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EM
BUSCA DO CÁLICE SAGRADO
Pr. Vanderman
"Gerações de crianças, ouvindo as
aventuras do rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda,
têm ficado sabendo da maior das buscas: A procura do cálice
sagrado.
Esta é
uma lenda que realmente nos atrai. Um dos filmes mais famosos
dos anos 80, "Indiana Jones e a Última Cruzada",
mostra o herói em perseguição a esse mesmo
cálice sagrado, competindo com impiedosos nazistas pelo
prêmio. O que é ou era afinal, esse cálice
sagrado? De que modo está ligado à vida de Cristo?
O cálice alguma vez realizou milagres? Será que
iremos algum dia encontrá-lo?
Cavaleiros
em armaduras brilhantes, como Sir Percival e Sir Calahad, partem
para encontrá-lo, ou morrem tentando. Durante as cruzadas,
um soldado de Gênova chamado Guglielmo afirmou tê-lo
descoberto em Cesaréia. E bem mais recentemente, Indiana
Jones, o extraordinário arqueólogo dos filmes
de Steven Spielberg, lutou para entrar numa caverna misteriosa
e teve que escolher o cálice verdadeiro entre uma porção
de imitações. O cálice sagrado... possui
uma mística incrível, uma incrível força
de atração através dos tempos. O que é
exatamente esse objeto supostamente milagroso? Existe alguma
verdade por trás de todas estas lendas?
Tradicionalmente,
fala-se ter sido o cálice que Cristo usou na Santa Ceia
quando disse: "Bebei, este é Meu sangue" no
novo testamento não existe nenhum registro cristão
primitivo descrevendo este cálice ou dizendo alguma coisa
sobre o que teria acontecido com ele. As notáveis histórias
simplesmente começaram a circular.
O novo testamento
fala muitas vezes sobre o sangue de Cristo, seu significado
e poder. Pessoas piedosas ansiaram ter algum contato físico
com esse sangue sagrado. O primeiro elo na lenda do cálice
sagrado é José de Arimatéia. Ele é
mencionado brevemente nos evangelhos como um discípulo
rico, que pediu a Pilatos o corpo de Cristo após a crucificação.
José envolveu o Salvador em lençóis de
linho e O colocou num túmulo. Essa é a última
menção deste homem nas Escrituras. Mas em escritos
posteriores, tal como, o "Evangelho de Nicodemos"
enfeitaram a história.
José
de Arimatéia, dizia-se, haver tomado posse do vaso, o
cálice sagrado. Ele foi aprisionado, e depois, miraculosamente
libertado. Mais tarde, ele viajou para o Ocidente com seu precioso
artefato, chegando à Inglaterra e morrendo em Glastonbury.
Outras lendas variam a história.
Em algumas,
o vaso sagrado não é o cálice usado na
Santa Ceia, mas uma terrina na qual José recolheu o sangue
que vertia do lado de Cristo, quando Ele foi ferido pela lança
do centurião. De qualquer modo, a Abadia de Glastonbury
incentivou as lendas e tornou-se o centro de um culto ao cálice
sagrado.
Durante
muitos anos, peregrinos viajaram para lá, para se aproximarem
do cálice sagrado que havia estado próximo do
sangue sagrado. Mas outros lugares fizeram reivindicações
similares através dos tempos. Alguns estudiosos viram
uma ligação entre muitas histórias de cálices
e uma seita chamada Albigenses.
No século
13, essas pessoas fugiram sob perseguição para
as montanhas dos Pirineus, no sul da França. Livros têm
sido escritos afirmando que o cálice sagrado era uma
relíquia dos Albigenses e que o próprio cálice
continua escondido em alguma caverna Pirinéia. Um grupo
francês, próximo de onde os Albigenses viveram,
ainda mantém viva essa crença.
Houve também
Guglielmo de Gênova. Ele navegou até a Terra Santa
com um exército nas cruzadas em 1099 e participou da
captura de Jerusalém. Quando estava em Cesaréia,
ele conseguiu adquirir um brilhante cálice de esmeralda
que acreditava ser o cálice sagrado. Algum tempo depois
se descobriu que o cálice era feito de vidro comum.
Pelo menos
três lugares afirmaram possuir o cálice sagrado:
Glastonbury na Inglaterra, as montanhas do Pirineus na França
e Gênova na Itália. É claro que não
existem provas para apoiar quaisquer dessas afirmações.
