A
fraqueza física pode ser vantajosa, às vezes.
Na noite de 5 de fevereiro de 1945, eu e mais 468 prisioneiros,
bem como uns 800 sobreviventes de Bataan e Corregidor, fomos
evacuados da prisão de Bilibid para a fábrica
de calçados de Ang Tibay, nos arredores de Manila. A
batalha pela libertação da cidade das mãos
dos japoneses prosseguia; a cidade estava em chamas e o fogo
crepitava inexoravelmente na direção de nosso
alojamento.
Sentados no chão, no escuro, em Ang Tibay, conheci alguns
dos sobreviventes da Marcha da Morte. Durante um mês,
meu grupo estivera separado deles por uma parede de 4,5 metros;
aquela era minha primeira oportunidade de conversar com eles.
Fiquei sabendo que muitos dos companheiros daquele grupo haviam
sido enviados de navio para o Japão, como trabalhadores
escravos; o último barco lotado havia saído de
Manila em meados de dezembro, e aquela embarcação
tinha sido torpedeada por um submarino americano. Todos a bordo
morreram.
Entre o grupo, naquela noite, estava um soldado que tinha sido
designado para ir naquele navio, mas por causa de uma debilidade
física ficara para trás. Nunca me esquecerei
de como, com lágrimas na voz, ele nos contou que sua
vida tinha sido poupada por causa de sua deficiência
física. Aparentemente, havia sido considerado incapaz
para o trabalho escravo.
Todos que já tenham olhado cuidadosamente as fotos do
Presidente Theodore Roosevelt, sabem que ele era míope.
Durante sua campanha presidencial de 1912, ele foi atingido
pelo disparo de um maníaco chamado Schrenk, mas sobreviveu à tentativa
de assassínio. O médico que o examinou após
o incidente disse-lhe que sua vida tinha sido poupada por um
par de
óculos com armação de aço que ele
havia guardado no bolso do paletó.
"Não é estranho?" comentou Roosevelt. "Sempre achei um incômodo
usar
óculos por causa da miopia, e agora meu par de óculos
de reserva, guardado no bolso, acabou por salvar-me a vida."
Talvez não entendamos neste mundo por que Deus nos permite
sofrer aflições físicas. Mas em alguns
casos podemos ter a certeza de que Ele as permite porque sabe
que, assim como Paulo, somos espiritualmente mais fortes quando
estamos fisicamente fracos.