passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama
arderá em ti." Isa. 43:2, cf. Lev. 18:21. Tirou os sapatos
e as meias, dirigiu-se ao terreno incandescente e, no instante
seguinte, estava saindo aos pulos, com os pés gravemente
queimados.
As metáforas de Salomão em nosso texto referem-se
ao sexo ilícito. Sabemos disso porque no versículo
29 ele fala do homem que comete adultério com a "mulher
do seu próximo".
Em um dos países onde morei, no qual a prostituição imperava, um dos missionários achou que Deus o estava chamando especialmente para ministrar às mulheres da rua. Foi advertido quanto ao perigo de envolver-se, mas ignorou as palavras de cautela - e durante algum tempo obteve grande sucesso. De tempos em tempos, relatava à sua esposa as maravilhosas vitórias que estava alcançando e as almas já conquistadas. Ela suplicava para que ele parasse com aquilo, mas foi em vão. Finalmente, o obreiro precisou deixar o campo missionário por ter caído em tentação.
Salomão está certo, sim. Não se pode brincar com o fogo do qual ele fala, sem acabar sofrendo graves queimaduras. O melhor rumo a seguir é permanecermos afastados tanto quanto possível desse tipo de fogo "estranho".
Cisternas
Rotas e Água da Vida
O Meu povo cometeu dois pecados terríveis: eles Me abandonaram,
a Mim, a Fonte da água da Vida, e construíram
para si poços furados, que não prendem a água!
Jer. 2:13 (A Bíblia Viva).
Alguns
anos atrás, tive o privilégio de participar,
junto com um grupo, de uma viagem às terras bíblicas.
Em um de nossos passeios, visitamos Petra, a antiga capital
dos edomitas. A cidadela daquele povo situava-se numa colorida
mesa de arenito, cujo topo inclinava-se na direção
de um brusco declive. Pequenos canais tinham sido feitos
no arenito para conduzir a água da chuva a várias
cisternas escavadas perto do declive. Aqueles reservatórios
agora estavam totalmente secos, incapazes de reter água
- se devido a terremotos ou à passagem do tempo, não
sei.
Em nosso verso, a água representa a verdade. O povo
nos dias de Jeremias tinha abandonado a Deus, a Fonte da verdade,
substituindo-O por deuses falsos e práticas religiosas
associadas a eles. As mensagens de Jeremias tencionavam despertar
o povo para a sua necessidade do Deus verdadeiro.
Muitos anos atrás, uma casa perto de Bucyrus, Estado
de Ohio, nos Estados Unidos, foi atingida por um raio. Em menos
tempo do que se leva para contar a história, o raio
queimou uma trilha pelos beirais da casa, através das
calhas e para dentro da cisterna. Por sorte a casa não
pegou fogo. Não muito tempo depois da tormenta, um dos
filhos daquela família foi encarregado de pegar um balde
de água e ele descobriu que a cisterna estava seca.
Um exame mostrou que o raio havia queimado um buraco no fundo
da cisterna, fazendo com que a água vazasse.
Quando o pai desceu para vedar o vazamento, ouviu um som de água
corrente. Depois de uma investigação, descobriu
um lençol de água subterrâneo. Foi cavado
um poço onde havia existido a cisterna, e daquele dia
em diante a família teve abundância de água
fresca, pura e límpida. Perderam uma cisterna, mas ganharam
uma fonte inesgotável de água viva.
Evidência
Convincente
Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes
contra o Senhor; e sabei que o vosso pecado vos há de
achar. Núm. 32:23.
No
tempo em que piratas e corsários singravam o Mar das
Antilhas, o navio de guerra britânico "Sparrow" suspeitou
que o brigue "Nancy" estava carregando contrabando e mandou-o
parar ao largo da costa do Haiti. Um exame dos documentos
e da carga revelou apenas evidência circunstancial.
Apesar disso, o capitão do "Sparrow" achou que tinha
motivo suficiente para rebocar o "Nancy" ao porto de Kingston,
na Jamaica, e acusar o comandante e a tripulação
de transporte ilegal de carga.
