Quando você der alguma coisa a um necessitado, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas casas de oração e nas ruas. ... Mas... faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo saiba o que você fez. S. Mat. 6:2 e 3 (BLH).
Perguntaram
certa vez a Ernest Shackelton, famoso explorador britânico
da Antártica, qual tinha sido o momento mais terrível
que ele passara no continente gelado. Alguém poderia
pensar que ele contaria a história de alguma terrível
nevasca polar, mas não foi isso. Contou que seu mais
terrível momento veio certa noite quando ele e seus
homens estavam amontoados numa cabana de emergência,
tendo sido distribuídas as últimas porções
de alimento.
Enquanto seus homens dormiam profundamente, Shackelton permanecia
acordado, com os olhos semicerrados. De repente, viu um movimento
sorrateiro de um de seus homens. Espiando naquela direção,
ele viu que o homem furtivamente ia na direção
de outro e retirava um pacote de biscoitos da mochila de seu
companheiro. Shackelton ficou chocado! Até aquele momento,
ele teria confiado a própria vida àquele homem.
Agora tinha suas dúvidas.
Mas então, enquanto observava, percebeu que o homem
abria seu próprio pacote de biscoitos, tirava de lá o último
bocado de alimento, colocava-o no pacote do outro homem e o
recolocava na mochila do companheiro.
Ao narrar a história, Shackelton disse: "Não
ouso dizer o nome daquele homem. Acho que seu gesto foi um
segredo entre ele e Deus."
É assim que acontece com o tipo de amor de que a Bíblia fala.
Ele não realiza boas obras para ser visto pelos homens. Henry Drummond,
grande pregador inglês, disse: "Depois de ter andado pelo mundo inteiro
fazendo suas belas obras, o amor se esconde, até de si mesmo."
O coração humano anseia por reconhecimento. Não
deseja que permaneçam ocultas as suas boas ações
- e é aí que muitos caem na armadilha de Satanás!
Depois que Deus efetua em nós "o realizar, segundo a
Sua boa vontade" (Filip. 2:13), o tentador aparece e nos leva
a vangloriar-nos das maravilhosas coisas que fizemos.
Qual é a solução? Nunca pare para vangloriar-se.
Fixe a mente em Jesus e continue a permitir que Deus efetue
Sua boa vontade através de você.
Prova Convincente
Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros. S. João 13:35.
Quando
eu era adolescente, resolvi deixar minha marca no mundo como
artista. Meu pai havia recentemente adquirido uma Bíblia
em três volumes, ilustrada por Paul Gustave Doré,
e aquelas ilustrações tiveram peso importante
na minha decisão.
Doré obteve fama com as suas gravuras de personagens
religiosos e históricos. Passei horas estudando as técnicas
dele e, embora meu interesse pela arte se desvanecesse com
o tempo, ainda guardo vívidas imagens mentais daqueles
desenhos.
Certa ocasião, viajando pela Europa, Doré perdeu
seu passaporte. Quando ele chegou à alfândega
seguinte, o guarda lhe pediu os documentos de viagem. Doré tentou
explicar o que tinha acontecido.
- Eu sou Paul Gustave Doré - disse ele - e perdi meu
passaporte. Apreciaria que fizesse a gentileza de deixar-me
passar. Tenho de atender a compromissos importantes.
- Não tente fazer-nos de bobos - disparou o guarda.
- Você não é a primeira pessoa que perde
o passaporte e tenta fazer-se passar por alguém importante.
Doré suplicou a compreensão do guarda, mas em
vão. Finalmente, um oficial aproximou-se e disse:
- Se o senhor é realmente Doré, tome este lápis
e papel e desenhe aquele grupo de camponeses ali.
Dentro de alguns minutos, o grande artista produziu uma figura
de semelhança impressionante com o grupo. Mesmo antes
de concluído o desenho, o oficial, convencido de que
aquele era realmente o famoso artista, permitiu-lhe a entrada
no país.
Algumas pessoas, hoje, tentam fazer-se passar por cristãs,
mas falta-lhes o amor fraternal que, segundo Jesus, caracterizaria
Seus seguidores. Os cristãos primitivos viveram numa época
em que a prática do cristianismo podia significar o
martírio, mas ainda assim demonstravam o seu amor fraternal,
arriscando a vida para ajudar seus irmãos perseguidos;
em alguns casos, obtinham inclusive a relutante admiração
dos perseguidores. Tertuliano, um escritor cristão do
segundo e terceiro séculos, citou a declaração
de um oficial pagão desta maneira: "Veja como esses
cristãos se amam uns aos outros."
O amor fraternal não é um manto que se "veste" para
convencer os incrédulos, mas uma qualidade que brota
naturalmente de um coração amorável.
Sincero
Interesse Pelas Almas
Só Deus sabe como é profundo o meu amor e a saudade
que tenho de vocês - com a ternura de Jesus Cristo. Filip.
1:8 (A Bíblia Viva).
Em
nosso versículo, Paulo declara que ele nutria tanto
amor pelas almas dos crentes filipenses como Jesus. Você e
eu precisamos de mais desse tipo de amor pelas almas.
Certa ocasião, no tempo da Sociedade de Amigos, um membro
da seita dos quacres cavalgava por um urzal quando ouviu o
som de cascos de cavalo atrás de si. Num momento, um
salteador o alcançou e, apontando-lhe a pistola, exigiu:
- O dinheiro ou a vida!
Sem hesitar, o quacre puxou sua carteira e entregou-a ao homem.
- O senhor tem um belo cavalo - observou o ladrão. A
seguir ordenou: - Desça! Vou levá-lo.
Calmamente, sem uma palavra de protesto, o quacre desmontou
e o ladrão trocou de cavalo. Enquanto o salteador se
virava para ir embora, o quacre se colocou na frente dele e,
segurando as rédeas, começou a falar.
- Como é que pode - observou ele com terna sinceridade
- um homem criado
à imagem de Deus, ser feliz vivendo uma vida de crime
e violência? Arrependa-se, meu amigo, antes que seja
tarde demais!
O assaltante tirou a pistola e, apontando-a para a cabeça
do quacre, rosnou:
- Como se atreve a me pregar um sermão, seu... Mais
uma palavra, e vou abatê-lo aí mesmo.
O quacre nem piscou.
- Amigo - disse ele sorrindo - eu sei muito bem que poderia
matar-me. Eu não arriscaria a vida para salvar minha
carteira ou meu cavalo, mas alegremente a entregaria se pudesse
salvar a sua da condenação eterna!
Sem uma palavra, o assaltante colocou novamente a pistola no
coldre, saltou do cavalo do quacre e o devolveu, juntamente
com a carteira. Depois, montando em seu próprio cavalo,
foi embora dizendo:
- Se a sua preocupação por minha alma é tanta,
não vou levar nada.
Embora sem ter certeza, podemos esperar que a mudança
de idéia do assaltante tenha produzido também
uma mudança de coração. Mas uma certeza
podemos ter: se demonstrássemos tanto interesse por
uma alma como aquele quacre, veríamos muito mais milagres
da graça hoje em dia.