A
maioria das pessoas com certeza sabe que, uns 75 anos após
o naufrágio do SS Titanic, os seus destroços
foram descobertos e fotografados no fundo do Atlântico
Norte. Não se encontravam no local imaginado durante
todos aqueles anos. Enquanto escrevo, o rádio anuncia
que uma investigação recentemente concluída
revelava que era falsa a alegação feita pelo
comandante do SS Californian, de que seu navio estava "muito
distante"
do Titanic para lhe resgatar os passageiros. Se essa conclusão é verdadeira,
que terrível exemplo de crassa indiferença! Mas,
graças a Deus, nem todos foram tão insensíveis
como aquele comandante em relação com as mais
de 1.500 almas que pereceram naquela noite.
Quatro anos depois que o Titanic naufragou, um jovem escocês
levantou-se numa reunião em Hamilton, no Canadá,
e disse: "Eu sou um sobrevivente do Titanic. Estando eu à deriva
sozinho, agarrado a um objeto que flutuava, as correntes trouxeram
John Harper, o pregador de Glasgow, para perto de onde eu me
encontrava.
'Homem', perguntou ele, 'está você salvo?'
"'Não', respondi eu. 'Não estou.'
"'Creia no Senhor Jesus Cristo, e será salvo', admoestou ele. E fomos
separados.
"Mas é estranho dizer que, pouco mais tarde, as ondas nos aproximaram
novamente e ele perguntou: 'Você está salvo agora?' Tive de responder:
'Honestamente, não posso dizer que já esteja.'
"Ele simplesmente repetiu: 'Creia no Senhor Jesus Cristo, e será salvo.'
"Pouco depois disso, fomos separados pela última vez. Foi então
que, sozinho naquela noite, aceitei a Jesus Cristo como meu Salvador. Sou o último
converso de John Harper."
Foi esse o tipo de preocupação pelas almas que
Paulo manifestou quando disse: "Ai de mim se não pregar
o evangelho!" É o tipo de interesse que todos os cristãos
devem ter. É verdade que nem todos recebemos os mesmos
talentos, mas devemos usar aqueles que nos foram concedidos
para ajudar a salvar outras pessoas.
Não
a Gramática, Mas a Mensagem
Pelo que por lábios gaguejantes e por língua
estranha falará o Senhor a este povo, ao qual disse:
Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o
refrigério; mas não quiseram ouvir. Isa. 28:11
e 12.
Os
mais bem-sucedidos ganhadores de almas nem sempre foram os
pregadores mais corretos e polidos. Às vezes Deus
tem escolhido pessoas humildes, homens e mulheres sem instrução
para proclamarem a Sua mensagem.
Nosso verso fala daqueles que "não quiseram ouvir" a
mensagem de Deus, porque a fala de Seu mensageiro era "gaguejante" e "estranha".
Essas pessoas perdem muito por adotarem essa atitude. Será que
elas pertenceriam
àquela classe de pessoas acerca das quais Paulo diz
que se cercaram
"de mestres... como que sentindo coceira nos ouvidos"? II Tim.
4:3.
No início do ministério do grande evangelista
Dwight L. Moody, um crítico abordou-o dizendo que sua
gramática era fraca e sua dicção deixava
muito a desejar.
- Sr. Moody - censurou o crítico - o senhor não
deve falar em público enquanto não aperfeiçoar
sua gramática. O senhor comete tantos erros gramaticais,
que é uma vergonha!
- Sou deficiente em muitas coisas - concordou Moody - mas estou
fazendo o melhor com aquilo que tenho. - Depois, virando o
feitiço contra o feiticeiro, Moody perguntou: - Meu
amigo, você tem gramática perfeita. O que está fazendo
por Jesus?
Tanto quanto eu saiba, o crítico nunca respondeu à pergunta.
Por outro lado, o fato de Deus utilizar às vezes pessoas
que não cultivam a oratória para proclamar a
mensagem, não é motivo para que adquiramos hábitos
desleixados no falar. Creio que todos concordam que um orador
humilde e consagrado, que usa boa gramática e sintaxe
e atrai a atenção dos ouvintes a Deus e Sua mensagem,
apesar de uma dicção imperfeita, pode servir
a Deus com mais eficiência do que alguém que fala
displicentemente.
O simples fato de nossa oratória ser imperfeita não é desculpa
para esconder nossa luz sob o alqueire. Ao permitirmos que
o Espírito Santo nos use, podemos ser instrumentos competentes
na conquista de almas, mesmo que não consigamos pregar
como Paulo.
Precisa-se de Tia Ana
[Nós] nos tornamos dóceis entre vós, qual
ama que acaricia os próprios filhos; assim, querendo-vos
muito, estávamos prontos a oferecer-vos, não
somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a nossa própria
vida. I Tes. 2:7 e 8.
Bem
no início do século vinte, uma turma do curso
de sociologia na Universidade Johns Hopkins fez um estudo
entre as crianças da pior favela de Baltimore. Os
estudantes daquela classe visitaram os lares das crianças,
anotaram as boas e más influências que as cercavam
e tabularam suas observações em fichas. Duzentas
dessas fichas foram marcadas com a anotação: "Destinado
à cadeia." As fichas foram arquivadas para estudos e
consultas posteriores.
Vinte e cinco anos mais tarde, outra turma da mesma universidade
procurava um estudo para realizar e encontrou aquelas fichas.
Decidiram procurar aquelas pessoas e descobrir o que lhes havia
acontecido. Não foi fácil encontrá-las,
mas finalmente localizaram todas, uma por uma. Ficaram estupefatos
com o que descobriram.
Somente duas daquelas 200 haviam passado
algum tempo na cadeia! Os alunos da segunda turma se perguntavam
como é que os estudantes da primeira turma se haviam
enganado tanto.
