CAPÍTULO 32
GUILHERME MILLER
Pai do Movimento do Advento nos E.U.A.
GRÁFICO – 1260 ANOS
“A LINHA ‘numerada’ representa o período completo dos 2300
dias-anos, o maior período profético mencionado
na Bíblia. Começando em 457 antes de Cristo, quando
foi emitido o decreto para se restaurar e construir Jerusalém
(Esd. 7:11-26; Dan. 9:25), contam-se sete semanas (49 anos), para
indicar-se o tempo empregado na obra da restauração.
Estas sete semanas são, contudo, parte das sessenta e nove
semanas (483 anos) que deviam estender-se até o Messias,
o Ungido. Cristo foi ungido no ano 27 da nossa era, por ocasião
do Seu batismo (Mat. 3:13-17; Atos 10:38). No meio da septuagésima
semana (ano 31), Cristo foi crucificado, ou ‘desarraigado’, o
que determinou o tempo em que os sacrifícios e oblações
do santuário terrestre deveriam cessar (Dan. 9:26 e 27).
Os três e meio anos restantes desta semana chegam ao ano
34, ou ao apedrejamento de Estêvão, e à grande
perseguição da Igreja de Jerusalém que se
seguiu (Atos 7:59; 8:1). Isto assinala o final das setenta semanas,
ou 490 anos, concedidos ao povo judeu.
“Ora, as setenta semanas fazem parte dos 2300 dias; e como elas
chegam até ao ano 34, os restantes 1810 anos do período
de 2300 dias-anos devem atingir o ano 1844, em que a obra do juízo,
ou purificação do santuário celestial, devia
começar (Apoc. 14:6 e 7). Por este tempo começaram
os pesquisadores da Palavra de Deus a ter compreensão especial
de todo o assunto do santuário e da obra sacerdotal ou
mediadora que Cristo nele executa.
“Quatro grandes eventos se acham, portanto, localizados por este
grande período profético; o primeiro advento de
Cristo, Sua crucificação, a rejeição
do povo judeu como nação, e o início da obra
do juízo final.” – Estudos Bíblicos, pág.
205.
Guilherme Miller era o mais velho dos dezesseis filhos de um soldado
da guerra revolucionária americana. Nasceu em 15 de Fevereiro
de 1782. Morava em uma região de Nova Iorque, ao sul do
Lago Champlain, no distrito de Low Hampton. Casou-se em 1803 com
a srta. Lúcia Smith. Foi alcaide, juiz de paz e xerife
comissionado. Cansado da política, resolveu fazer carreira
militar. Quando engajou no exército, prenunciava a guerra
de 1812. “Recebeu o posto de tenente de milícia em 1810,
passou a capitão dos voluntários, ao começar
a guerra, e pouco mais tarde ingressou no exército regular
com o posto de primeiro tenente.” – Fundadores da Mensagem, Everetti
Dic, pág. 17.
O avô de Miller, Phelps, e seu tio, Eliú Miller,
eram Pastores Batistas. Seu tio pastoreava a Igreja Batista de
Low Hampton, onde Miller passou a frequentar assiduamente.
Desde a infância, Miller ouvira de religião, porém
nunca se interessara por ela. Sempre foi, no entanto, um menino
ensinado a respeitar as Escrituras. Era o garoto Miller voltado
para a leitura; muitas vezes, enquanto a família se recolhia,
ficava lendo “livros emprestados, diante de uma luz proveniente
da resina de pinheiro. Mais tarde, passou a frequentar a biblioteca
pública, discursava no dia da independência e ajudava
seus vizinhos na composição de suas cartas.”
Em contato com deístas de sua comunidade, que lhe colocaram
nas mãos obras de Voltaire, Hume e Paine, escritores deístas
(crença que Deus é apenas uma força infinita),
Miller, embora crendo em um Ser Supremo, que a tudo criara, tor-nou-se
também deísta. Porém, em 1816, um ano após
ter deixado o exército, decidiu estudar a Bíblia
profundamente. Adquiriu a chave bíblica de Crudens, e,
a partir de Gênesis começou comparando texto com
texto. Aproveitava todos os minutos vagos, pela manhã,
antes de tirar o leite, e à tarde, após ter deixado
o arado, até que um dia ele leu na Bíblia:
Daniel 8: 14
“E ele me disse: Até 2300 tardes e manhãs e o santuário
será purificado.”
Este texto mudou a vida de Guilherme Miller.
Miller decidiu decifrar este enígma. Dramaticamente intensificou
seus estudos, até que achou, com toda sinceridade, começar
esta profecia no ano 457 a.C.
