CAPÍTULO 19
QUANDO FOI PARA O CÉU O “BOM” LADRÃO?
“Quando os livros da Bíblia foram escritos, não
existiam nem a divisão das palavras, nem os sinais de pontuação.
Por meados do Século III d.C., Ammonio de Alexandria dividiu
os evangelhos em seções curtas, para comparar as
passagens paralelas ou parecidas.”
“A divisão atual de todos os livros da Bíblia em
capítulos foi feita pelo cardeal Hugo de Sancher, em meados
do Século XIII d.C. O Novo Testamento foi dividido em versículos
no Século IX d.C., por Roberto Estiene, em sua edição
grega desta segunda parte da Bíblia.”
“Deveria ser observado que a vírgula entre as palavras
‘te’ e ‘hoje’ foi intercalada pelos tradutores. O texto grego
original, que não tem pontuação nem divisão
de palavras, diz:
‘amem soi legõ sêmeron met emou esê en tõ
paradisõ’
literalmente:
‘em verdade a-ti Eu digo hoje comigo tu-estarás no paraíso’
“O advérbio sêmeron, ‘hoje’, encontra-se entre os
verbos legô, ‘eu digo’, e esê, ‘tu estarás’,
e pode com propriedade aplicar-se tanto a um como a outro. Sua
posição imediatamente seguinte ao verbo legô,
‘eu digo’, pode implicar numa relação gramatical
mais íntima com este verbo do que com o verbo seguinte,
esê, ‘estarás’. – The Seventh-day Adventist Bible
Commentary.
“E DISSE-LHE JESUS EM VERDADE TE DIGO HOJE
ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO” Lucas 23:43
Este versículo é uma forte base para os irmãos
que admitem o galardão post-mortem. Isto é: Após
a morte.
Como você aceitaria se lhe dissesse que a interpretação
dele depende inteira e exclusivamente de sua pontuação?
– Que acha?
O Novo Testamento foi escrito em grego, e as palavras eram separadas
uma da outra, por um pequeno ponto. Assim sendo, “a colocação
da vírgula dependerá da compreensão do tradutor
quanto ao sentido das palavras originais.”
Portanto, qualquer tradutor, com a maior sinceridade, fará
uma pontuação que coadune com sua fé a respeito.
Por isso que não podemos aceitar tenha Dimas, o ladrão
que foi transformado pela presença de Jesus, ido imediatamente
ao Céu gozar a bem-aventurança, após sua
morte.
A exegese bíblica demonstra cabalmente que o galardão
do justo só lhe será conferido quando do regresso
de Jesus. Com isso concordam os patriarcas, profetas e apóstolos.
Todos de igual modo, esperavam sua recompensa não imediatamente
após a morte, mas quando Jesus voltasse. Há para
confirmar este fato centenas de textos bíblicos; apenas
mencionarei três, para você sedimentar sua fé.
Jó 19: 25-26
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim Se levantará
sobre a Terra; e depois de consumida a minha pele, ainda em minha
carne verei a Deus.” (Jó tinha absoluta certeza que seria
recompensado, galardoado, na vinda de Jesus).
Salmo 17: 15
“Quanto a mim, contemplarei a Tua face na justiça; satisfar-me-ei
da Tua semelhança quando acordar.” (Davi, o amado de Deus,
esperava seu galardão quando acordasse, isto é,
na ressurreição, e essa só se dará
na volta de Jesus).
II Timóteo 4: 8
“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada,
a qual o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não
somente a mim, mas também a todos que amarem a Sua vinda.”
Vinda de quem informa Paulo? Lógico: Do Senhor Jesus!
Nero, o maldoso imperador romano, em breve tiraria a vida do apóstolo
dos gentios, mas lá no fundo de seu coração,
jogado numa prisão fria e subterrânea, sua fé
era a esperança sempre viva dos demais apóstolos.
Recompensa? – Sim! Galardão? – Também! Mas somente
“naquele dia”, ou seja, na volta de Jesus.
A pontuação silábica é tão
importante em qualquer escrito, que, apenas uma vírgula,
um dos menores sinais gráficos, pode causar ou evitar uma
morte, acabar ou criar uma guerra, separar ou juntar amigos. Para
você compreender, veja estas duas experiências, anote
no coração e se alegre no Senhor Jesus.