A razão se chamava Tia Ana. Essa mulher era uma professora
de primeiro grau que lecionava nas favelas de Baltimore e revelava
interesse pessoal por seus alunos. Vez após vez, o testemunho
daqueles que ela havia influenciado era: "Não resta
dúvida de que meu destino era a prisão, mas Tia
Ana fazia questão de me colocar na direção
certa, e isso constituiu toda a diferença."
Quando solicitada a contar de seu sucesso, Tia Ana respondeu
modestamente:
"Eu apenas os amava como se fossem meus próprios filhos.
Sabe, nunca tive meus próprios meninos e meninas; dessa
maneira, todos eles eram meus em certo sentido."
Que nobre espírito!
Hoje, quase um século depois dessa história,
as crianças da América encontram-se em sérias
dificuldades. E não apenas as crianças da América;
no mundo todo a delinqüência entre os menos privilegiados
e também entre os abastados está aumentando.
Uma Tia Ana moderna poderia fazer a diferença. Seria
possível que Deus estivesse chamando você para
esse tipo de trabalho? Se estiver, Ele encontraria você disposto
a dar-se por amor a essas crianças?
Preocupação
com o Povo Escolhido
Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os
judeus. I Cor. 9:20.
Embora
Paulo fosse judeu, ficou conhecido como o apóstolo
dos gentios porque levou a história da salvação
aos não-judeus do mundo mediterrâneo. Mesmo
assim, não se esqueceu de seu próprio povo.
Preocupava-se com seus irmãos judeus. Observe como
ele exclama, em angústia de espírito, em Romanos
9:1-3: "Israel, meu povo! Meus irmãos judeus! Como
anseio que vocês vão a Cristo! Meu coração
está abatido dentro de mim, e eu me entristeço
amargamente dia e noite por causa de vocês. Cristo
sabe - e também o Espírito Santo - que não é mera
pretensão minha quando digo que estaria pronto a ser
condenado eternamente, se isso pudesse salvá-los." (A
Bíblia Viva.)
Moisés sentiu a mesma coisa, porque depois que os israelitas
adoraram o bezerro de ouro, ele disse: "O povo cometeu grande
pecado! Fez deuses de ouro! Mas agora Lhe imploro que perdoe
esse pecado. Se não, eu peço que me risque do
livro que escreveu." Êxo. 32:32 (A Bíblia Viva).
Que preocupação tinham esses homens por seu povo!
Richard Wurmbrand, autor do livro Tortured for Christ (Torturado
por Causa de Cristo), embora judeu de nascimento, foi um ateu
professo antes de tornar-se cristão. Sem que ele soubesse,
um carpinteiro cristão que morava nas montanhas dos
Cárpatos, na Romênia, começou a orar para
que Deus o ajudasse a conquistar um judeu para Cristo antes
de morrer.
Certo dia, o carpinteiro foi irresistivelmente atraído
para a vila onde Wurmbrand morava. Quando soube que Wurmbrand
era judeu, fez amizade com ele. Mas fez mais do que isso. Passou
horas em oração silenciosa, buscando maneiras
de conduzir Wurmbrand a Cristo. À medida que o Espírito
Santo trabalhava através do carpinteiro, despertava-se
o interesse de Wurmbrand. O carpinteiro deu-lhe uma Bíblia.
A convicção levou à conversão,
e aquele que outrora fora ateu, tornou-se um seguidor do humilde
Nazareno. Tempos depois, Wurmbrand foi instrumento para a conquista
de muitos outros para Cristo.
Se
Alguém Tem Sede
No último dia, o grande dia da festa, levantou-Se Jesus
e exclamou: Se alguém tem sede, venha a Mim e beba.
S. João 7:37.
O
pior lugar do mundo onde sentir sede é em um deserto.
Lembro-me de ter visto fotos numa revista anos atrás,
mostrando dois casais que tinham ido fazer piquenique no
deserto, em algum ponto do Egito, e se haviam perdido. As
primeiras fotos mostravam os quatro desfrutando o lanche.
Fotos posteriores já os revelavam sofrendo de sede.
A última foto, aparentemente tirada pelo último
sobrevivente, mostrava os outros mortos. A máquina
fotográfica e os corpos foram encontrados por uma
equipe de resgate.
Conta-se que antigamente, quando as caravanas de árabes
ficavam com pouco suprimento de água, enviavam um cavaleiro
adiante para encontrar um oásis. Depois de algum tempo,
mandavam um segundo cavaleiro atrás dele, e depois um
terceiro. Assim que o primeiro homem encontrava água,
gritava para aquele que o seguia: "Venha!" Este, por sua vez,
gritava para o outro: "Venha!" e o último repetia o
convite para a caravana. Assim encorajados, homens e animais
prosseguiam na esperança de em breve matar a sede.
A pior sede no mundo não é uma sede orgânica
de água. É sede por aquela
água que somente Jesus pode dar. Muitos que padecem
dessa sede sentem que algo está faltando, mas não
sabem o que é. Necessitam é da água da
vida, que Cristo oferece.
Mas você já percebeu que, em Seu apelo aos pecadores
sedentos, Jesus fala a respeito de você e de mim? Imediatamente
após nosso verso de hoje, Ele diz: "Rios de água
viva correrão do íntimo de todo aquele que crer
em Mim." S. João 7:38 (A Bíblia Viva). Essa expressão
nos inclui, não é verdade?
Como crentes, somos a noiva de Cristo (ver II Cor. 11:2). É por
nosso intermédio que Ele distribui a água da
vida. Mas essa é uma obra que não podemos fazer
sozinhos. É por isso que Apocalipse 22:17 diz: "O Espírito
e a noiva dizem: Vem. Aquele que ouve diga: Vem. Aquele que
tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água
da vida."