Havia por esta época a crença de que a Terra era
o santuário. Miller então presumiu que a purificação
do santuário seria a purgação da Terra pelo
fogo, semelhante à varredura realizada pelas águas
nos dias de Noé.
Foi em 1818, depois de 2 anos de profundo estudo, que Miller chegou
à estarrecedora conclusão que Cristo voltaria “mais
ou menos no ano de 1843”. Portanto, como cria, 25 anos o separava
do final de todas as coisas. E agora, o que fazer? E os outros?
Deviam ser advertidos? Miller passou 5 anos examinando sua interpretação
profética para certificar-se de que não estava enganado.
Criou todas as objeções possíveis para combatê-la
e nada o dissuadiu de sua fé. Ouça isto:
“Muito tempo depois ele declarou ter encontrado mais objeções
do que seus oponentes apresentaram mais tarde.” – Fund. da Mens.
Everetti Dic, pág. 23.
“Uma voz, qual voz de Deus, ardia na alma de Guilherme Miller.
Vá, diga-o ao mundo. Tremendamente lutou ele por mais de
13 anos com esta voz, até que “a convicção
se tornou insuportável no ano de 1831.”
Miller, pressionado pela intermitente voz do seu subconsciente:
“Vá, diga-o ao mundo”, tomou uma decisão. Ajoelhou-se
e orou:
“Ó Deus, Tu sabes que eu não sou pregador; Tu sabes
que não posso ir. Não posso, não posso...
Mas se Tu, meu Pai, quiseres que eu vá, farei um pacto
conTigo. Se Tu abrires o caminho... o que eu quero dizer é
o seguinte: Se Tu mandares um convite para eu pregar, então...
eu irei.”
Miller levantou-se aliviado, dizendo:
“Agora eu terei paz. Se eu for convidado, saberei que Deus me
chamou. Mas não é provável que alguém
virá rogando a um velho camponês de 50 anos para
pregar sobre a segunda vinda de Cristo.”
Não passaram 30 minutos após a oração,
quando alguém bate à porta de Miller excitadamente.
Era seu sobrinho Irving, que caminhara 25 quilômetros, naquele
Sábado de manhã, para dar-lhe esta notícia:
“Tio Miller, saí antes do café para dizer-lhe que
o nosso Pastor Batista em Dresden não nos poderá
falar amanhã. Papai mandou-me convidar o senhor para ir
pregar sobre as coisas que o senhor vem estudando na Bíblia.
O senhor pode ir?”
Miller tentou retroceder trêmulo; porém, era a resposta
que imaginava, o Senhor lhe dera. E assim, milhares de pessoas
achavam admissível crer que Miller foi chamado por Deus
tão certamente quanto o foram Pedro e Tiago.
Após o almoço, Miller partiu e pregou durante toda
a semana na Igreja Batista de Dresden. Nesta semana, apenas duas
pessoas de 13 famílias não aceitaram a mensagem
de Miller. Ao regressar ao lar, encontrou, surpreendido, o convite
de um ministro para pregar em sua igreja, e este, nada sabia de
sua conferência na Igreja de Dresden. Assim, “o pacto com
o Senhor estava duplamente ratificado”, imaginava Miller.
Daí para a frente Miller não teve mais descanso.
Convites vinham de todas as partes, de maneira que não
podia atender a todos. “Aonde ia, afluía grandes assistências,
havia enormes e sinceros reavivamentos. Miller preferia pregar
em igrejas pequenas, nos campos e aldeias, até o final
de um culto em Exeter Nova Hampshire, no ano de 1839, quando conheceu
Josué Vaughan Himes, Pastor da Igreja Cristã da
Rua Chardon, em Boston, que, impressionado com a sua mensagem,
disse-lhe que, as grandes cidades como Boston, Nova Iorque e Filadélfia,
deviam ser advertidas. Nesta ocasião, o Pastor Himes levou
Miller para pregar em sua igreja. Miller pregava dois sermões
diários, e ainda era necessário fechar as portas,
‘sempre com uma multidão do lado de fora.’”
Miller pregou sete séries de conferências em Boston,
antes de 1844. Miller e Himes empreenderam uma campanha evangelística,
pois todas as portas das cidades da América se abriam ansiosas
por ouvir a mensagem da volta de Jesus. O povo devia ser alertado.
Himes tornou-se o gerente e agente de promoção evangelística.
Em poucos meses Miller pregou em quase todas as cidades dos Estados
Unidos. Ficou famoso através da nação inteira.
Miller era um homem simples, nunca disse possuir grandes conhecimentos
ou alguma inspiração sobrenatural. Sua mensagem
era fundamentada na Bíblia, conforme o entendimento que
possuia.
