A
Bíblia Viva traduz a primeira parte desse texto da
seguinte maneira: "Não critiquem, e assim vocês
não serão criticados!" Em geral isso pode ser
verdade, mas há exceções. Algumas pessoas
que nunca condescendem com a crítica aos outros, são
criticadas pelos outros assim mesmo. A Bíblia na Linguagem
de Hoje diz: "Não julguem os outros para não
serem julgados por Deus". Isso está mais próximo
da verdade, mas acho que a Edição Revista e
Atualizada tem o melhor texto.
Um dos casos mais incríveis de julgamento errado de
que já ouvi falar, foi feito por Honoré de Balzac,
o prolífico romancista francês. Além de
escrever romances, ele se considerava um perito em grafologia
- o estudo (não, não é ciência)
de textos escritos à mão para determinar o caráter
e a personalidade de uma pessoa.
Certo dia, uma senhora levou ao grande escritor um caderno
que continha uns rabiscos infantis. Pediu que ele os analisasse.
Depois de esquadrinhar cuidadosamente o texto, o culto homem
concluiu que a criança era mentalmente retardada; mas
ele quis ser diplomático e perguntou:
- A senhora é a mãe da criança?
- Não, eu não tenho laço nenhum de parentesco
com ele - respondeu a senhora.
- Ótimo.
A testa de Balzac enrugou-se. Ele perguntava a si mesmo: "Como
posso ser bondoso e ainda assim contar a verdade?" A franqueza
venceu.
- A escrita dessa criança dá todos os indícios
de imbecilidade. Temo que o menino nunca se torne grande coisa
na vida, se é que vai ser alguém.
- Mas, senhor - protestou a mulher - esses rabiscos são
seus. O senhor não reconhece a letra? Esse caderno foi
seu, quando freqüentava a escola de Vendôme.
Balzac evidentemente não conseguiu reconhecer a própria
letra!
Tenho visto grafólogos fazerem fascinantes e espertas "adivinhações"
- e acertarem. Mas também já tive oportunidade
de ver erros deles.
Os julgamentos humanos são falíveis
e isso é especialmente verdade no que se refere aos
motivos. Só Deus pode ler o coração; você e
eu não podemos (ver I Sam. 16:7). Não é surpreendente,
portanto, que condenemos a nós mesmos quando julgamos
os outros em questões nas quais não somos competentes.