Enquanto isso, o oficial responsável por uma barca auxiliar
da fragata britânica "Abergavenny", que por acaso singrava
as mesmas águas, observou que vários tubarões
se alimentavam de um novilho morto. Decidiu tentar apanhar
um dos predadores por esporte e ordenou que o navio se colocasse
ao lado do animal morto. Os marinheiros conseguiram arpoar
um dos tubarões.
Trazendo-o a bordo, abriram-no e descobriram em seu estômago
um maço de papéis. Uma verificação
revelou que pertenciam ao "Nancy". Certo de que aqueles documentos
seriam úteis, o comandante rumou para Kingston.
O "Abergavenny" chegou ao porto não muito tempo depois
que o "Nancy"
começou a ser julgado. O comandante e a tripulação
deste, bem como seus advogados, tinham certeza de que o caso
seria arquivado por falta de provas. Mas qual não deve
ter sido a sua consternação ao verem de repente
os documentos encontrados na barriga do tubarão! Em
vez de serem absolvidos, foram condenados.
"Todos pecaram." Rom. 3:23. Sabemos disso. Também sabemos que há evidências
abundantes contra nós. Não importa quão bem escondidos
julguemos estar os nossos erros, a menos que sejam confessados, perdoados e
abandonados, um dia eles nos acharão - se não nesta vida, então
no dia do juízo (Ecle. 12:14). "Os pecados de alguns homens são
notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros, só mais
tarde se manifestam." I Tim. 5:24.
Ao procurar deixar as coisas em ordem na sua vida, permita
que o Senhor o guie. Não seja apressado nem tardio,
mas deixe que Ele o dirija passo a passo.
Por que Deus nem Sempre Ouve
Eis que a mão do Senhor não está encolhida,
para que não possa salvar; nem surdo o Seu ouvido, para
não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus; e
os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para
que vos não ouça. Isa. 59:1 e 2.
Pouco
depois de eu ter começado a namorar Vesta, hoje minha
esposa, passamos pela casa da avó dela em Lodi, Califórnia.
Durante a visita, vovó Sanford serviu-nos o seu delicioso
pão integral feito em casa. Na visita seguinte, vovó estava
doente, na cama. Conversamos com ela por algum tempo, depois
fomos para a cozinha, onde fiquei com água na boca
desejando uma fatia daquele gostoso pão. Em voz baixa,
perguntei a Vesta onde ela guardava o pão, esperando
que me fosse oferecida uma fatia.
- Está dentro do pote de cerâmica no guarda-louças,
ao lado da pia - disse vovó lá do seu quarto,
deixando-me assustado.
Eu não podia acreditar. Havia falado em voz bem baixa,
mas vovó tinha escutado a mais de 7 metros dali, dois
quartos adiante!
- Ela consegue ouvir-nos? - perguntei a Vesta, praticamente
movendo só os lábios.
Vesta disse que sim, com a cabeça.
Na outra vez em que visitamos a vovó e fomos à cozinha,
tomei a precaução de cochichar minhas "necessidades" a
Vesta. Bem, vovó não conseguiu entender o que
eu disse, mas me ouviu cochichando. E disse lá do seu
quarto:
- Don, se não vale a pena dizer em voz alta, então é porque
não vale a pena ser dito.
Algumas vezes, quando minhas orações não
são atendidas, me pergunto se a audição
de Deus não seria um pouco menos aguçada que
a de vovó. Você já se sentiu assim?
Será que Deus realmente ouve nossas orações? É lógico
que ouve! "O que fez o ouvido, acaso não ouvirá?" Sal.
94:9. Por que, então, Ele nem sempre nos responde?
Quando Deus parece não ouvir nem atender nossas orações,
há duas razões: ou nossas preces são impedidas
por algum pecado acariciado (ver I S. Ped. 3:7; Isa. 59:1 e
2) ou pedimos com motivos errados (ver S. Tiago 4:3). Em outras
palavras, nós pedimos, mas não segundo a vontade
de Deus (I S. João 5:14).
Assim, se você quiser que Deus sempre ouça e atenda
suas orações, confesse e abandone pecados conhecidos
e submeta sua vontade à dEle, compreendendo que Ele
sabe o que é melhor.
Romper
com o Pecado
Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe
termo em teus pecados pela justiça. Dan. 4:27.