A imperatriz da Rússia, trocando apenas uma vírgula,
salvou um prisioneiro do exílio. A mensagem que recebeu,
dizia assim:
“Perdão impossível, enviar para a Sibéria.”
Com muito tato e cuidado, ela transferiu a vírgula para
outro lugar, e a ordem passou a ser:
“Perdão, impossível enviar para a Sibéria.”
Houve uma rebelião em determinada cidade, e o governante
comunicou a revolta ao seu superior, dizendo: “Devo fazer fogo
ou poupar a cidade?” A resposta do superior foi:
“Fogo não, poupe a cidade.”
Lamentavelmente, o funcionário do Correio trocou a vírgula
e escreveu no telegrama de resposta:
“Fogo, não poupe a cidade.”
A cidade foi arrasada.
(Pontuação na escrita, págs. 16-17, grifos
e itálicos meus).
Lucas 24:6 – “Não está aqui, mas ressucitou...”
Meu irmão, como você gostaria fosse traduzido o texto
de São Lucas 24:6, que fala da ressurreição
de Jesus. Observe:
assim – “Ressuscitou! não está aqui.”
ou assim – “Ressuscitou? Não! Está aqui.”
Portanto, tem lógica o fato de que uma vírgula colocada
fora de lugar poderá mudar o sentido do texto ou de uma
frase, com resultados funestos. Inda mais, quando já se
tem a crença vertida para a recompensa após a morte.
Irmão, se quando a pessoa morre, sendo boa vai para o Céu,
gozar as delícias do paraíso e, sendo má,
vai queimar-se eternamente no fogo, imediatamente após
a morte, que valor tem a pregação do evangelho sobre
a volta de Jesus? Que proveito terá o juízo de que
fala a Bíblia? E qual a finalidade da ressurreição,
que é doutrina básica de todas as igrejas protestantes?
Diante disso, é mister que se dê atenção
mais acurada ao problema, senão teremos um amontoado de
contradições na Bíblia, o que é inconcebível,
não é?.
Lucas 23: 43, como se disse, é questão pessoal de
tradução. Por conseguinte, é vital que atentemos
para o pedido do ladrão, antes da resposta dada por Jesus.
A versão Almeida, edição revista e corrigida,
menciona este pedido de Dimas:
Lucas 23:42
“...Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no Teu reino.”
Por outro lado, “boas traduções rezam que o ladrão
pediu a Jesus que se lembrasse dele, ‘quando VIERES no Teu reino’.
Assim, por exemplo, fazem Matos Soares, a Trinitariana, a Versão
Italiana de G. Deodatti, a Francesa L. Segond, a Inglesa de King
James, e outras.” – Subt. do Erro, A. B. Christianini, pág.
221, grifos meus.
É mais racional admitir que a tradução correta
seja: “quando vieres no Teu reino”, e não “quando entrares
no Teu reino”, porque a comprovação escriturística,
insofismável, é de que os salvos só entrarão
no Reino quando Cristo voltar, pelos versos já mencionados
e agora nas palavras cristalinas do evangelista:
Mateus 25:31-34
“E quando o Filho do Homem vier em Sua glória e todos os
santos anjos com Ele, então Se assentará no trono
da Sua glória; e todas as nações serão
reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros, como o
pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à
Sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá
aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu
Pai, possuí por herança o Reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo.”
Por conseguinte, somente nessa ocasião o ladrão
irá ao paraíso, e não somente ele, mas como
disse Paulo: “Todos os que amarem a Sua vinda”. Eu, você,
nossos queridos falecidos que ressuscitarão nesse dia.
Aleluia!
Caro irmão, penso que esteja tudo claro, porém como
temos feito nestes estudos, é bom deixar que a Bíblia
fale poderosamente, esse deve ser o nosso costume. Particularmente
creio tenha ocorrido uma impropriedade de tradução
em Lucas 23:43, pois caso contrário teríamos uma
tremenda contradição, porque a Bíblia diz
que JESUS NÃO SUBIU AO CÉU NAQUELE DIA! Você sabia? Sim, não se espante. Há
provas. A Escritura Sagrada é clara: Três dias depois
da Sua morte, Jesus disse a Maria Madalena:
João 20: 17 (Matos Soares)
“Não Me toques, porque ainda não subi para Meu Pai...”