O Dr. Armitage, autor do livro A História dos Batistas,
de quem Miller era amigo, assim o descreve:
“Ele era um homem forte, de cabeça um tanto larga, com
testa alta, de olhar macio e expressivo, e as inflexões
de sua voz indicavam uma devoção das mais sinceras...
Ele exercia uma benéfica influência em todos os que
o cercavam, pelas muitas virtudes e pelo imaculado caráter.”
Assim era o bom Miller. Íntegro, amante das coisas de Deus.
Sincero em sua fé. Sua mensagem trazia despertamento. “Um
reavivamento sucedia a outro. Metodistas, Congregacionalistas
e Batistas, todos o aclamavam. O entusiasmo continuava nas cidades
após as conferências. Sinos repicavam, chamando o
povo todos os dias, como se fosse domingo. Muitos bares viraram
salões de reuniões. Havia grupos de oração
organizados para todas as horas do dia nas várias denominações.
Nestes quatro anos, a Igreja Metodista adicionou 40.000 membros
e os Batistas mais 45.000. Ministros de outras igrejas afluíam
para o movimento... Outro proeminente pregador Metodista era Josias
Litch, que só aceitou o milerismo depois de verificar que
a mensagem não contrariava o Metodismo, e este acabou escrevendo
um livro sobre as profecias de Daniel. Havia Carlos Fitch, Congregacionalista,
Pastor em Boston, e bom organizador. Foi ele quem desenvolveu
o uso de cartazes e gráficos para os ministros que trabalhavam
sob a direção de Miller. Um gráfico dos mais
importantes era justamente aquele que mostrava as profecias convergindo
no ano de 1843. E havia a imagem de Daniel 2 que se desmontava.
Além destes havia tantos – ninguém sabe quantos.
Há indícios que havia entre ministros ordenados
e leigos, um total de 1500 a 2000 pregadores empenhados nesta
campanha de advertência da iminente volta de Cristo. Dos
174 ministros bem sucedidos, cerca de metade era Metodista, uma
quarta parte era Batista, e o resto dividido entre Congregacionalistas
Cristãos, Presbiterianos, Episcopais, Luteranos, Quakers
e outros.” (Veja à pág. 420 os doze que mais se
destacaram).
“Não se pode enfatizar demasiadamente o fato que Miller
não foi o único milerita. Um grande número
de homens capazes e abençoados, com mais instrução
que o próprio Miller, o apoiavam. O milerismo não
foi de maneira alguma o movimento de um fazendeiro fanático.
A presença de tantos ajudantes tornava necessário
que se realizasse reuniões de obreiros. Muitas dessas ‘conferências
gerais’ – como eram chamadas – foram convocadas pelos líderes
mileritas, e a primeira se realizou na capela da Rua Chardon,
em Boston – a igreja de Himes – no mês de Outubro de 1840.
“Os Metodistas haviam usado o sistema de reuniões campais
desde 1800. A assistência de Miller era enorme. A Conferência
Geral de Maio de 1842 votou 3 reuniões campais adventistas
(mileritas) para aquele ano. A segunda, realizada em Kingston
do Leste, Nova Hampshire, em 28 de Junho, e sob os cuidados de
Josué V. Himes, teve 10.000 participantes. O famoso poeta
John Green Leaf Whittier assistiu e mais tarde escreveu sobre
a eloquência dos pregadores e a impressionante linguagem
simbólica das Escrituras, e sobre a imagem do sonho de
Nabucodonosor e os animais do Apocalipse. Descrevia o círculo
das tendas brancas, a fumaça das fogueiras, qual incenso,
os rostos compenetrados virados para o orador. Estas reuniões
nas florestas eram sempre uma oportunidade social onde os amigos
se encontravam e se entristeciam no fim da última reunião.
O povo demorava-se em partir, receando não mais se encontrar
neste mundo. Fazia promessa para o encontro na Nova Terra, onde
não mais se diria adeus.
“O sucesso da reunião campal de 1842 fez com que os mileritas
levantassem dinheiro suficiente para mandar confeccionar a maior
tenda da América, e chamaram-na carinhosamente ‘Tenda Grande’.
O mastro principal tinha quase 20 metros de altura, e o espaço
coberto tinha quase 40 metros de largura. Cabiam 4.000 pessoas
sentadas, 2.000 em pé, e em bom tempo, mais 4.000 sentados
do lado de fora. Em menos de 30 dias da encomenda a ‘Tenda Grande’
foi paga, armada e ocupada. Não havia tempo a perder, visto
restar apenas 1 ano mais ou menos para a volta de Jesus. O povo
quedava atônito diante da rapidez com que se desmontava
e armava novamente em outro local esta tenda. Colocada em uma
cidade, o público apostava que não se encheria,
porém, logo se espantavam, vendo as multidões que
se acotovelavam para entrar. As estradas de ferro punham trens
extras, para atender as cidades vizinhas... Lembrem-se que a Conferência
Geral votou 3 reuniões para 1842. Realizaram-se 31. Em
1843, houve 40 campais. Em 1844, houve 54. Só a estes agrupamentos
campais foram mais de meio milhão de pessoas. Havia outros
milhares em reuniões campais sem a grande tenda, e isto
não contando a assistência de centenas e mais centenas
das séries em salões. Logo se vê que a mensagem
do advento não foi pregada numa insignificante praça
qualquer.