Mas a mística do cálice sagrado é tão
forte que as pessoas querem acreditar; elas anseiam ter algum
contato físico com o sangue sagrado e assim fazem peregrinações
a estes locais.
Para entender
o apelo do cálice sagrado, é útil ver como
o novo testamento fala sobre o sangue de Cristo, e como o próprio
Salvador apresentou o Seu sacrifício. O sangue realiza
mágica? Existe alguma base no novo testamento para o
culto ao cálice? Isto pode surpreender algumas pessoas,
mas as Escrituras falam do sangue de Cristo realizando maravilhas.
O escritor
de Hebreus nos fala que o sangue de Cristo "... Purificará
a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao
Deus vivo"! Em seguida, o apóstolo João nos
assegura que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado.
Pedro proclama que o precioso sangue de Cristo pode nos redimir
de um modo de vida vazio, e o apóstolo Paulo escreve
que o sangue de Cristo pode aproximar de Deus os alienados e
afastados dEle. Estes são de fato milagres e maravilhas.
O sangue
de Cristo é realmente poderoso. Quando os escritores
do novo testamento falam deste sangue, estão, é
claro, se referindo à morte sacrifical de Cristo na cruz.
Ele tomando os pecados do mundo e morrendo em nosso lugar, é
isso que quer dizer. Nas Escrituras, o sangue é identificado
como vida. Assim, quando ouvimos a respeito do sangue de Cristo
derramado por nós, estamos sendo informados sobre a vida
de Cristo dada por nós; o Salvador morrendo em nosso
lugar.
O sacrifício
de Cristo, o sangue de Cristo, de fato, opera maravilhas. A
questão é, como entramos em contato com este poder?
Como nos aproximamos da mágica?
Bem, é
interessante notar que existe uma outra palavra que é
usada de um modo bastante similar ao sangue no novo testamento.
Essa palavra é "fé".
Você
sabia que muitas das coisas que se diz que o sangue faz, a fé
também realiza? A fé forma uma parceria com ele.
Por exemplo, ao lado da famosa frase, "redimido pelo sangue",
coloque a declaração "Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé..." (Efésios
2:8)
Redimido
pela fé. Sim. E salvo através da fé. Somos
purificados pelo sangue? Mas somos justificados pela fé.
Paulo destaca com ansiedade. Somos levados para perto de Deus
pelo sangue? Também recebemos a justificação
de Deus pela fé. Somos redimidos de um modo de vida vazio
pelo sangue? Também recebemos a promessa do Espírito
pela fé, vida pela fé, caminhar pela fé,
e superar pela fé. A fé e o sangue de Cristo vão
de mãos dadas. Por quê? Porque a fé só
tem valor quando está focalizada em Cristo, especificamente
em Seu sacrifício por nós. E o sangue de Cristo,
a vida de Cristo, torna-se eficazes para nós, nos salvam
e nos dão poder, somente se colocarmos nossa fé
nEle. É simples assim.
É
pela fé que nos aproximamos do sangue de Cristo. É
como tocarmos no cálice sagrado, se assim preferem. E
os escritores do novo testamento se esforçam para mostrar
que este contato com a maravilha do sangue de Cristo é
acessível a todos.
No capítulo
10 do livro de Romanos, o apóstolo Paulo lida com aqueles
que pensam que a salvação é impossível
de se obter. E o apóstolo diz que você não
tem que subir ao Céu para obtê-la e nem tem que
descer às profundezas em sua busca.
Ó
amigo, como encontramos a salvação? Paulo nos
responde: "A palavra está perto de ti, na tua boca
e no teu coração; isto é, a palavra da
fé que pregamos. Se com a tua boca confessares a Jesus
como Senhor, e em teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo". (Romanos
10:8 e 9)
A salvação
está perto de nós. Tão perto quanto o nome
de Jesus em nosso lábio, tão perto quanto o Senhor
em nosso coração. Longas e difíceis peregrinações
não são necessárias. Não temos que
viajar até Glastonbury ou Gênova ou para alguma
caverna nas montanhas da França para alcançar
o cálice sagrado. Está logo ali. Tão próximo
de nós quanto a mesa do jantar.
Você
sabia que Jesus nos deixou um serviço memorial para nos
mostrar quão perto sua salvação está
de nós? É um serviço tão simples
quanto o jantar diário que uma família participa
junto. Sim. A Santa Ceia.