Ora, se o Senhor afirmou que não subiu três dias
depois de morto, quem poderá dizer o contrário?
Por isso não é correto aceitar tenha Jesus prometido
estar com o ladrão naquele dia, isto é, o de Sua
morte, no paraíso! Ou será que o paraíso
é na sepultura? É lógico que a vírgula
foi mal colocada, não acha?
Fica claro então, comprovado pelas Escrituras Sagradas
que o único lugar para onde Jesus pode ter ido quando morreu,
foi a sepultura, e ali descansou, repousando no Sábado,
de Sua obra de redenção, semelhante ao que fizera
no Sábado da criação.
Volvo meus pensamentos para o irmão agora; talvez você
já creia nesta grande verdade, mas... se ainda duvida,
permita-me dizer-lhe com todo amor, respeito e zelo:
O LADRÃO NÃO MORREU NAQUELE DIA EM QUE FIZERA
SUA DRAMÁTICA SÚPLICA A JESUS.
Por conseguinte, como iria ao paraíso?
A Bíblia confirmará esta palavra, pois ela é
a nossa regra de fé, somente. Mas para isso, teremos que
ser humildes ao analisar as últimas cenas do Calvário:
João 19:31-33
“Os judeus pois, para que no Sábado não ficassem
os corpos na cruz, visto que era a preparação (pois
era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram pois os soldados,
e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que
com Ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo-O já
morto, não lhe quebraram as pernas.”
Compreendeu?
Quebrar as pernas dos crucificados (“castigo do crucifragium”)
é a maior prova de que eles normalmente não morriam
no mesmo dia, e, quando se tratasse de uma pessoa robusta, durava,
na cruz, até sete dias, em seu martírio.
A respeito diz o comentarista bíblico, não Adventista,
J.B. Howell:
“O crucificado permanecia dependurado na cruz até que,
exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e sede, sobreviesse
a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e
às vezes sete.” – Grifos meus.
Agora, veja você, caro irmão: se foi imperioso quebrar
as pernas dos malfeitores no pôr-do-Sol de sexta-feira,
que era o dia de preparação para o Sábado,
é lógico, foi preciso porque eles não haviam
morrido ainda. Mas, note bem, Jesus morrera. Evidente que os dois
ladrões não foram supliciados como foi o Mestre.
Não receberam as chicotadas, os bofetões, nem passaram
pela agonia do Getsêmani, não foram furados com as
lanças dos soldados, nem tiveram o coração
partido pelos pecados do mundo, nem foram pregados, mas, amarrados
tão somente; por isso é que ainda permaneciam vivos
enquanto Jesus já havia morrido.
Se Dimas não fosse robusto de físico, forte, vigoroso
bastante para permanecer sete dias dependurado na cruz, ou quem
sabe, 5, 4, 3 dias, uma coisa é certa, em última
análise, na pior das hipóteses, ele teve mais um
dia de vida que Jesus. Então pergunto-lhe: COMO
PODIA ESTAR DIMAS COM JESUS NO PARAÍSO NO MESMO DIA,
estando Jesus morto e ele vivo?
Sim, irmão, houve um lapso na colocação da
vírgula. Consequentemente, o texto correto de Lucas 23:43,
no bom português é:
“...Em verdade te digo HOJE (dois pontos) estarás Comigo
no paraíso.”
Ou: “...Te afirmo agora:
Ou seja, quando Jesus voltar e disser:
Mateus 25: 34
“Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança
o reino que vos está preparado desde a fundação
do mundo.”
Portanto, não é preciso consultar hermeneutas, exegetas,
nem o grego ou o aramaico, basta estudar a santa Bíblia,
comparando texto com texto, e o Espírito Santo esclarecerá
a verdade para o coração sincero.
Finalizando, minha oração por você, amado
irmão, são estas palavras de Jesus:
Mateus 11: 25
“...graças Te dou, ó Pai, que ocultastes estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos.”
Glória a Deus!