“Os mileritas eram editores, e Himes era quem cuidava disto. ‘A
revista O Brado da Meia Noite’ era vendida à razão
de 10.000 cópias por dia em Nova Iorque, Boston, Baltimore,
Búfalo, Rochester, Filadélfia, Montreal e Cincinatti.
Havia ainda Boas Novas, Crônicas Adventistas (mileritas),
Trombeta do Jubileu, Alarme de Filadélfia, Voz de Elias,
Sinais dos Tempos, Arauto Adventista (milerita), Brado da Meia
Noite do Sul, Brado da Meia Noite do Oeste, Brado da Meia Noite
Verdadeiro, e muitos outros livros, naturalmente. Foram distribuídos
um milhão de folhetos só no ano de 1843. De 1839
a 1844 saíram mais de 8 milhões de peças
de literatura milerita. Admitimos, nem todos concordavam com Guilherme
Miller, e muitos não o levavam à sério. Alguns
diziam que ele estava atrás do dinheiro. Um deputado propôs
uma lei adiando o fim do mundo até 1860. Um engraçado
ofereceu vender poltronas numeradas num grande salão, prestes
a deixar a Terra – preço da passagem, 200 dólares.
Manchetes maliciosas apareceram, tais como: ‘Desmascarados os
Sumo-Sacerdotes de Miller’, caricaturas como ‘A Grande Ascenção
do Tabernáculo de Miller’, mostrando o Pastor Himes agarrado
pelo diabo, que dizia: ‘Não Josué, você fica.’”
Os meses avançavam rapidamente, o povo é sacudido
com a mensagem da volta de Jesus. Os evangélicos que não
aceitavam a mensagem de Miller desdenhavam do grande movimento
que abarcava o mundo todo. Os cálculos de Miller levaram-no
próximo de 1843, e neste ano ele publicou uma “carta-aberta”
num dos maiores jornais de Nova Iorque dizendo que jamais dissera
uma data exata, preferindo qualquer dia entre 21 de Março
de 1843 à 21 de Março de 1844 (tomando por base
o calendário judaico). Miller compreendia que o ano de
457 antes de Cristo começou em 21 de Março, fazendo
com que o último ano dos 2300 anos teria que começar
também em 21 de Março de 1843. Assim, nesta data
de 1843, iniciar-se-ia o “ano do fim do mundo”. Este ano chegaria
ao fim só em 1844 (21.3.1844). Jesus poderia vir em qualquer
um dos dias deste ano. Os camponeses, os comerciantes, as donas
de casa, todos tinham sido avisados. Muitos não acreditavam
em Miller, mas, mesmo assim, estavam apreensivos. Exatamente 10
anos antes (12/11/1833) não tinham caído estrelas
como flocos de neve? E agora em Fevereiro cortou o Céu
um cometa flamejante tão grande que era visível
de dia. Não seria isto um aviso do Céu? Até
os céticos tremiam. Os jornais começaram a aparecer
com artigos sobre toda espécie de coisas sobrenaturais.
Tudo visto de verdade, e, às vezes, por grupo de pessoas.
Júpiter com halo misterioso. Um cavalo com cavaleiro na
Lua. Cruz preta numa luz vermelha. Música de algum ponto
do Céu. E tudo isto relatado, não tanto por mileritas,
como por incrédulos.
“No dia 29 de Fevereiro caiu o que parecia partículas de
carne sangrenta numa cidade de Nova Jersey. As roupas tiveram
que ser relavadas. Em 23 de Abril alguns rios estavam cobertos
de um pó parecido com enxofre. Multidões vinham
ver... Mas a despeito de tudo isso, ‘o ano do fim do mundo’ passou
e Jesus não voltou.” – Um desânimo geral acometeu
a todos. Em uma reunião campal realizada em Agosto de 1844,
na cidade de Exeter, justamente onde Himes conhecera Miller, José
Bates, o ex-capitão-de-mar, “procurou animar os crentes
que já nesta altura mostravam desalento. O capitão
Bates aceitara de todo o coração a esperança
do advento, a ponto de investir o que possuía na promulgação
da mesma.”