Você
se lembra que os discípulos estavam reunidos em um cenáculo
em Jerusalém para celebrar a páscoa? Jesus sabia
que Seus inimigos estavam se aproximando para pegá-lo.
Ele breve se separaria dos doze. Sua crucificação
seria uma terrível provação para eles,
pondo em cheque a fé dos mesmos. Como poderia Jesus assegurar
a esses homens que Ele ainda estava com eles em Espírito?
Como Ele poderia ajudá-los a transformar sua fé
em algo visível, tangível? Como poderia assegurar
a eles que o grande mistério do Seu sacrifício
poderia ser recebido tão clara e simplesmente como um
pedaço de pão... da mão para a boca? Como?
Erguendo-se
diante deles, partindo um pão, distribuindo-o, e dizendo:
"Tomai e comei, este é Meu corpo, partido por vós".
Em seguida, passando por todos um cálice de vinho e dizendo:
"Bebei dele todos, este é o Meu sangue derramado
por muitos". Esta é a Santa Ceia, esta é
a maneira de Cristo dizer aos seus seguidores: "Ainda estou
com vocês; estou bem perto, tão perto quanto o
pão e a bebida em sua mesa".
Lucas escreve
que, no cenáculo, Jesus disse aos discípulos:
"Fazei isto em memória de Mim". O apóstolo
Paulo escreve a mesma coisa em primeira aos Coríntios,
citando as palavras do Salvador: "Bebam em memória
de mim". O serviço da comunhão é um
modo de lembrar de Cristo, de fazer um memorial de Seu sacrifício,
ou como Paulo diz, de "Proclamar a morte do Senhor até
a sua vinda". E o que lembramos quando erguemos o pão
e o cálice até nossos lábios? Lembramos
quão próxima a salvação se tornou.
Jesus traz Seu sacrifício diante de nossos olhos; Ele
o coloca em nossas mãos por assim dizer. A que distância?
Lembre-se das palavras de Paulo: "Está tão
próxima quanto a palavra da fé em nossos lábios,
tão próxima quanto a resposta da fé em
nosso coração".
Pessoas
têm percorrido distâncias em busca do que crêem
ser o cálice sagrado. Elas têm feito longas viagens
para ver e talvez tocar nessa grande relíquia. Algumas
têm perdido a vida nessa busca. De certo modo, a busca
do cálice sagrado é uma das maiores ironias da
história: as pessoas vão aos confins da Terra
para encontrar o que Jesus tanto se esforçou para colocar
na mesa da Ceia.
Pessoas
embarcam em perigosas peregrinações para se aproximarem
do que elas poderiam achar em qualquer serviço de comunhão.
Não se engane quanto a isto. Existe poder no sangue de
Cristo, poder sobrenatural, mas não há nenhuma
mágica a descobrir no canto escuro de uma caverna, ou
em algum túmulo distante. Descobrimos que ele é
realidade no coração humano. O sangue de Cristo
faz seu grande impacto quando unido à fé.
Em uma de
suas grandes viagens missionárias pelo território
da Inglaterra, John Wesley viajava por Hounslow Heath bem tarde
da noite. Ele assustou-se com uma voz zangada gritando:
- Alto!
Um homem
segurou o cavalo pelas rédeas e ordenou:
- Seu dinheiro
ou sua vida!
Wesley esvaziou
os bolsos. O ladrão não ficou satisfeito com as
poucas moedas que conseguiu. Wesley convidou o homem para verificar
suas bolsas de cela. Elas estavam cheias de livros cristãos.
Desapontado, o ladrão virou-se para fugir, quando Wesley
gritou:
- Pare!
Eu tenho mais uma coisa para lhe dar.
O homem
voltou e Wesley inclinou-se. "Meu amigo", ele disse
de modo solene, "talvez viva a tempo de se arrepender desse
tipo de vida... se fizer isso, eu suplico que se lembre disto:
"O sangue de Jesus Cristo, o filho de Deus, nos purifica
de todo pecado". O ladrão fugiu apressado sem falar
e Wesley seguiu viagem, orando para que as poucas palavras que
havia dito pudessem alcançar a consciência do homem.