Uma
das lembranças que meu pai me deixou foi uma agendinha
que ele conservava desde a adolescência. Numa das páginas
aparecem estas palavras escritas com uma letra que não
era a dele: "Prometo deixar de fumar assim que meu estoque
de tabaco se acabe. (Assinado) Dudley."
Um dia perguntei a papai se o tal Dudley tinha cumprido a promessa.
Ele respondeu que, aparentemente, sim - por algum tempo. E
contou que uma ou duas semanas mais tarde encontrou Dudley
com um maço de Bull Durham no bolso da camisa. Quando
papai lhe perguntou por que andava com aquilo de um lado para
outro, Dudley brincou: "Levo o maço comigo para o caso
de eu ser tentado."
Alguns podem achar engraçada a resposta de Dudley, mas
abandonar o mal não é uma questão divertida.
Pode haver conseqüências eternas. Quando se trata
de pecado, a melhor coisa é romper definitivamente,
em vez de "ir levando" até conseguir livrar-se.
É triste dizer que, não muito tempo depois de tentar fazer com
que Dudley parasse de fumar, papai fugiu de casa, andou pelos caminhos do mundo
e ele próprio adquiriu o hábito de fumar. Fico feliz porque Deus,
em Sua misericórdia, não O abandonou. Dez anos mais tarde, papai
assistiu a algumas reuniões evangelísticas e, pela graça
de Deus, rompeu com o hábito de uma vez por todas.
Antes disso, papai havia tentado várias vezes parar
de fumar, diminuindo aos poucos o número de cigarros
fumados por dia. Não conseguiu. Não quero dizer
que Deus não possa usar esse método com algumas
pessoas. Creio que Ele pode e o faz. Com efeito, creio que
Ele até mesmo ajuda as pessoas que alegam ter parado
abruptamente, gabando-se de que Deus não teve nada a
ver com isso. Como podem ter tanta certeza de que Deus não
teve nada a ver? Depois de tudo, quem pode dizer que por trás
dos bastidores Deus, em Sua misericórdia, não
os tenha ajudado? Em qualquer caso, o conselho inspirado de
Daniel sugere que o método preferido de Deus é o
de "pôr termo" nos pecados de uma vez por todas, e não
aos pouquinhos.
Se
a Língua Pecar...
Ora, a língua ... é mundo de iniqüidade;
... contamina o corpo inteiro e não só põe
em chamas toda a carreira da existência humana, como é
posta ela mesma em chamas pelo inferno. S. Tiago 3:6.
Há muitos
anos, quando meus pais eram missionários na Ilha da
Madeira, papai viu um cartão postal que o impressionou.
(Esse postal está hoje comigo.) Retrata um marido,
de martelo na mão e um sorriso satisfeito nos lábios,
pregando a língua desmesuradamente grande de sua esposa
na mesa da cozinha. Ela está ajoelhada, com as mãos
amarradas para trás.
Na época em que papai viu esse cartão, nossa
igreja em Funchal estava tendo problemas com as fofoqueiras
(lá, eram chamadas bilhardeiras). Papai não costumava
errar, mas dessa vez ele errou.
Imaginou que as fofocas cessariam
se ele pregasse o cartão no quadro de anúncios
da igreja. Não cessaram. O cartão serviu para
inflamar ainda mais o problema. A principal fofoqueira aparentemente
se reconheceu na gravura e considerou-a uma ofensa pessoal
contra o seu caráter.
Por coincidência, pouco depois disso, começamos
a receber um jornal da América. Um dos exemplares causou
uma impressão indelével sobre a minha mente;
mostrava uma mulher segurando uma toalha sobre a boca; estava
obviamente sentindo muita dor. A história sob a ilustração
declarava que ela era uma enfermeira que havia decidido curar-se
do hábito da fofoca, cumprindo literalmente a instrução
dada em S. Marcos 9:43-48. Havia cortado a ponta de sua língua.
Não fiquei sabendo se o seu ato teve como conseqüência
um efeito salutar. E dessa vez papai não pregou o recorte
no quadro de anúncios.
Alguns homens parecem pensar que só as mulheres fofocam.
Estão errados! O mexerico de modo algum se restringe
apenas a elas. Já conheci homens mexeriqueiros (eu,
inclusive); só que nós dávamos a esse
hábito o nome de "informação". De alguma
forma, a mudança do nome fazia com que o ato parecesse
quase bom.