Os mileritas aguardavam a volta de Jesus, segundo os cálculos
matemáticos, até mais ou menos o dia 21 de Março
de 1844, que era o final do ano judaico. Ao passar esta data,
meio atordoados, reexaminaram os cálculos, e, um dos mileritas,
(SAMUEL S. SNOW) trouxe para os já desalentados mileritas
duas importantes explicações animosas, a saber:
• O decreto de Artaxerxes “não saiu no princípio
de 457, mas sim, no quinto mês daquele ano, segundo Esdras
7:8. Assim devemos estender o período cinco meses além
de 21 de Março.”
• Assim como “a purificação do santuário
dos judeus acontecia no dia da expiação do santuário,
e este era o décimo dia do sétimo mês judaico,
assim (dizia Snow) devemos esperar a purificação
do santuário celestial no 10º dia do 7º mês”
(22/10/1844).
Dessa forma, surgiu crepitosamente entre os mileritas o movimento
chamado 10º dia do 7º mês que, na verdade, veio
trazer alento ao já cansado Guilherme Miller. Mas, diga-se
de passagem, ele nada teve com esta data fixa (22.10.1844), haja
vista, estar na ocasião de seu surgimento, em viagens com
Himes pelo Oeste.
A mensagem de 22 de Outubro, eletrizou os mileritas, que já
eram conhecidos como o ‘Movimento do Sétimo Mês’.
José Bates disse que as montanhas de granito de Nova Hampshire
ecoaram com o clamor da meia-noite. O brado, qual maremoto movido
por um furacão, alastrou-se para todas as cidades, vilas,
povoados e campos. O pouco de fanatismo que havia derreteu-se
perante o calor da nova mensagem. Guilherme Miller estudou meticulosamente
esta nova mensagem, e escreveu uma carta entusiasmada a Himes,
dizendo:
“Eu vejo a glória do sétimo mês que nunca
vi antes. Já me sinto quase na mansão que meu Pai
me dará. Glória, glória, glória, glória.”
Segundo se cria, menos de três meses separavam as pessoas
do fim. O milerismo explodiu em manchetes em todos os jornais.
Os próprios candidatos à presidência dos EUA
daquele ano viram sua campanha empanada pelo fragor das campanhas
mileritas. Terrível e solene hora de viver. “Fantástico
clímax da história universal”. Aproximava-se o dia
22 de Outubro de 1844.
“Comerciantes fecharam suas portas, mecânicos e ferreiros
suas oficinas, empregados deixaram seus trabalhos. Em todas as
reuniões milhares vão ao pé do púlpito
confessar-se e chorar. Grandes somas são dadas para que
os pobres possam pagar suas dívidas. As Casas Publicadoras
mandam embora os que dariam dinheiro porque já têm
demais e os doadores ficam tristes ao verem recusados seus donativos.
Nos campos, os fazendeiros para provarem sua fé, abandonaram
suas ceifas. As batatas apodreceram no chão, e as maçãs
nas árvores. Em Filadélfia uma alfaiataria colocou
um cartaz: ‘Fechada em honra ao Rei dos reis que há de
vir por volta de 22 de Outubro’.
Uma grande fábrica no Brooklin fechou as suas portas e
dispensou os seus empregados na primeira semana de Outubro. Nas
igrejas, grandes e pequenas, havia dificuldade em batizar tantos
em tão pouco tempo. Numa cidade, Carlos Fitch batizou 127
pessoas em uma semana. Quatro dos maiores prelos correm dia e
noite, produzindo ‘O Brado da Meia Noite’. Centenas de milhares
de cópias são distribuídas nestas três
semanas. Os correios e os trens estão abarrotados de pacotes
de literatura. Os mensageiros correm.”
Aproxima-se o fim de todas as coisas e um frenesi geral toma conta
de todos. Chega o dia 15 de Outubro, faltam sete dias; 16 de Outubro,
faltam seis dias; 17, 18, 19 de Outubro... “Neste dia os prelos
silenciam. As tendas são desmontadas e enroladas. Os pregadores
voltam para seus lares. Josué V. Himes junta-se a Guilherme
Miller. Aqueles que permaneciam no movimento aguardavam, com júbilo,
a hora tão esperada. Entre eles estava a adolescente Ellen
Harmon, ainda não a mensageira de Deus Ellen White, que
mais tarde escreveu: ‘Estas eram as horas mais felizes da minha
vida. O meu coração transbordava de expectação.’”
Em terrível suspense todos aguardavam os acontecimentos.