Anos depois, Wesley realizava um culto num domingo à
noite em um grande edifício. Quando a reunião
terminou e a multidão começou a sair, muitas pessoas
ficaram perto das portas para ver o famoso Wesley, agora idoso
e grisalho. Um homem forçou passagem através do
grupo em direção a ele, dizendo que tinha que
falar com o senhor Wesley. Finalmente ele pôde se apresentar.
Ele era aquele ladrão que havia tirado algumas moedas
do evangelista em Hounslow Heath. Ele disse que agora era um
respeitado mercador na cidade, e melhor ainda, era um filho
de Deus. As palavras ditas naquela noite a tanto tempo atrás,
tinham sido usadas por Deus para levá-lo à conversão.
O ex-ladrão tomou impulsivamente a mão de Wesley
e a beijou com respeito e afeto. Numa voz repleta de emoção,
ele disse:
- A você,
caro senhor, eu devo tudo.
Wesley replicou
suavemente:
- Não,
meu amigo, a mim não, mas ao precioso sangue de Cristo
que nos purifica de todo pecado.
Aquele ladrão
havia encontrado o cálice sagrado. Não estava
escondido como uma relíquia em algum túmulo exótico.
Estava bem à mão o tempo todo... naquelas poucas
palavras ditas sobre o que o sangue de Jesus pode fazer. O cálice
estava bem próximo, tão perto quanto a confissão
nos lábios do homem; tão perto quanto a fé
em seu coração.
Como já
disse, a lendária busca do cálice sagrado é
bem irônica em certo sentido. Mas existe um sentido no
qual essas histórias refletem uma verdade muito importante.
Tome, por exemplo, as lendas associadas com o rei Arthur e os
cavaleiros da távola redonda. Aqui, a busca do cálice
sagrado se tornou a maior das aventuras dos cavaleiros. Após
terem uma visão do cálice passando diante deles,
todos os cavaleiros do rei Arthur saíram em busca do
verdadeiro. Em suas várias aventuras ao longo da história,
muitas se desviaram. Lionel foi tomado de uma fúria assassina,
e a certa altura, quase matou seu próprio irmão.
Gauvain tinha uma fraqueza por mulheres. Outros chegaram mais
próximos do prêmio. A grande busca de Sir Lancelot
transformou-se num épico em si mesma. A história
da busca do cálice de Sir Percival tornou-se uma fábula
de tentação com muito envolvimento, pecado, arrependimento
e restauração. Mas o cavaleiro que finalmente
descobriu o cálice sagrado em toda a sua glória
foi Sir Galahad, o puro e nobre ideal da cavalaria e do romance
religioso.
Ao encontrar
a relíquia, ele experimentou uma incrível visão
de Deus... e morreu em êxtase. Na verdade, estas são
apenas lendas românticas. Mas existe uma verdade que estas
histórias refletem. A procura do cálice sagrado
é a maior busca da humanidade; não existe uma
aventura maior nesta vida; não existe um tesouro mais
rico que este para se procurar... o cálice que Cristo
nos oferece. Ele vale o sacrifício de tudo. Ele vale
a entrega de nossa vida. Não ousemos desprezar este presente
porque Deus o trouxe tão perto de nós. Não
ousemos trivializa-lo porque ele está tão perto
quanto uma palavra de fé em nossos lábios. Ele
ainda é o santo, o poderoso sangue de Jesus Cristo. Ainda
é imensurável um caro sacrifício.
Você
continuará procurando bem distante o cálice sagrado?
Ou você o dispensou por estar tão próximo,
tão familiar? Em qualquer um dos casos, eu oro para que
você, a partir deste momento, aceite o precioso dom da
salvação através do sangue, do sacrifício
do filho de Deus. Ele está muito próximo. Se confesse
agora mesmo. Deposite a sua confiança neste Salvador
que tanto lutou para trazer a salvação até
aqui em nossas mãos na mesa da Ceia. Aqui junto a nós,
simbolizada pelo pão e o cálice da comunhão
Cristo a tornou muito acessível. Basta que aceitemos.
ORAÇÃO Pai
nosso, chegamos a Ti como seres humanos pecadores que precisam
de ajuda. Temos estado em constantes buscas que não nos
levam a lugar algum. E agora queremos fixar nossos olhos, nossa
fé, somente no dom da salvação em Jesus
Cristo. Obrigado por morreres por nós perdoando assim
os nossos pecados. Obrigado por viveres por nós como
Redentor e Rei. Aceitamos esse sangue que nos purifica e colocamos
a nossa fé em Ti. Amém. |