Multidões que recusaram a advertência se perguntavam:
“Será o fim?” Chegou finalmente o dia 22 de Outubro de
1844. “É uma manhã radiosa. Os mileritas estão
reunidos em grupos grandes e pequenos; nos seus tabernáculos,
nas igrejas, nos lares, nos cemitérios, ou em solene adoração
ou jubiloso louvor. Em Low Hampton, Estado de Nova Iorque, os
amigos mais íntimos de Guilherme Miller se reuniram com
ele entre as árvores e pedras, atrás de sua residência.
Estas pedras até hoje levam o nome de Rochas da Ascenção.
Eles ali ficaram e vigiaram o dia todo, cada minuto mais ansioso.”
Terrível e grandiosa perplexidade solapou os mileritas.
A esperança tanto tempo acalentada, desvanecia agora placidamente.
O dia 22 de Outubro de 1844 passou também, sem nada ocorrer,
“o grande movimento cambaleou.” A decepção dos mileritas
foi um golpe fatal nas esperanças acalentadas por longo
tempo. Mas, “o grande desapontamento não provou que o movimento
era falso”. Esse desapontamento foi profetizado com clareza meridiana
por João em Apocalipse 10:9-11 (confirme lendo o capítulo
seguinte deste livro). Os mileritas erraram apenas em parte.
O mesmo ocorreu com os discípulos quando, caminhando na
estrada de Emaús (Luc. 24:13-35), absortos com os acontecimentos
do Calvário. Embora convivendo intimamente com o Mestre
por três anos, desconheciam muitos aspectos das profecias
messiânicas. Esperavam que o Rei nascesse em um palácio,
eis que nasce numa manjedoura. Ansiavam que Ele montasse num cavalo
branco, empunhasse a espada e livrasse Israel do jugo romano e,
Ele afirma: “Não vim para ser servido, mas para servir”
(Mat. 20:28). E o golpe fatal é desferido em suas esperanças
de domínio universal quando Jesus morre em plena mocidade.
Haverá maior desapontamento que este?
Há que ressaltar o fato de que o desapontamento dos mileritas
foi profetizado e como tal teria que ocorrer. Quanto aos discípulos...
Negligência?!
Pois bem, depois de “abertos” os olhos, os discípulos “corrigiram
seus defeitos e pregaram a Cristo com renovado vigor. Os mileritas
estavam prestes a fazer a mesma coisa. Mas naqueles dias não
podiam compreender isso. Através daquela noite os mileritas
oraram e choraram.”
Outro milerita, Hiran Edson, orou e estudou profundamente naquela
amarga hora de desapontamento, com alguns amigos que haviam passado
a noite com ele. Edson escreveu mais tarde: “Nós ainda
tivemos esperanças até o relógio bater meia-noite.
Com isso o dia havia passado e com ele as nossas esperanças.
A nossa mais acalentada esperança se desmoronou.”
“Este pequeno grupo, como os outros, continuou a orar, e perto
do raiar da nova manhã, sentiram todos um certo alívio.
Ainda incapazes de compreender o que acontecera, sentiram uma
total segurança que Deus existe, e que Sua palavra era
certa e verdadeira. Depois do desjejum, Hiran Edson disse aos
outros: ‘Vamos sair para confortar os nossos irmãos com
a nossa nova certeza.’ E assim fizeram, saindo a pé e atalhando
por um milharal, no meio do qual subitamente o irmão Edson
parou, com seu rosto virado para cima. Pareceu-lhe uma visão
do terceiro Céu. Via ele Cristo entrar ‘para dentro do
véu’ no santuário celestial justamente como os mileritas
sabiam que Ele ia fazer naquele dia da expiação,
22 de outubro. Mas (escreveu Edson mais tarde), ‘eu vi distinta
e claramente que em vez de nosso Sumo-Sacerdote sair do Santíssimo
para ir ao mundo no décimo dia do sétimo mês,
no fim das 2300 tardes e manhãs, Ele pela primeira vez
entrava na segunda parte do santuário do Céu, e
daí Ele teria um importante trabalho a fazer antes de voltar
à Terra.’”
Alguns meses se passaram, profundo e acurado estudo se fez a respeito
desta importante visão, e cerca de 50 mileritas aceitaram
esta nova luz dada pelo Senhor. Este grupinho de fiéis
testemunhas, desapontadas, mas não desiludidas; foram aos
poucos recebendo novas luzes. E assim, aceitaram o Sábado
como em vigor na dispensação cristã. Este
mandamento da imutável Lei de Deus foi introduzido no movimento
pela senhora Raquel Preston, egressa da Igreja Batista do Sétimo
Dia, aceito e pregado veementemente por José Bates, e mais
tarde ratificado através de visões celestiais, por
Ellen G. White. Porém, foi T.M. Preble, o primeiro a comunicar
esta grande verdade por meio da imprensa aos mileritas do advento.
Aceitaram esses irmãos a Reforma de Saúde, abandonando
o uso de carnes imundas, cigarro e bebidas alcoólicas,
bem como todos os hábitos nocivos à saúde.
Aceitaram a mortalidade da alma, como ensina a Bíblia.
Aceitaram o Dom de Profecia, como estava sendo manifestado por
Ellen Harmon, e assim em 1.863, aquele grupinho (cerca de 50 pessoas)
tornou-se a Igreja Adventista do Sétimo Dia, este complexo
eclesiástico que circunda o mundo, hoje.
Na verdade, Guilherme Miller e as pessoas que creram e pregaram
o preparo para a vinda do Senhor em 1844 não tinham em
mente fundar outra igreja. Desejavam tão somente levar
a mensagem da volta de Cristo às igrejas das quais eram
membros. Entretanto, os pastores destas igrejas não somente
recusaram esta mensagem, como pediram aos mileritas para abandonarem
suas congregações.
Após o desapontamento, alguns voltaram às suas igrejas
de origem, outros desiludidos abandonarm a fé, porém,
este grupinho permaneceu decidido a firmemente estudar a Bíblia
e seguir obedecendo a cada luz dada por Deus.
Assim foi que, um “pregador” da Igreja Batista, Guilherme Miller,
entendendo ser a Terra o santuário, acreditou fosse a volta
de Jesus o final do cumprimento profético de Daniel 8:14.
Lançou assim, sem o saber, os fundamentos de uma igreja
a que Deus dispensaria especial atenção, restaurando-lhe
o Dom de Profecia através de Ellen G. White e cujas orientações
fizeram que as verdades lançadas por terra (Dan. 8:12)
fossem restauradas a seu devido tempo.
E Miller? Que lhe aconteceu?
“Ele construiu uma pequena capela junto das árvores e perto
das Rochas da Ascenção. Por um arranjo especial
a Igreja Adventista hoje é a proprietária, em sociedade
com outra, desta capela. Apesar de abandonado por seus seguidores,
Miller, nunca abriu mão de sua esperança na segunda
vinda de Cristo... Mas ele estava velho e cansado demais para
entender a nova luz. Quase cego, paralisado e exaurido pelos esforços
sobre-humanos, ele estava prestes a morrer.”
Ao depôr as armas, este soldado da cruz, fiel servo do Deus
Altíssimo, escreveu para “exprimir sua gratidão
aos seguidores que tão fielmente lhe haviam permanecido
ao lado” as palavras seguintes:
“Desejo agora lembrar-me com gratidão de todos os que me
assistiram nos esforços para despertar a igreja e levar
o mundo a ter intuição do terrível perigo
em que está... muitos de vós tendes sacrificado
bastante vosso bom nome, antigas relações, lisonjeiras
perspectivas de vida, ocupação e bens; e comigo
tendes sofrido zombaria e injúrias daqueles a quem era
desejo de nossa alma prestar benefício. Contudo, nenhum
daqueles em quem depositei minha confiança tem, quanto
eu saiba, se queixado ou murmurado. Tendes alegremente suportado
a cruz, desprezado a ignomínia, e comigo estais esperando
e aguardando o Rei em toda Sua glória.”
Sob os fogos das críticas, do motejo e do escárnio
do mundo, principalmente dos membros das igrejas que rejeitaram
a mensagem milerita, por ter guiado o povo num movimento que findou
em desapontamento, Miller escreveu a Josué V. Himes, em
10 de novembro de 1844:
“Prezado irmão Himes: Tenho ansiosamente aguardado a bem-aventurança,
e isso na confiança de realizar as coisas gloriosas que
Deus falou de Sião. Sim, e embora tenha sido duas vezes
desapontado, ainda não estou decepcionado ou desanimado.
Deus tem estado comigo em espírito, e me tem confortado.
Tenho agora, muito maior evidência de que creio na Palavra
de Deus; embora rodeado de inimigos e de escarnecedores, meu espírito
está, no entanto, perfeitamente calmo, e minha esperança
na vinda de Cristo é tão firme como sempre. Fiz
somente o que depois de anos de madura consideração
achei ser meu dever executar. Se errei, foi do lado da caridade,
do amor aos meus semelhantes, de minha convicção
do dever para com Deus. Não podia consentir em prejudicar
meus semelhantes, mesmo ante a suposição de que
o evento não se desse no tempo determinado, pois nosso
Deus ordena buscá-Lo, vigiar, esperá-Lo e estar
prontos. Assim, caso eu pudesse, de qualquer modo, e de acordo
com a Palavra de Deus, persuadir os homens a crerem num Salvador
crucificado, ressurreto e prester a vir, julgava que isso exerceria
certa influência sobre o bem-estar e a felicidade eterna
dos tais...
“Irmãos, firmai-vos; a ninguém permitais tomar-vos
a coroa. Fixei minha mente noutro tempo, e aqui quero ficar até
que Deus me dê mais luz – esse é hoje. Hoje, e hoje,
até que Ele venha, e eu veja aquEle por quem minha alma
anela.”
E assim, este servo de Deus demonstrava seu impoluto caráter
e uma convicção tão sincera que o levou a
errar por amor. Certo, porém, é que, desde aquela
manhã de Sábado de 1831, sem dúvida, Deus
o havia usado de maneira poderosa para chamar a atenção
para as Suas profecias, e sacudir e reavivar o mundo. Sob seu
ministério a Igreja Metodista aumentou em 40.000 membros.
A Igreja Batista, em 45.000, e o grupo dele em 50.000 membros.
Apesar de a enfermidade, o cansaço e as injúrias
não permitirem Miller prosseguir na descoberta de toda
a verdade, nunca entendendo perfeitamente a purificação
do santuário, nunca se deleitando na guarda do Sábado,
por outro lado ele agarrou-se às promessas do segundo advento.
A sua lápide leva o texto que tanto significava para ele.
“A visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado...
se tardar, espera-O, porque certamente virá, não
tardará.” Hab. 2:3. – (Adaptação da História
de Guilherme Miller de C. Mervyn Maxwell, da peça: “Eis,
Ele vem...”) Grifos meus.
EIS OS QUE MAIS SE DESTACARAM NO MILERISMO:
Pastor José Marsch – Igreja Cristã
Pastor Erlon Galuscha – Igreja Batista
Pastor Samuel S. Snow – Igreja Congregacional
Pastor Tiago White – Igreja Cristã
Pastor Josué Himes – Primeira Igreja Cristã de Boston
Capitão José Bates – Igreja Congregacional
Pastor Hary Jones – Igreja Congregacional
Pastor Charles Fitch – Primeira Igreja Congregacional Livre de
Boston
Pastor Josias Litch Nova – Igreja Metodista Espiscopal da Inglaterra
Pastor George Storss – Igreja Metodista
Pastor Henry Dana Ward – Igreja Episcopal
Pastor N.N. Whitting – Igreja Batista
RECADO
Este capítulo visou expor suscintamente o surgimento dos
Adventistas do Sétimo Dia, para que todos saibam, de uma
vez por todas, que os Adventistas do Sétimo Dia, muito
menos Ellen G.White, Tiago White, José Bates, etc., nunca
marcaram datas para a volta de Jesus.
Graças a Deus, muitos ministros idôneos, e escritores
dos mais variados ramos protestantes, reconhecem esta verdade.
Gostaria que o irmão Abraão de Almeida, que escreveu
em seu livro – O Sábado, a Lei e a a Graça, pág.
89, que marcamos nove datas para o retorno de Jesus, soubesse
que não falou a verdade!
Portanto, trata-se de uma deslealdade com seus leitores. E seu
prefaciador, irmão Gustavo Kessler, perdão, escorregou
na esparrela do autor.
Houvesse possibilidade, diria também ao Pastor Sebastião
Angélico de Souza, Pastor Antenor Santos de Oliveira, ao
Reverendo Epaminondas Moura, Pastor Rinaldi, Pastor Paulo Romeiro,
Pastor Paulo Pimentel, Dr. Ubaldo Torres de Araújo, Professor
Antonio Gilberto, do Instituto Bíblico Pentecostal, e quiçá,
a tantos outros, que escreveram e escrevem obras “demolidoras”
contra os Adventistas, com profundo desconhecimento de causa;
sim, eu diria: Isso não é bom! Não é
justo! Não é cristão! Perdão!
ORGANIZAÇÃO ADVENTISTA
• Um determinado número de pessoas se juntam para formar
um grupo, e posteriormente uma igreja.
• Uma ou mais igrejas e grupos formam um Distrito Pastoral, que
é o território onde atua o Pastor Distrital.
• Um conjunto de Distritos Pastorais, dentro de uma área
geográfica, forma a Associação ou Missão.
• O conjunto de Associações ou Missões, dentro
de uma determinada área geográfica mais ampla, forma
a União.
• O conjunto de Uniões, dentro de um Continente ou parte
dele, forma uma Divisão.
• E, por fim, as Divisões, que atualmente são em
número de 11, fazem parte integrante da Associação
geral, órgão que lidera a Igreja em todo o mundo,
com sede na capital dos Estados Unidos da América.
Informações extraídas de “Orientações
Para o Novo Membro, pág. 23-24. Federação
Sul da IASD”.
Associação Geral
Divisão
União
Associação ou Missão
Distrito Pastoral
Igreja
Membro